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sábado, 5 de dezembro de 2015

O racismo de ontem e de hoje: A africana Saartjie

Saartjie Baartman nasceu no seio de uma família khoisan no vale do rio Gamtoos, na atual 
província do Cabo Oriental, na África do Sul. Esta é a forma africânder do seu nome, cujo original é desconhecido. Saartjie (que se pronuncia «Sarqui») pode ser considerado equivalente ao português «Sarazinha».

Saartjie era criada de servir numa fazenda de holandeses perto da Cidade do Cabo. Hendrick Cezar, irmão do seu patrão, sugeriu que ela se exibisse na Inglaterra, prometendo que isso a tornaria rica. Lord Caledon, governador do Cabo, permitiu a viagem, embora tenha lamentado tal decisão após saber o seu verdadeiro propósito.

"Saartjie foi para Londres em 1810 e viajou por toda a Inglaterra exibindo as suas dimensões corporais «inusitadas» (segundo a perspetiva europeia), o que levou à opinião generalizada de que estas eram típicas entre os hotentotes".
Mediante um pagamento extra, os seus exibidores permitiam aos visitantes tocar-lhe as nádegas, cujo invulgar volume (esteatopigia) parecia estranho e perturbador ao europeu da época.

Por outro lado, Saartjie tinha sinus pudoris, também conhecido por «avental», «cortina da vergonha» ou «bandeja», em referência aos longos lábios da genitália de algumas Khoisan. Segundo Stephen Jay

A sua exibição em Londres causou escândalo, tendo a sociedade filantrópica African Association criticado a iniciativa e lançado um processo em tribunal. Durante o seu depoimento, Sarah Baartman declarou, em holandês, não se considerar vítima de coação e ser seu perfeito entendimento que lhe cabia metade da receita das exibições. O tribunal decidiu arquivar o caso, mas o acórdão não foi satisfatório, devido a contradições com outras investigações, pelo que a continuação do espetáculo em Londres tornou-se impossível.

No final de 1814, Saartjie foi vendida a um francês, domador de animais, que viu nela uma oportunidade de enriquecimento fácil. Considerando que a adquirira como prostituta ou
escrava, o novo dono mantinha-a em condições muito mais duras. Foi exposta em Paris, tendo de aceitar exibir-se completamente nua, o que contrariava o seu voto de jamais exibir
os órgãos genitais. As celebrações da reentronização de Napoleão Bonaparte no início de 1815 incluíram festas noturnas. A exposição manteve-se aberta durante toda a noite e os muitos visitantes bêbados divertiram-se apalpando o corpo da indefesa mulher.

Foi depois exposta a multidões, que zombavam dela.        
Era alvo de caricaturas, mas chamou também o interesse de cientistas e pintores. O anatomista francês Georges Cuvier e outros
naturalistas visitaram-na, tendo sido objeto de numerosas ilustrações científicas no Jardin du Roi.Gould, «os pequenos lábios ou lábios internos dos genitais da mulher comum são extremamente longos nas mulheres khoi-san e podem sobressair da vagina entre 7,5 e mais de 10 cm quando a mulher está de pé, dando a impressão de uma cortina de pele distinta e envolvente» (Gould, 1985). Em vida, Saartjie nunca permitiu que este seu derradeiro traço fosse exibido.

"O corpo foi totalmente investigado e medido, com registo do tamanho das nádegas, do clitóris, dos lábios e dos mamilos para museus e institutos zoológicos e científicos."
Com a nova derrota de Napoleão, o fim do seu governo e a ocupação da França pelas tropas aliadas em junho de 1815, as exposições tornaram-se impossíveis. Saartje foi levada a prostituir-se e tornou-se alcoólica.

 - Morreu em dezembro de 1815, ao cabo de 15 meses em França. Como causa da morte, foram aventadas várias hipóteses: varíola, sífilis ou pneumonia.Se liga: Saartjie Baartman morreu a 29 de Dezembro de 1815 de uma doença inflamatória. 
- Para não ter de pagar o enterramento, o domador de animais vendeu o cadáver ao Musée de l'Homme (Museu do Homem), em Paris, onde foi feito um molde em gesso do corpo. Os resultados da autópsia foram publicados por Henri de Blainville em 1816 e por Cuvier emMémoires du Museum d'Histoire Naturelle em 1817. Cuvier anotou, nessa monografia, que Saartjie era uma mulher «inteligente, com excelente memória e fluente em holandês». Além do molde em gesso, o esqueleto, os órgãos genitais e o cérebro, conservados em formol, estiveram em exibição até 1974.

A construção do corpo exótico de Saartjie Baartman em Vénus Noire
"A atribuição de valores aos dados corporais construídos a partir da colonização européia
no continente africano informa-nos como as mulheres negras são representadas na
Diáspora, através dos discursos literários e científicos e nas práticas sociais.

O uso exploratório do corpo das mulheres negras escravizadas no sistema patriarcal-racista, seja no trabalho braçal, seja como objeto sexual, é legitimado pelo racismo científico
predominante no século XIX, destituindo-as da condição de humana. A construção do corpo “exótico” naturalizou a subalternização das mulheres negras em diferentes dimensões da sociedade na contemporaneidade, fenômeno que pode ser apreendido através do conceito de interseccionalidade em que gênero, raça, classe e outras formas"de desigualdade sustentam as relações de poder

"Os restos mortais de Sarah Baartman foram inumados na sua terra natal, Gamtoos Valley, a 3 de Maio de 2002".

Sem comentários deixo aqui a reflexão...

fonte:https://pt.wikipedia.org

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