UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

sábado, 23 de janeiro de 2016

Coletivo UNEGRO - LGBT /RJ de cara nova.


Venha vestir essa camisa!
O COLETIVO UNEGRO LGBT - RJ, é um movimento de Homens e Mulheres Negros e Negras Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais que se organizam para o enfrentamento às discriminações de raça, orientação sexual, gênero e identidade de
gênero e temos atuado junto aos Movimentos Sociais, provando que a organização das especificidades soma para a luta de todos os segmentos sociais que sofrem as mazelas das estruturas opressoras considerando a identidade de objetivos, uma vez que somos também um Coletivo do Movimento Negro.
A UNEGRO LGBTT - RJ, é uma organização pluriidentitária e pluripartidária, que busca contribuir na luta contra o racismo, a homofobia e discriminações inter-cruzadas. Nossa atuação tem foco nas negras lésbicas, mulheres bissexuais, mulheres trans, travestis, homens trans e gays negros ._
O setor da população negra cujas dificuldades, marginalização e reivindicações, geralmente e de forma lamentável, sequer são consideradas quando discutimos a luta contra a opressão racial. Estamos falando de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis negros (as).
Milhões de LGBT´s cujas vidas são cercadas, ora pela invisibilidade ora pela violência; tanto pela discriminação racial quanto pelas humilhações e sofrimentos que correm soltos em um mundo em que a heterossexualidade é tida como a única forma “digna”, “respeitosa”, “aceitável” e “correta” de se viver.
Uma dura realidade que marcou a vida de lésbicas, gays, trans, bis e travestis como o performático Madame Satã, o escritor James Baldwin, o pintor Jean-Michel Basquiat, o poeta Langston Hughes, a ativista trans Marsha P. Johnson (que esteve na linha de frente da Rebelião de Stonewall), o escritor modernista Mário de Andrade, o impagável e genial Paulette (do Dzi Croquetes), a cantoras de jazz e blues 'Ma' Rainey (conhecida como a “Mãe do Blues”) e Bessie Smith e a travesti e passista da Beija-Flor Piu (brutalmente assassinada em setembro passado).
Onde classe, raça, gênero e orientação sexual se encontram
Em um artigo com o genial título “Gays ricos, bichas pobres”, publicado nos Cadernos AEL (Unicamp, em 18/19, 2003), Juan P. Pereira Marsiaj faz uma série de considerações sobre “desenvolvimento, desigualdade socioeconômica e homossexualidade no Brasil” que também pode servir como ponto de partida para discutirmos as terríveis conseqüências decorrentes da combinação do racismo com a LGBTfobia, dentro de uma perspectiva de classe.

Referindo-se ao trabalho do historiador norte-americano John D´Emilio – particularmente “Capitalism and Gay Identity” (“Capitalismo e Identidade Gay”) –, Marsiaj lembra que a comunidade e a identidade LGBT foram moldadas pelo capitalismo durante as diferentes fases do sistema, refletindo os efeitos que estas transformações, principalmente nos modos de trabalho e produção, tiveram sobre os aspectos mais distintos da sociedade: da arte à cultura; dos meios de comunicação à Educação; das relações sociais às formas de organização familiar (um tema, em particular, sobre o qual o autor se detém para discutir as relações entre LGBTs e classe).

Como lembra Marsiaj, “a classe social afeta as possibilidades de estabelecimento das relações homoafetivas e de redes homossociais, que são de suma importância para o desenvolvimento de uma auto-identificação como gay ou lésbicas” (p. 139). Ou seja, como acontece também em relação aos héteros, as condições econômicas interferem, de forma indireta ou direta, no jeito como as pessoas namoram, se relacionam afetiva e amorosamente, nos tipos de grupos que participam etc.

E tudo isso cumpre um papel fundamental na possibilidade de um LGBT se assumir como tal e na forma como ele ou ela vai se colocar e se ver diante da sociedade. Algo particularmente difícil nas relações familiares. Não é uma regra, mas, geralmente, quanto mais pobre mais complicada a história pode ser, pois “para os setores populares no Brasil, a função econômica da família retém uma grande importância. A renda das classes mais baixas é irregular e pequena, tornando muito difícil a independência econômica de um indivíduo de sua família” (p. 139).

