UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

domingo, 31 de julho de 2016

MENELIK II Rei dos Reis da Abissínia (1844 – 1913)

-"Descendente da lendária Rainha de Sheba (ou Sabá) e do Rei Salomão, Menelik foi a figura principal naqueles tempos na África. Ele converteu um grupo de reinos independentes em um império forte e estável conhecido como os Estados Unidos de
Abissínia (a Etiópia). O feito dele em reunir vários reinos que freqüentemente se opuseram fortemente uns aos outros, lhe deu um lugar como um dos grandes estadistas de história africana. As realizações adicionais dele na cena internacional lidando com os poderes mundiais, culminou com a vitória atordoante da Etiópia em cima da Itália em 1896 na Batalha de Adwa (uma tentativa para invadir o país) o colocou entre os grandes líderes da história mundial e manteve a independência do país até 1935".
Menelik II foi a figura principal da virada do século XIX, na África.
Estabeleceu sua capital em Addis Abeba, conseguindo unificar as províncias de Tigre e Amhara em seu reino de Shoa.

 
-Converteu um grupo de reinos independentes em um império forte e estável conhecido como os Estados Unidos de Abissínia, atual Etiópia.
 

Outras realizações na cena internacional e sua maneira de lidar com os poderes mundiais, provaram sua competência de estadista, culminando com a vitória da Etiópia sobre a Itália em 1896 na Batalha de Adwa (uma tentativa de invadir o país) garantiram-lhe um lugar em meio aos grandes estadistas de história africana. 

Menelik manteve a independência do país até 1935 -Curiosidades
No final de seu reinado, Sua Majestade, o rei Menelik II, enviou de presente uma girafa ao presidente da República Francesa, a qual chegou ao Zoológico de Paris, em 1918. A girafa ficou conhecida como "La Girafe Ménélik".

Quando se utilizou pela primeira vez a cadeira elétrica nos Estados Unidos, o imperador Menelik II da Abissínia (atual Etiópia) ficou tão encantado com o invento que mandou comprar três unidades. Só depois percebeu que não poderia utilizá-las: no seu país não havia eletricidade.
Acreditando no poder da Bíblia de curar doenças, Menelik comeu "O livro dos reis" para se salvar de um derrame cerebral e morreu de obstrução intestinal.

Menelik I - Acredita-se que seu antecessor, o homônimo Menelik I, foi o filho do bíblico Rei Salomão de Israel e Makeda, a Rainha de Sabá.
De acordo com lendas etíopes, ele nasceu na província de Hamasien em Eritreia.
A tradição credita o fato de ele ter sido o rei que trouxe a Arca da Aliança para a Etiópia, quando ao alcançar maioridade, fora visitar Jerusalém a fim de conhecer o pai.
De acordo com o Kebra Nagast, Rei Salomão tinha a intenção de enviar para o filho alguns

nobres, sacerdotes do templo e guerreiros junto com Menelik no retorno dele para o reino de Sabá.
Supõe-se que ele tenha tido uma réplica da Arca, mas conta a lenda que o filho de Zadok o sumo-sacerdote, trocou a réplica secretamente com a real Arca, permanecendo na Etiópia até os dias de hoje, mais exatamente na antiga cidade de Axum.

Na morte da Rainha Makeda, Menelik assumiu o trono com o título "novo de Imperador" e "Rei dos Reis de Etiópia'.
Ele fundou a Dinastia "Salomônica" da Etiópia que governou o país com poucas interrupções durante aproximadamente três mil anos e 225 gerações, depois terminadas com o Imperador Haile Selassie em 1974.

