UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Mulheres Negras 25 de Julho Num Passo Alem da Proposta:Já faz muito tempo, temos trilhado outros caminhos...

Em julho de 1992, mulheres negras de 70 países participaram do 1º Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, em Santo Domingo, na República Dominicana. O último dia do evento, 25 de julho, foi marcado como o "Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe", para celebrar e refletir sobre o papel das mulheres negras nestes continentes...

Introdução: Os muitos lugares das mulheres Negras na construção dos saberes:
As vicissitudes do Racismo brasileiro, que se utilizam dos paradigmas genéricos e universais das teorias e ideologia racistas, estruturadas nas últimas décadas do Século XIX, apresentam particularidades da formação social da sociedade colonial e imperial, que se conformam na República e trazem para a atualidade, um referencial para a população negra e para os indivíduos negros em particular, que perfaz o que se poderia dizer "a idéia de negro na sociedade brasileira". Aqui o racismo se transveste em diversas apreensões sócio-políticas-culturais de forma a amalgamar o fenômeno, fazendo surgir outros valores meritórios que irão inibir a auto estima daqueles indivíduos e desconstituir a capacidade de desenvolvimento de toda a comunidade negra, desagregando sua humanidade e via de conseqüência, sua condição de sujeito de direito. Democracia Racial, Racismo Cordial, Conflitos de Classe ou Discriminação Social são algumas das nomenclaturas utilizadas pela sociedade em geral e reforçada pelas instituições estatais que, negando o racismo estrutural e institucional em nossa sociedade, contribui para: a) não observar os parâmetros de igualdade (formal) e de igualdade de oportunidade (igualdade material) para a população negra, em qualquer dos momentos de planificação do Estado, em especial nas políticas públicas, que se encontra visível e significativamente em desvantagem social frente aos brancos e b) não considerar o racismo como interferente determinante da desvantagem social e, em conseqüência, da má qualidade de vida do grupo afetado o que permite operar com uma justificativa recalcitrante do próprio racismo, ao reverter a responsabilidade social da desigualdade no acesso e gozo dos benefícios sociais da população negra no país , para ela mesma, a população negra.

A LITERATURA NEGRA COMO RESSIGNIFICAÇÃO
 A Literatura Negra surge como afirmação de herança aos descendentes do povo africano, trazendo para si memórias, lembranças da oralidade, de toda uma cultura obrigada a abdicar do seu lugar, da sua identidade e da sua língua para sofrer uma reversão dos seus valores e da sua história diante da dominação do colonizador, e consequentemente, de uma sociedade carregada de preconceitos e autoafirmações.  O homem africano, ainda escravizado no terreiro, encontra em suas tradições deixadas na terra natal uma forma de reviver e ensinar aos seus descendentes a cultura de seu povo, seus ritos, palavras e costumes. Buscando assim, reconstruir – mesmo que de forma simplificada – sua identidade, repassando suas vivências e preservando-as. Conforme afirma Conceição Evaristo (s/d ,s/n )
Sendo assim a sociedade brasileira, dentro do mundo, constitui-se no maior destino da diáspora africana; assim, a formação histórica do país está profundamente associada à escravidão.

Homens e Mulheres, Negros e Negras

Se a mulher branca já é considerada objeto sexual,imagina a negra, porque a primeira, ainda é passível de casamento, enquanto a segunda é vista apenas como objeto de prazer.

O Brasil é signatário de todas as Convenções, Acordos e Tratados internacionais que objetivam erradicar o racismo e a discriminação à mulher, bem como qualquer tipo de discriminação. Os estudos de Direito
Internacional, neste sentido, têm recebido grande influência de organizações, mormente as não governamentais, cujo resultado básico tem sido a possibilidade de inserir, no corpo jurídico internacional,
medidas repressivas a comportamentos violadores dos Direitos Fundamentais e Humanos.


Mulher Negra:

Todos sabiam do que ela era chamada, mas ninguém em nenhum lugar sabia seu nome.O sujeito que buscamos aqui sempre esteve e nunca esteve.

Sempre foi e nunca foi. Sempre falada e silenciada... Sempre.Trata-se da mulher negra, sujeito singular construído a partir da validação política da raça, do sexo, do gênero e mais: da construção de diferenças e hierarquias entre humanos. E mais ainda em resistências.
    O Ano Internacional da Mulher, criado em 1975, foi, também, um divisor de águas para as mulheres negras. Formularam e divulgaram um extenso documento que evidenciava a opressão e a exploração que, ainda estavam sujeitas. A partir daí proliferaram movimentos feministas e, os movimentos das mulheres negras tinham como objetivo demonstrar a exclusão dos direitos da cidadania entre a população brasileira negra, além de afirmar que os negros são mais pobres, sobretudo porque são negros.