Quem vive na periferia, nasceu nos cortiços e favelas ou pertence aos setores mais pobres da classe operária (e, por tabela, na maioria dos casos, é negro ou negra) conhece muito bem esta história. Nessas famílias, até mesmo por uma questão de sobrevivência, todo mundo tem que “entrar com a grana” e, consequentemente, pais e mães contam, desde muito cedo, com o dinheiro dos filhos (as) e com a ideia de que eles vão permanecer em casa “até o casamento”.

Uma situação totalmente diferente dos LGBT’s de classe média e alta (brancos em sua enorme maioria) que, como lembra Marsiaj, podem “se dar ao luxo de manter um apartamento para [seus] encontros, ou têm meios para pagar um quarto de motel para tais fins”. (p. 140)

E isso, com certeza, faz toda diferença na hora de se assumir como LGBT. Levar o companheiro o companheira pra casa, fugir da cilada do casamento tradicional etc., é muito mais difícil. Não que seja impossível. Pelo contrário. Em alguns casos, a própria dependência econômica acaba “forçando” a aceitação por parte dos familiares. Afinal, não dá pra expulsar de casa alguém que é fundamental pra pagar as contas e esta “situação abre espaços de tolerância no âmbito familiar que permitem, sob certas condições, um alto nível de liberdade.” (p. 140)

Contudo, isto não é a regra. Para a infelicidade de todos envolvidos, na maioria dos casos, os LGBT’s continuam na casas dos pais, “enrustidos” (“dentro do armário”, como se diz) ou negando sua identidade e, pra satisfazer as expectativas, acabam mantendo relacionamentos com gente do sexo oposto e, até mesmo, casando. Uma situação que, nos dias de hoje, é ainda mais complicada, na medida em que LGBTfóbicas, racistas e machista igrejas fundamentalistas ganham mais e mais espaços na periferia, inclusive entre famílias negras.

Para negros e negras, não há “libertação pelo consumo”
Se assumir uma identidade LGBT na família já é complicado, viver plenamente como tal também não é nada fácil. A começar pelos espaços que existem para os LGBTs pobres e negros se encontrarem, se sociabilizarem e manterem relações amorosas e, obviamente, sexuais.

Para negros(as) e pobres, como também lembra Marsiaj, os encontros e o namoros geralmente se dão nos “espaços públicos”: os parques, as praças, os “banheirões” e os cantos escuros das ruas. Já para os que pertencem às classes médias e às elites, os pontos de encontro são os “espaços comerciais”: as saunas, os bares, os restaurantes e boates.

E qualquer LGBT negro ou negra que já tenha freqüentado qualquer um destes lugares sabe muito bem o quanto eles “são brancos” e o quanto a pele mais escura destoa dos padrões de beleza e, muitas vezes, é vista como sinal de que estão atrás de “favores financeiros”.

No mundo neoliberal em que vivemos que, dentre outros tantos estragos, colocou um sinal de igual entre o conceito de cidadania, “empoderamento” individual e o poder aquisitivo, essa situação é ainda mais grave, como já foi destacado no artigo “The Sexual Citizen: queer politics and beyond” (“O cidadão sexual: política queer e além” – um termo “pós-moderno” utilizado para LGBTs), publicado por David Bell e Jon Binnie.
Segundo os autores, essa “estratégia de liberação pelo consumo”, pode levar (e com certeza o faz) “à aceitação de um tipo de gay (branco, de classe média), visto como um modelo de cidadão-consumidor e uma maior marginalização de todos os outros ‘devassos’
que não se encaixam nessa forma”, ou como Marsiaj diz, referindo-se aos brasileiros: “corre-se o risco de aceitar o gay rico e marginalizar ainda mais a bicha pobre” (p. 142).
E, se tudo isto não bastasse, como já foi dito por Luis Mott (do Grupo Gay da Bahia, responsável por levantamentos anuais sobre os ataques e assassinatos) são os LGBT’s negros (as) que estão mais expostos a situações marcadas pela brutalidade e a violência.

Venha somar com a gente; você também pode vestir essa camisa contra o preconceito e discriminação.

UNEGRO - RJ CONTRA A LGBTfobia!!
Tem negro no arco - íris, sim!

Respeitosamente,

Marisa Justino
Unegro / RJ
Coordenação Estadual do Coletivo LGBT
Fonte: Enciclopédia livre

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