Etiópia, Pais de mistérios - 
A República Federal Democrática da Etiópia é um país cheio de mistérios, desde seu nome (Ityjopya).
O nome do país tem origem na palavra grega "aethiops" que significa cujo significado é "rosto queimado" por designar à África negra.
Já o antigo nome em árabe, Abissínia, significa povos misturados, por referir-se ao reino da que no passado abrangia a Etiópia atual, a Eritréia, a Somália e se estendia até a Núbia - o atual Sudão.
Pois, os mistérios apenas começaram.
Esta terra contém restos paleontológicos de origens da humanidade, monolitos que chegam atingir 34 metros de altitude belamente decorados, restos do magnífico Palácio da Rainha de Sabá ou o Arca da Aliança guardada pelos muros da Igreja de Santa Maria de Sião em Axum, a qual conta a lenda foi trazida a este país por Melenik I, filho da rainha de Sabá e o sábio Salomão.
A estes fascinantes atrativos acrescenta-se uma maravilhosa natureza com lagos, montanhas, cascatas e a garganta do Nilo Azul.

-"Esses mistérios estão bem guardados pelas etnias que habitam o país: abissínios compostos por tigreses, amharas e shoas; hamitas com os galhas e somalis e as minorias pretas; nilóticos e nantues assim como os falaschas, judeus negros que têm continuado com suas tradições como se o tempo não tivesse passado".

A Etiópia fica no nordeste do continente africano, numa região de planaltos conhecida por Chifre da África.
Secas periódicas assolam o país, que tem a região (Dabol) com maior temperatura média (34°C) em todo o mundo.
Dois terços das terras são férteis e a agricultura é dinâmica, predominando as culturas de cereais e café.

Se liga:É uma das duas únicas nações africanas (a outra é a Libéria) que não foram colonizadas pelos europeus, cuja presença na região se restringe ao curto período da ocupação italiana (1936 a 1941).
Também não foi conquistada pelo Império Árabe, conservando até hoje uma forte tradição cristã.
O Estado ainda sofre as consequências da longa guerra civil iniciada nos anos 60, que só termina no início da década de 90. Com a independência da província da Eritréia, a Etiópia perde o estratégico acesso ao mar Vermelho.

Uma História de opressão e resistência -
A Etiópia é um país com um imenso histórico de opressão, tanto interna quanto externa.
Em 1869, o imperador Menelik II assumiu o trono e se aliou à Inglaterra e à Itália para organizar a administração local (reino de Choa).
Em 1895, os ex-aliados italianos invadiram o país, alegando falta de cumprimento de compromissos.
Em 1896, na batalha de Adua, morreram 4 mil dos 10 mil soldados italianos. Foi a derrota mais esmagadora sofrida por europeus na África, até a guerra da Argélia.
Mesmo derrotado, o país europeu conseguiu por meio da diplomacia os territórios atuais da Eritréia e o sul da costa somaliana.
Em 1936, no entanto, Benito Mussolini invadiu novamente o país africano, tirando vantagem da luta interna entre candidatos à sucessão de Menelik II.
A então Liga das Nações, apesar de solicitada pelo novo herdeiro do trono, não deu apoio concreto.
Entre outras realizações, em cinco anos de ocupação, a Itália estabeleceu um sistema de discriminação racial semelhante ao apartheid sul-africano.
Com a queda de Mussolini, o Reino Unido assumiu a administração da Etiópia. Os etíopes conquistaram sua independência em 1948, reassumindo então o herdeiro do trono, Hailé Seilassié.
Após ter conseguido escapar, ele voltou à sua terra natal, que se encontrava cheia de revoltas para todos os lados, contra o poder imperial, representado na ocasião por Bezebeh, governador imposto ao povo de Choa em nome de Tewodros II.
Então, com apenas 21 anos de idade, ele reúne suas forças e depões Bezebeh, se tornado Negus (Rei) de Choa. 

Depois de três anos, o Imperador Tewodros morre e Sahle Mariam aspira ao seu lugar, mas quem assume o trono é Yohannes IV, um Ras proveniente da família real de Tigre.
Subiu ao trono em 1872 e prosseguiu a obra de seu antecessor, equipando o império com Forças Armadas e estabelecendo a paz interna, principalmente com seu maior rival Sahle Mariam, o Ras de Choa
.
Para isso, realizou a união dinástica de seu filho com a filha de Sahle, o que garantiu uma sucessão pacífica ao trono.
 
Extremamente voltado para as questões religiosas, Yohannes IV expandiu bastante o cristianismo ortodoxo, catequizando pagãos e até muçulmanos.

