UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

sábado, 17 de setembro de 2011

Saúde da População Negra










O perigo que nos ronda
Às vezes somos surpreendidos por descobertas que se destacam nas ciências da saúde, principalmente nos últimos 50 anos. tratamentos que possibilitam maior qualidade de vida para quem sofre de doenças até consideradas incuráveis

SEMPRE SE QUESTIONOU SE EXISTE REALMENTE MAIOR INCIDÊNCIA DE CERTAS DOENÇAS ENTRE OS NEGROS. Males como anemia falciforme, aneurisma da aorta, câncer de próstata, diabetes, hipertensão, glaucoma e miomas – as quais, diferentemente da AIDS, são consideradas hereditárias – têm sido bastante discutidos na área médica. A questão dá margem ao debate da relação entre “raça” e doença. Mas, será que faz sentido falar em “doenças raciais”? O estudo do seqüenciamento do genona humano já permitiu chegar aos halotipos (os fatores que levam cada indivíduo a ter predisposição genética), que poderão ajudar a desvendar os genes responsáveis por várias doenças. O que existe de novo nos tratamentos desses males ditos raciais?

GLAUCOMA
O glaucoma representa uma das principais causas de cegueira irreversível no mundo. É uma doença causada pelo aumento da pressão ocular que pode resultar em danos irrecuperáveis ao nervo óptico, levando à perda lenta e progressiva da visão. Esse mal pode ser detectado somente por um exame oftalmológico cuidadoso, em que o especialista mede a pressão intraocular e o exame do fundo de olho. Pessoas da raça negra têm maior predisposição (quatro vezes mais) de serem afetadas pelo glaucoma em relação às da raça branca. No mundo todo, inúmeras pesquisas estão sendo realizadas para esclarecer quais são as verdadeiras causas do glaucoma, melhorar os meios para se chegar aos diagnósticos e tornar o tratamento eficaz e mais fácil. Uma companhia de Taiwan desenvolveu com sucesso uma recente invenção – a Matriz Colágeno, que aumenta significativamente o índice de sucesso para cirurgia não apenas de glaucoma, mas de outras operações oftálmicas. O Implante de Matriz Colágeno OculusGen (R) foi aprovado por quatro hospitais universitários, tanto em Taiwan como na China. Na maioria dos casos o glaucoma progride lentamente sem que o paciente perceba a perda gradual da visão lateral. Em algumas raras ocorrências os sintomas oculares são bem definidos, como, por exemplo, dor nos olhos ou ao redor deles à alteração da visão, como halos coloridos. O risco de contrair glaucoma aumenta com a idade, e é mais comum após os 40 anos. Além disso, pessoas com casos de glaucoma na família estão mais propensas a contrair a doença, por isso têm de ser examinadas periodicamente pelo oftalmologista.

DOENÇA FALCIFORME
Antigamente era considerada doença fatal, e os pacientes morriam antes de completar 30 anos. Isso ocorria por causa de infecções, insufi ciência renal e cardíaca e trombose. Considerada um “erro celular”, a anemia falciforme é uma doença que no futuro poderá ser combatida com a tecnologia desenvolvida a partir da Biologia Molecular, conhecida como siclemia ou sicklemia, e foi descoberta em 1904 por um
médico americano, ao atender um estudante negro com fraquezas e dores de cabeça. Ao examinar uma amostra de sangue do paciente, ele percebeu que as células vermelhas estavam diminuídas pela metade, e que havia grande número de corpúsculos fi nos, alongados e em forma de foice. O portador do traço genético falciforme nem sempre desenvolve a doença, para que isso aconteça é preciso que o pai e a mãe apresentem o problema. Os glóbulos vermelhos que contêm a hemoglobina também sofrem mutação e adotam a forma de foice, por isso o nome anemia “falciforme”. Esse mal faz os glóbulos vermelhos perderem a elasticidade, causando microenfartos em diversas partes do corpo. Uma provável mutação genética que aconteceu na África há milhões de anos pode ser a causa desse tipo de anemia. A freqüência é maior entre os negros, e atinge 4 em cada 1.000 indivíduos no mundo. Parece pouco, mas em certas regiões da África a presença do gene pode chegar a 40% da população negra; nos EUA e em Cuba, a média de vida das pessoas que sofrem desse mal é de 56 anos. No Brasil o gene dessa anemia afeta 6% da população brasileira, ou pouco mais de 11 milhões de pessoas, e a média de vida oscila entre 18 e 21 anos, mas é alta a taxa de mortalidade de crianças falcêmicas menores de 5 anos. Considerando-se negros e pardos, o índice sobe para 10% – 8 milhões de pessoas. Mas foi da África que chegou o primeiro remédio: Jérôme Fagla Médégan, médico de Benin, descobriu uma fórmula que permite prevenir a doença. O VK 500 permitiria aos glóbulos vermelhos recuperarem a forma original e salvar perto de 200 mil africanos que nascem, por ano, com esse mal. O remédio à base de plantas só foi utilizado in vitro. Até então se usava analgésicos, transfusões de sangue regulares, que não atacavam o problema na raiz. A produção do remédio logo será iniciada: um laboratório na França aceitou produzilo depois que o Instituto Francês de Propriedade Industrial concedeu a Fagla Médégan a patente pela descoberta. A prevenção no tratamento dessa anemia é fundamental.