      A grande maioria de mulheres negras encontra-se abaixo da linha da pobreza e a taxa de analfabetismo é o dobro quando comparada a das mulheres brancas. Por essas razões possuem menor acesso aos Serviços de Saúde de boa qualidade, resultando que, as mulheres negras têm maior risco de contrair e morrer de determinadas doenças, do que as mulheres brancas.

Entendemos assim que os insultos, as preterições de oportunidade, a ação das crenças e crendices 
que mantêm a gente de cor amortecida, atingem mais diretamente a mulher negra  e todos os artifícios empregados para obstar a ascensão de quem vem de baixo, acrescenta-se a observação “mas ela é negra” e quando, apesar de tudo, ela consegue se instalar num posto da administração, ou num escritório de profissão liberal, a reação dos que convivem com ela é, quase sempre “ela é negra, mas é boa advogada” (HAHNER, 1978: 125/6). Conclui-se que a Abolição não libertou a mulher negra.
A muito tempo a sociedade brasileira se desenvolve permeada profundamente por visões e práticas racistas patriarcais. Nela nós mulheres negras, descendentes de diferentes povos africanos, herdeiras e criadoras de diferentes matrizes culturais, temos ocupado as piores posições, seja na perspectiva política e econômica, seja nos aspectos da afirmação simbólica e cultural da nacionalidade brasileira. Temos sido descritas como seres inferiores, hipersexualizadas, trabalhadoras braçais desqualificada se ignorantes, com reduzidas qualidades humanas e incapazes de transpor o profundo fosso das carências para habitar de forma protagônica a civilização brasileira.

Se Liga: Há uma falsa cordialidade que conduz a ver fatos como “quase” racismo ou violência. Toda discriminação é, por isso, amenizada, em virtude do caráter “cordial” . Por conseguinte, os negros e os mais pobres “devem” suportar qual de nosso povo quer segregação ou violência mais do que brancos e não pobres, sem se considerarem violados ou agredidos (SANTOS, 2004: 27).


A especificidade da saúde da mulher negra começou a ser discutida a partir de reivindicações das próprias mulheres negras organizadas nas diferentes regiões do país. A mortalidade da mulher negra, mostra que, esse segmento étnico apresenta um perfil de mortalidade semelhante ao do homem branco, contrariando a esperada diferença por sexo, segundo a qual as mulheres vivem mais que os homens. As pesquisas revelam que, ao se compararem os anos potenciais de vida perdidos por óbitos, de um modo geral, as mulheres negras perdem mais anos do que os homens brancos, novamente contrariando a tendência esperada quanto à diferença por sexo, pois, é mulher, mas, é negra.A cor não é vista, apenas, como diferença, fenotipicamente, mas como hierarquia de poder, pois, as fronteiras entre negros e brancos são sempre elaboradas e contraditórias.
      A população negra nunca foi, no Brasil, detentora dos meios de produção. Enquanto foi base do sistema escravocrata, esta população era entendida como mercadoria geradora de trabalho produtivo. No processo de transição do trabalho escravo para o trabalho livre, um amplo debate se estabeleceu na sociedade brasileira. Políticos, filósofos, educadores e outros buscavam entender qual era o lugar que deveria ocupar esta população. É importante salientar que, a transição ao trabalho livre deu-se em bases racistas; sem trabalho, as dificuldades dos negros para o acesso a bens e serviços como educação e saúde, ampliaram-se, formando um círculo vicioso.

A palavra Escravidão (...) não significa somente a relação do escravo para com o senhor; significa muito mais: a soma do poderio, influência, capital, e clientela dos senhores todos; (...) a dependência em que o comércio, a religião, a pobreza, a indústria, o Parlamento, a Coroa, o Estado enfim se acham perante o poder agregado da minoria aristocrática, em cujas senzalas centenas de milhares de entes humanos vivem embrutecidos e moralmente mutilados pelo próprio regime a que estão submetidos 
(NABUCO, J., 1977, p. 60, apud ALENCAR et alii, 1994: 201)

Um afro abraço.

fonte: unegro rj/mulher/CHARTIER, Roger. Introdução história cultural. Lisboa, Difel, 1990

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