Lutou bravamente contra os italianos contra os sudaneses fundamentalistas islâmicos,

chegando a morrer na batalha de Metemma (1889), quando os Exércitos Imperiais invadiram o Sudão.
No mesmo ano, Sahle Mariam foi coroado sob o nome de Menelik II. Em seu período de rivalidade com Yohannes IV (antes do casamento de seus filhos), se aproximou dos italianos que interpretavam o artigo XVII do Tratado de Uccialli (concluído em 1889), como o estabelecimento de um protetorado italiano sobre a Etiópia.
Mas, logo que assumiu o poder, tomando consciência da interpretação errônea dos italianos, Menelik renuncia ao tratado, o que provocaria uma guerra.
Em 1o de Março de 1893, os italianos rendem-se aos etíopes na Batalha de Ádua, a mais famosa da África contemporânea. 
 Menelik II foi muito importante para o desenvolvimento da Etiópia: ele criou ministérios governamentais, fundou escolas e centros de estudos, mandou instalar sistemas de correios e telégrafos e construiu inúmeras estradas e ferrovias, a principal delas ligando o Djibouti à nova capital por ele erguida: Addis Abeba. 
Esta cidade, que em amárico significa “Nova Flor”, foi construída nos planaltos de Choa e inaugurada em 1887. 

O Palácio Imperial, as Academias Militares e as Igrejas deram magnificência à sua obra,

que chegou a ser considerada a capital da África.
Foi por essa razão que durante o século XX Adis Abeba foi escolhida para sediar vários organismos internacionais da África.
Tendo adoecido gravemente em 1906, Menelik conseguiu assegurar ao seu neto Lij Iyasu, a herança do trono.
Iyasu, apesar de ser herdeiro por linha materna (sua mãe era filha de Menelik), era também filho do governador de Welo, do povo Oromo, que era muçulmano antes da conversão por Yohannes IV, o que gerou certa antipatia na nobreza, no clero e no povo etíope.
Para piorar a situação, Iyasu se declarou um seguidor de Maomé e filho de Alá.
Os nobres de Choa instalaram no trono, a princesa Zauditu (filha de Menelik) e colocaram Ras Tafari Makonnen, como Regente e Herdeiro à Coroa.
Tafari Makonnen pertencia à nobreza reinante de Choa: era bisneto do grande Ras Sahle Selassie e sobrinho do imperador Menelik.
Foi um governante dinâmico e objetivo e como regente, aboliu a escravidão, levou a Etiópia à Liga das Nações e foi o primeiro monarca etíope a visitar as capitais da França, Itália e Inglaterra.
Em 02 de Abril de 1930, a Imperatriz Zauditu morre e Ras Tafari é proclamado imperador.
Foi coroado em 02 de Novembro do mesmo ano, com o título de Sua Majestade Imperial Haile Selassie I, Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, Leão Conquistador da Tribo de Judá, Eleito de Deus e Luz do Mundo.
Sua coroação atraiu a atenção do mundo ao seu país, contando com a presença de inúmeros chefes de estado, altos dignitários e jornalistas do exterior, que espalharam seu nome aos quatro cantos da Terra.
Seu nome, Haile Selassie, significa “Poder da Santíssima Trindade” e representou para seu povo a esperança de um futuro promissor.
Em 1931 foi aprovada a constituição que limitava seus poderes e estabelecia um parlamento.
Após a invasão do império pela Itália em 1936 e do exílio da Família Imperial em Londres, durante cinco anos a Etiópia formou com a Somália e a Eritréia a chama África Oriental Italiana.
Em 1941, com auxílio britânico, a Etiópia liberta-se da tutela italiana e Haile Selassie volta triunfante ao poder. Iniciam-se amplas reformas políticas e sociais: o sistema judiciário é organizado e hierarquizado e o Código Penal, reconstituído.
Com a criação da ONU em 1945, a Etiópia passa ser um dos países membros. Em 1960,
enquanto estava de visita oficial n Brasil, há uma tentativa de golpe de estado que é rapidamente esvaziada pelos militares leais à monarquia.
Ele retorna a Adis Abeba aclamado pelo seu povo. Em 1975, Sua Majestade Imperial Haile Selassie I, desaparece dos olhos da Babilônia, um ano após ser deposto por um golpe.
A independência absoluta e a soberania do Império Etíope são reconhecidas oficialmente, o que torna a Etiópia a única nação africana que não foi colonizada.