MIOMAS
Estudos com mulheres negras e brancas revelaram a prevalência de miomas em 41,6% das mulheres negras. Muito confundido com o cisto, um não é sinônimo do outro. O cisto, que lembra uma bexiga cheia de líquido, se localiza no ovário, enquanto o mioma é um tumor sólido que ocorre no útero. Já existe no Brasil um método sem cortes que usa o calor para eliminar esses tumores benignos que surgem no útero de metade das mulheres brasileiras em idade fértil. O Hospital Barra D’Or, no Rio de Janeiro, colocará em funcionamento o primeiro equipamento que combate o problema com ondas de calor e sem cortes cirúrgicos. A técnica associa um aparelho de ultra-som, que dispara ondas de alta freqüência, a outro de ressonância magnética, que fornece imagens do interior do útero para guiar a aplicação a pontos específi cos dos miomas. O procedimento aumenta a temperatura nos tecidos que formam o tumor a cerca de 100 graus, levando-o à destruição. Desde 2005, a FDA, agência americana que regulamenta procedimentos de saúde, estuda a utilização desse tratamento para outros tumores, como câncer de próstata.


CANCÊR DE PROSTATA
Se o câncer de mama ou do colo do útero é o terror das mulheres, a contrapartida para o sexo oposto está no não menos temido câncer de próstata que tem relação direta com a idade, quantidade de testosterona, hereditariedade, raça, alimentação e país de origem. Os homens negros têm maior predisposição genética para desenvolver câncer de próstata. Nos Estados Unidos, demonstrouse que as chances de um negro ter câncer de próstata são duas vezes maiores que a de um branco. No Brasil, em estudo com 470 homens, o especialista na área, dr. Edson Paschoalin, professor da Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública, de Feira de Santana (BA), verifi cou que os negros tinham nove vezes mais chances de contrair esse tipo de doença. A Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Paraná e a Sociedade Brasileira de Urologia já pesquisam um remédio à base de isofl avona de soja, para o tratamento e a prevenção desse câncer. O remédio já está em fase de produção no Brasil. Estudos recentes indicam que os fermentados de soja têm um tipo de isofl avona mais efi ciente do que as encontradas em grãos. Com base nisso, a Unicamp desenvolveu um processo de fermentação, patenteado pela Steviafarma. A previsão de lançamento é de dois a três anos. Está envolvido no projeto um grupo de 24 pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá e da Steviafarma. Os núcleos de Saúde e prevenção afi rmam que a maioria dos homens desconhece onde está localizada a próstata e qual a sua importância. Tudo o que escutam sobre o assunto basta para afastá-los do exame de prevenção. Mas um dos grandes riscos do câncer de próstata está no fato de a doença não apresentar sintomas na fase inicial, justo quando há chances de curas. Hoje, com o diagnóstico precoce, esse mal pode ser tratado com cirurgia ou com radioterapia. Para identifi cá-lo, além do toque retal, os urologistas submetem os pacientes à coleta de sangue, para que o PSA, substância produzida pela próstata, seja dosado. Em caso de suspeita, é feita uma biópsia, procedimento no qual se colhe uma amostra, de tecido ou células, para posterior estudo em laboratório.


