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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A história do carnaval brasileiro 4ª parte:"Porta-Bandeira e Mestre-Sala"


Sabe-se que essa tradição foi herdada dos antigos ranchos, que possuíam os famosos balizas e porta-estandartes, encarregados de defenderem o símbolo da associação. Nas primeiras escolas, que muitas influências receberam das manifestações populares que as antecederam, como os ranchos, grandes sociedades, cordões etc., a dança dos balizas evoluiu para o gingado ímpar dos mestres-salas, e os rodopios das porta-estandartes se transformaram no gracioso bailar das porta-bandeiras.

Mas como essa tradição se formou nos antigos ranchos? Muitos estudiosos e pesquisadores chegaram às mais diversas respostas. Estudar as transformações dos elementos da cultura popular é sempre uma tarefa árdua e complexa.

Hiram Araújo, em "Carnaval, seis milênios de história", apresenta-nos alguns dos estudos que procuraram buscar a origem da dança. Segundo Ilclemar Nunes, em "Mestre-sala e Porta-bandeira, meneios e mesuras", as origens da dança remontam ao ritual das meninas-moças africanas, que se preparavam para o casamento, e dos rapazes-guerreiros, que as cortejavam dançando. Outras pesquisas apontam que a origem se encontra no Brasil Colônia, nas festas populares ou no sepultamento de negros importantes. Nessas ocasiões especiais, as tribos africanas eram identificadas por panos coloridos presos na ponta de paus, formando uma espécie de bandeira.

A figura dos antigos balizas se tornou importante para defender as antigas porta-estandartes. Era comum o "roubo" do símbolo máximo do grupo por membros de outras associações. Alguns buscam a origem da dança dos mestres-salas no gingado dos capoeiras, escondendo em seus tradicionais leques uma afiada navalha, para auxiliar na proteção do pavilhão, que não poderia ser violado sob hipótese alguma.

Também por motivos de segurança, no início do século cabia aos homens carregar os estandartes dos ranchos, com um comportamento semelhante ao dos guardas de honra militares. Talvez por isso, os pesquisadores apontam que, curiosamente, a primeira porta-bandeira das escolas de samba foi, na verdade, um homem. Tudo indica que o pioneirismo coube a Ubaldo, da Portela.

Se pode parecer estranho que muitas das primeiras porta-bandeiras tenham sido homens, o que podemos dizer quando J. Efegê, considerado o maior cronista de todos os tempos do carnaval carioca, e Hiram Araújo, maior autoridade sobre história das escolas de samba, destacam que um dos mais famosos mestres-salas, ou balizas, dos antigos ranchos chamava-se Maria Adamastor? Isso mesmo, uma mulher.

O casal de porta-bandeira e mestre-sala apresenta-se usando trajes que representam a nobreza do século XVIII, porém com o exagero dos enfeites.

Historicamente falando, o casal surgiu no período da colonização, quando a corte portuguesa realizava o entrudo nas casas grandes, as sedes das fazendas.

Registros mostram que durante as brincadeiras realizadas no entrudo, um casal de escravos, encantado com a festa, passou a acompanhar o movimento andando atrás do festejo, observando-o de longe.
Os casais dançavam elegantemente com roupas de gala, o que chamava a atenção dos escravos que os observavam e com o passar dos anos, os negros adotaram o entrudo como festa e, durante ela, o casal imitava seus senhores, os barões e baronesas, como motivo de gozação. A brincadeira agradava a todos, tornando-se uma tradição da festa, sendo mais tarde batizados como Porta-Bandeira e Mestre-Sala.
Quando os primeiros concursos de escolas de samba começaram, porém, homens e mulheres já tinham seus lugares bem definidos. Enquanto elas carregavam o pavilhão, eles as cortejavam com elegância e postura. A dança nas escolas ganhou características próprias, tendo os grandes nomes do nosso carnaval, muitos deles da Portela, deixado suas marcas no estilo e nas formas de rodar, sorrir e apresentar a bandeira.

Regras:
 Durante os desfiles das escolas de sambas, os casais de Porta-Bandeira e Mestre-Sala fazem uma apresentação especial para os jurados, com o objetivo de atingir a nota máxima.
A avaliação é feita conforme a exibição do casal, que deve bailar suavemente ao ritmo do samba, fazendo os passos considerados obrigatórios, como meneios, giros, meias-voltas, mesuras e torneados. Além desses, o casal é avaliado pela harmonia entre ambos, a integração dos passos, o cortejo do homem, a proteção e cortesia que dá à sua dama e à bandeira da agremiação – que representa todo o pavilhão da escola de samba.

A avaliação vai também para a apresentação da porta-bandeira, que deve carregar o estandarte da escola sem deixá-lo enrolar ou bater em seu próprio corpo, com leveza, gracejo e correspondendo aos cortejos do mestre-sala.
As roupas do casal devem estar nas cores da escola, mas também adequadas para a apresentação, com acabamentos bem feitos e extremamente luxuosos. Devem também estar adequadas à apresentação, não impedindo os movimentos do casal.
As penalidades ou perda de pontos ficam a critério da apresentação feita, onde o casal não pode ficar de costas um para o outro, no mesmo momento, deixar cair ou perder qualquer elemento da composição de suas roupas e adereços (chapéus, sapato, esplendor, bandeira), mesmo que acidentalmente.
Além do primeiro casal de porta-bandeira e mestre-sala, existem outros casais que se apresentam nos desfiles com a mesma função. Eles servem para treinar outros componentes da escola, caso haja algum imprevisto, além de garantir o preparo das gerações futuras, garantindo a beleza e a qualidade da apresentação.
Muitos deles também cobrem as agendas do primeiro casal, quando são solicitados em festas e apresentações dentro ou fora do país, marcadas na mesma data.

O julgamento de mestre-sala e porta-bandeira começou a fazer parte do regulamento a partir de 1938, quando era levada em consideração apenas a fantasia (a dança começou a ser julgada somente em 1958), e hoje se constitui num dos principais quesitos, fundamental para a conquista do tão sonhado campeonato.

Um afro abraço.
REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
UNEGRO 25 ANOS DE LUTA...
fonte:ARAUJO, Hiram. Carnaval - Seis milênios de história. Rio de Janeiro. Gryphus, 2000/www.brasilescola.com/carnaval/

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