A Lendária Etiópia - No curso da História, houve três reinos, independentes e distintos entre si, os quais, em épocas próprias, foram denominados Etiópia: Napata, Méroe e Aksun (ou Axum).
Ao exame dos textos históricos, parece ressaltar que a denominação de Etiópia aplicava-se, mais apropriadamente, ao reino de Aksun (Axum), enquanto para Méroe e Napata representava apenas uma designação greco-romana.
O termo Etiópia (Ethiopia) parece ter resultado do esforço dos escritores gregos antigos para designar essa região da África Oriental, cujo nome originário, indígena, era ininteligível para eles. Seu significado é, aproximadamente, “país das gentes de rostos queimados”, ou seja, genericamente, a raça negra.
A designação indistinta de Etiópia para designar, genericamente, todos os países antigos situados ao sul do Egito, praticada por escritores antigos, dificulta a compreensão exata da localização geográfica de eventos registrados pela história, ocorridos naquela parte do mundo.
Observe-se a narrativa bíblica (Atos dos Apóstolos, cap.VIII, 27/39) onde um dos personagens seria um “alto funcionário de Candace, rainha da Etiópia”.
Um rápido exame dos mapas da região nos convence que, em época tão remota, longe das conquistas dos atuais meios de transporte, seria improvável que um alto funcionário ousasse ausentar-se de suas funções para cumprir tal viagem, dada a enorme distância entre o local do encontro com Felipe (Jerusalém) e o reino da Etiópia (atual).
O termo Candace, comum aos textos bíblicos e de História, originário do grego Kandakê é a forma latina, com influência francesa, de Kantakai.
Representava o título real comum às rainhas do império etíope. Os gregos e os romanos usavam essa denominação como nome próprio das soberanas com as quais mantinham relações políticas.
O império abissínio teve início mil anos antes da era cristã, e terminou em 1974, com a deposição do último imperador.

"A origem lendária do império remonta ao filho de Salomão, rei dos judeus, com Balkis, rainha de Sabá. Esse filho é chamado, por alguns autores, por Menelik, e por outros, de David, e é apontado como origem dos negus da Abissínia."

Ainda segundo a tradição abissínia, durante sua permanência em Jerusalém, a rainha de

Sabá tornou-se mulher do rei Salomão.
Teria retornado ao seu país grávida, e teve um filho, que foi educado em Sabá durante a infância.
Na adolescência, foi enviado a Jerusalém, para aprimorar seus estudos e conviver com seu pai, por alguns anos, procurando absorver sua proverbial sabedoria.
Nessa ocasião, teria sido ungido e sagrado no Templo, com o nome de David, em homenagem ao seu avô, retornando, após, para junto de sua mãe.

Finalmente estabeleceu-se na Abissínia, tendo subido ao trono e introduzido à religião judaica em seu país, originando as cerimônias que os abissínios ainda conservam.
Salomão (do hebraico Chélômôh), filho do rei David e de Bethsabá, viveu entre 1032 e 975 a.C.
Sabá foi uma cidade da Arábia antiga (Arabia Felix), junto as costa ocidental do Mar Vermelho, capital do reino do mesmo nome, que os gregos chamaram de Miriaba. Esse país, posteriormente, passou a chamar-se Yemen.