HIPERTENSÃO ARTERIAL
A Hipertensão Arterial Essencial (HAE) e os fatores de risco cardiovasculares têm um elevado índice na população, e é mais freqüente em indivíduos de etnia negra. Com alguns sintomas graves e outros imperceptíveis, muitas pessoas que não sabem que estão com a doença permanecem assim por vários anos. Já quando sinais e sintomas específi cos aparecem, em geral, revelam uma lesão extensa e grave do sistema vascular (que inclui o coração, as artérias e veias), causando infartos e dores no peito, além de, às vezes, sobrecarregar ainda os rins. Elevações ocasionais da pressã
o também podem ocorrer com exercícios físicos, nervosismo, drogas, alimentos, fumo, álcool. Cerca de 40% de casos de ataque do coração e 50% de casos de infarto ocorrem entre 6 horas e meio-dia. Um estudo mostrado no último encontro da Sociedade Européia de Hipertensão defi ne que a substância telmisartana oferece proteção durante a manhã, quando é maior a elevação da pressão arterial, responsável pelo aumento nos riscos de ataques do coração e infartos.


DIABETES
Provocada pela defi ciência de produção e/ou de ação da insulina, a doença leva a sintomas agudos e a complicações crônicaste. O distúrbio envolve o metabolismo da glicose, das gorduras e das proteínas e tem graves conseqüências. Hoje se constitui em problema de saúde pública pelo número de pessoas que apresentam esse mal, principalmente, no Brasil. Os tipos conhecidos da doença são Mellitus tipo I: destruição da célula beta do pâncreas, com a defi ciência absoluta de insulina; Mellitus tipo II: causado
por um estado de resistência à ação da insulina associada à relativa defi ciência de sua secreção; a Gestacional: a doença é diagnosticada na gestação, em paciente sem aumento prévio da glicose. Mas há outras formas de Diabetes Mellitus quando há as desordens genéticas: infecções, doenças pancreáticas, por uso de remédios ou drogas. O Brasil se dedica ao estudo do diabetes, ao controle e às pesquisas. Um estudo relacionado à mudança de hábitos, à reeducação alimentar e aos exercícios físicos constatou que o nível de açúcar no sangue abaixa e assim a pressão arterial e o colesterol também fi cam controlados. Esses fatores permitem a prevenção de possíveis complicações da doença, por exemplo, a do tipo 2: infarto do miocárdio e outros males coronarianos. O National Institute of Health (NIH), em Maryland, nos EUA, liberou 2,1 milhões de dólares para ser usados por uma equipe da Universidade do Texas, em Austin (EUA), para desenvolver uma cápsula oral de insulina que substituirá as injeções diárias. Espera-se que esteja no mercado em cinco anos.


SERÁ QUE A RAÇA É A CULPADA?
De acordo com a professora Silviene Fabiana de Oliveira, do Departamento
de Genética e Morfologia da Universidade de Brasília, “as pessoas acham necessário classifi car todas as coisas e utilizam essa palavra de forma simplista”, ressaltando ainda que os indivíduos não devessem nem mesmo ser classifi cados em raças, citando também o erro de, rotineiramente, ser feita a afi rmação de que alguns têm predisposição para adquirir alguma doença por conta da cor de pele. Igualmente para a genética de populações não faz sentido falar em doenças “raciais” porque “o uso médico de distinções raciais tende a perpetuar racionalizações pseudocientífi cas de diferenças entre grupos humanos. Certamente há diferenças distintas de saúde entre as ditas categorias ‘raciais’, mas isso tem muito menos a ver com genética do que com diferenças culturais, de dieta, status social, acesso aos cuidados médicos, à marginalização social, discriminação, estresse e outros fatores. Alguns médicos defendem que o conceito de raça seja banido da medicina brasileira. Enquanto a discussão acontece em nível intelectual, as novas descobertas científi cas podem ser a esperança para algumas das doenças ditas “características” da raça negra.




fonte: POR SONIA NASCIMENTO/ ILUSTRAÇÃO SÍLVIO/REVISTA RAÇA BRASIL/unegro-Volta Redonda



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