- A tradição árabe conta que a rainha Balkis (Belkis), atraída pela fama de riqueza e sabedoria que adornavam o rei dos judeus, resolveu visitá-lo, tendo sido sua hóspede e mantido o relacionamento que resultou no nascimento de um filho, do qual descendem os reis da antiga Abissínia.
O episódio é confirmado (parcialmente) pela narrativa bíblica (Reis, cap. 10, vers.1 a 13, e Crônicas, cap. 9, vers. 1 a 12), exceto no que se refere ao nascimento do filho mencionado nas tradições árabes e etíopes.
"Os autores árabes atribuem à rainha de Sabá dessa narrativa, o nome de Balkis ou Belkis. Outros autores a denominam de Makeda, ou Makida."

A Abissínia teve origem no antigo reino de Aksum (Axum). Em 1941, reivindicou o nome do antigo território, e passou a denominar-se Etiópia.
Os soberanos da milenar Abissínia, desde a antiguidade, usavam o título de Negus, pretendendo descenderem do rei bíblico Salomão, e da lendária rainha de Sabá.
O último negus etíope, Hailé Selassié, que reinou de 1930 a 1974, usava os títulos da tradição bíblica de “O Eleito de Deus”, “Rei dos Reis”, “O Leão de Judá”, e timbrava os documentos oficiais com o “selo de Salomão”.

Selassié nasceu em 1891, e tinha o nome civil de Tafari Makonen. Seu pai, o rás Makonnen, era um dos filhos do imperador Menelik II. Exerceu o cargo de rás (governador civil e militar) do Choá, uma importante unidade política e administrativa do país.
Foi regente da coroa, durante a menoridade da princesa Zauditu, elevada ao trono durante a primeira guerra mundial. 
Com o falecimento desta, assumiu o poder e foi sagrado imperador, em 1930, com o nome de trono de Hailé Selassié. Como monarca poderoso, introduziu a primeira constituição no
país, criou um Parlamento, modernizou o exército e aboliu a hereditariedade dos cargos de rás das províncias.
Em 1935, a Itália, contaminada pelos ímpetos expansionistas de Mussolini, invadiu a Abissínia e forçou o negus ao exílio.
 
Nessa ocasião, no ano de 1936, proferiu corajoso discurso, junto a Liga das Nações, protestando contra a omissão dos Chefes de Estados das demais nações, face ao perigo nazista iminente. Foram suas palavras:
”Eu jamais acreditaria que todas as nações do mundo, entre as quais as mais poderosas da terra, pudessem acovardar-se diante de um único inimigo.
Mas, diante de Deus, nenhuma nação é melhor do que outra”. 

E profetizou: “Hoje fomos nós, amanhã serão vocês”.
- Em 1974, um golpe militar aboliu o regime monárquico e depôs o imperador, já velho e doente, que faleceu (há indícios de que foi assassinado) em 1975, um ano após ter sido despojado do milenar trono abissínio.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:https://pt.wikipedia.org/UNEGRO FORMAÇÃO30ealguns.com.br/grandes-reis-e-rainhas-da-africa/\

terça-feira, 26 de julho de 2016

31 de Julho a " Marcha de Mulheres Negras terá o tamanho da nossa força".

A Marcha das Mulheres Negras 2015, que tem como lema “Contra o Racismo, a Violência
e pelo Bem Viver”, fez sua marcha nacional em 18 de novembro. a caminhada em Brasília vai simbolizou a resistência e a luta de mulheres negras contra diversas formas de opressão, entre elas, gênero, raça e classe. Também foi o momento de dar visibilidade e reivindicar pautas específicas destas mulheres, que representam 25% da população brasileira.
Enganou-se quem pensou que o evento acontece apenas dia 18, em Brasília foi o fim. As mulheres negras já estão marchando em seus estados, em suas cidades e comunidades novamente. Por isso, aproveitando o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho, os comitês estaduais impulsores da Marcha, organizações e grupos feministas e de mulheres organizadas em suas instituições,sindicatos ou não articuladas para comemorações relativas à data que também serviram como atividades para reforçar as nossas pautas e denuncias agora em 2016 nos Mulheres Negras somos as maiores vítimas de homicídio de mulheres no País...

Os números constam do estudo "Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil", realizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), a pedido da ONU Mulheres. "Em 2013, morreram assassinadas, proporcionalmente ao tamanho das respectivas populações, 66,7% mais meninas e mulheres negras do que brancas", alerta o documento.

A vitimização de mulheres negras - a violência contra elas, que pode não ter se concretizado como homicídio -, cresceu 190,9% na década analisada. A vitimização desse grupo era de 22,9%, em 2003, e saltou 66,7% no ano passado(2015).

"Alguns estados chegam a limites absurdos de vitimização de mulheres negras, como Amapá, Paraíba, Pernambuco e Distrito Federal, em que os índices passam de 300%", observa a pesquisa.

O documento observa a existência de escalada na violência contra mulheres a partir de 1980, como uma “tendência histórica que evidência um lento, mas contínuo, aumento do flagelo” vivido por elas.

Agressores-  As mortes ocorrem em todos os estados e o Distrito Federal indistintamente, de acordo com o estudo, como um traço “cultural do patriarcalismo” que, supostamente,

“autoriza que o homem pratique essa violência”.

No ano passado, 1.583 homicídios de mulheres foram praticados por pessoas identificadas como parceiros ou ex-parceiros das vítimas. Esses casos representaram 33,2% de mortes em 2013. Já 50,3% (ou 2.393) das mortes por assassinato tiveram familiares no papel do agressor.

"Como essas mulheres foram vitimadas de forma dispersa ao longo do território nacional, reina a indiferença, como se não existisse um problema", assinala o documento.

Embora a pesquisa encerre o recorte sobre os homicídios em 2013, quando ainda não existia a Lei do Feminicídio, o documento reúne dados do Sistema Único de Saúde (SUS) relativos a 2014. O SUS registrou 85,9 mil atendimentos a mulheres e meninas "vítimas de violência exercida por pais, parceiros e ex-parceiros, filhos, irmãos".

Feminicídio- O período analisado pelo estudo não contabiliza os crimes contra as mulheres depois da criação da Lei do Feminicídio, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff em 2015. A legislação pode atenuar o movimento crescente de assassinatos contra as mulheres ao tipificar o crime hediondo.

O levantamento da ONU aponta uma desaceleração no ritmo de mortes de mulheres após a criação da Lei Maria da Penha, em 2006. A partir daquele ano, a pesquisa da ONU aponta que o homicídio contra mulheres negras, por exemplo, crescesse 35% entre 2006 e 2013. A diferença foi de 19,2 pontos porcentuais na comparação com a alta de 54,2% no período 2003-2013.

No recorte geral, incluindo mulheres brancas e negras, a taxa de homicídio foi de 4,2 casos para 100 mil habitantes de 2006 a 2013, contra 4,8 casos entre 2003 e 2013.

No período anterior à Lei (1980 a 2006), o crescimento do número de homicídios de mulheres foi de 7,6% ao ano. Com a vigência da Lei, o crescimento no número de homicídios cai de 2,6% ao ano”, afirma o documento.

"A Nossa carta e pautas de revindicações ainda e a mesmo porque infelizmente de 2015 para 2016 piorou e por isso continuaremos em marcha!

Declaramos que a construção desse processo se inicia aqui e agora.
Por tudo isso, nós Mulheres Negras estamos em Marcha para exigir o fim do racismo e da violência que se manifestam no genocídio dos jovens negros; na saúde, onde a mortalidade materna entre mulheres negras está relacionada à dificuldade do acesso a esses serviços, à baixa qualidade do atendimento aliada à falta de ações e de capacitação de profissionais de saúde voltadas especificamente para os riscos a que as mulheres negras estão expostas; da segurança pública cujos operadores e operadoras decidem quem deve viver e quem deve morrer mediante a omissão do Estado e da sociedade para com as nossas vidas negras.

Marchamos pelo direito à vida, pelo direito à humanidade, pelo direito a ter direitos e
pelo reconhecimento e valorização das diferenças. Marchamos por justiça, equidade, solidariedade e bem-estar que são valores inegociáveis, diante da pluralidade de vozes que coabitam o planeta e reivindicam o Bem Viver.

Convocamos a sociedade brasileira para a construção deste novo pacto civilizatório, para uma sociedade onde todas e todos possam viver plenamente a igualdade de direitos e oportunidades.

Para a consolidação desse Pacto de consenso, é necessário que Estado e Sociedade acolham as seguintes reivindicações:

DIREITO À VIDA E À LIBERDADE
Garantir o direito à vida da população negra, em geral, e da mulher negra, em particular, como um direito fundamental que não pode ser violado sob nenhuma hipótese. Tal garantia deve ser acompanhada de condições sociais, políticas, econômicas, ambientais culturais, civis e políticas, para que possamos viver com dignidade, liberdade, livres do racismo patriarcal e de todas as formas de discriminação;

Assegurar o direito à liberdade garantindo o direito de ir e vir, de emitir opinião, de se expressar, de criar vínculos associativos sem a interpelação do Estado, tomando como referência os princípios éticos e dos Direitos Humanos preconizados em nossa Constituição;

 Garantir a laicidade do Estado face a quaisquer fundamentalismos religiosos;

Erradicar as desigualdades, considerando que possuem severo fundamento nas discriminações raciais e de gênero, tomando como parâmetro essencial a promoção de políticas públicas que possam garantir a dignidade das mulheres negras;

PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
Garantir o acesso às riquezas, aos bens comuns de forma igualitária, sustentável e coletiva, resguardando o ambiente da exploração predatória;
Reconhecimento e visibilidade da trajetória coletiva e das nossas múltiplas realidades, que permanecem ocultas sob o peso de narrativas que nos associam à carência, ao atraso e à incapacidade intelectual e política.
Fomentar a participação na política nos espaços de decisão e nos órgãos públicos, garantindo a paridade e as condições materiais e simbólicas para o empoderamento e o fortalecimento da participação das mulheres negras nas quadras do poder;
Promover a reforma do sistema político brasileiro visando a constituição de novos parâmetros para a democracia brasileira, para o exercício do poder, suscitando a participação dos grupos excluídos do processo de decisão e reorganizando as formas de representação e de expressão dos interesses dos diferentes grupos e do controle social do Estado;
Ratificar e assegurar o cumprimento das deliberações dos protocolos, pactos, declarações, convenções, planos de ações regionais (OEA) e internacionais (ONU), ratificando e referendando esses compromissos. Tomar como parâmetros indicadores nacionais e internacionais para o monitoramento do cumprimento dessas medidas, que também poderão levar em conta outros indicadores tais como, o bem-estar psicológico, a saúde, o uso do tempo, a vitalidade comunitária, a educação, a cultura, o meio ambiente, a governança e o padrão de vida.Implantar as políticas preconizadas no Estatuto da Igualdade racial (Lei no. 12288 de 20/07/2010), bem como o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR), incentivando a organização do Sistema nas esferas estaduais e municipais, a partir de suporte financeiro e técnico;Exigir do poder público, nas três esferas de governo, orçamento adequado para a implementação das políticas de promoção da igualdade racial contra o racismo, a violência e pelo bem viver;

DIREITO AO TRABALHO, AO EMPREGO E À PROTEÇÃO DAS TRABALHADORAS NEGRAS EM TODAS AS ATIVIDADES
Garantir a oportunidade e acesso a postos de trabalho e emprego, com remuneração justa e adequada, tendo como parâmetro a equidade racial, étnica, de gênero, orientação sexual, identidade de gênero, geração, deficiências, de condição física e mental para o acesso e permanência nos postos de trabalho. Deve-se também assegurar legalmente a participação em atividades comunitárias e de organização sindical;
Assegurar o exercício do trabalho em condições plenas de segurança, assentado na proteção à saúde das(os) trabalhadoras(es) e nos direitos previdenciários previstos em lei, no campo e na cidade;
Erradicar definitivamente o trabalho análogo ao trabalho escravo e infantil em todo território nacional, garantindo a proteção e o desenvolvimento da(o) trabalhador(a) na área rural;
Oferecer trabalho decente para migrantes negros oriundos de países latino-americanos e africanos;
Demandar ao poder público o cumprimento da Lei Complementar no 150 de 01/06/15 que dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico que garante a seguridade social e todos os direitos trabalhistas para todas as trabalhadoras domésticas;
Promover a valorização do trabalho das mulheres negras, coibindo práticas discriminatórias no mercado de trabalho, tais como salários desiguais para funções e cargos iguais, entre outras;
Garantir o exercício do trabalho em condições de segurança com proteção à saúde das(os) catadoras(es) de materiais recicláveis, assegurando também todos os direitos trabalhistas e de seguridades social;
Implementar políticas de ações afirmativas para o enfrentamento das desigualdades raciais e de gênero no mercado de trabalho (nas administrações centralizadas, autarquias, fundações, empresas públicas, privadas, nacionais, multinacionais e cooperativas);
Assegurar o cumprimento pleno das Convenções 100, 111 e da agenda do Trabalho Descente da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

DIREITO À TERRA, TERRITÓRIO E MORADIA/DIREITO À CIDADE
Garantir a preservação, proteção, demarcação, homologação e registro incondicional das terras quilombolas, indígenas e de outros povos tradicionais. Necessário se faz também assegurar recursos orçamentários da União para a titulação das terras e para o desenvolvimento de políticas sociais econômicas voltados para o desenvolvimento sustentável dessas comunidades, com participação das(os) interessadas(os) nos processos de decisão;
Criar condições para permanência e retorno da população negra ao campo, especialmente a juventude e promoção de políticas e leis que protejam, preservem e recuperem as sementes nativas e crioulas. Deve- se salientar que os mecanismos governamentais de compra e distribuição de sementes devem respeitar as formas tradicionais de organização local da agricultura familiar, camponesa e dos povos tradicionais e estimular a formação de estoques de sementes;
Implementar a reforma agrária e oferecer recursos para o dinamismo da agroecologia;
Apoiar, com recursos financeiros e técnicos, as práticas tradicionais de troca, seleção e venda pelas(os) agricultoras(es) familiares e pelas comunidades tradicionais;
 Exigir o reconhecimento e a garantia dos direitos de trabalhadoras(es) do campo, valorizando a remuneração justa e equitativa e o fim da violência e da discriminação contra as mulheres.
Garantir o Direito a Cidade por meio do reconhecimento da função social da propriedade, para assegurar moradias e acesso a serviços na cidade; contribuindo assim para o fortalecimento dos interesses coletivos sociais, culturais e ambientais em detrimento dos
interesses individuais e econômicos.
Assegurar as mulheres negras o acesso à serviços sociais básicos, referentes à mobilidade, ao esporte e lazer, ao patrimônio natural e cultural;
Assegurar moradia digna para todas(os), priorizando a segurança da posse e impedindo os despejos forçados, remoções e o monopólio sobre a terra;
Promover a urbanização de favelas e prevenção de riscos, priorizando a segurança da posse e o respeito de todos os direitos humanos.

JUSTIÇA AMBIENTAL, DEFESA DOS BENS COMUNS E A NÃO-MERCANTILIZAÇÃO DA VIDA
Erradicar o racismo ambiental, promovendo políticas ambientais que:
(a) Impeçam a remoção e a desocupação para a extração do patrimônio ambiental e de outras riquezas, o uso de agrotóxicos e outros venenos na agricultura e nas outras culturas de criação de animais e o despejo de detritos e lixos em áreas onde a população negrahabita;
(b) Destroem o ambiente e a cultura das comunidades tradicionais,quilombolas e indígenas;
Promover fontes alternativas de energia limpa, bem como a democratização, descentralização e gestão pública da energia de maneira a garantir o direito das comunidades tradicionais e das populações do meio rural ao seu acesso;
Reparar e indenizar as populações, especialmente das mulheres negras, afetadas por megaprojetos e processos industriais e de mineração atingidos por barragens e por desastres naturais;
Ampliar o acesso universal a água potável, limpeza urbana e ao saneamento básico;
Promover a soberania alimentar e o acesso a alimentação saudável, adequada e com qualidade, livre de agrotóxicos e não transgênicos.

DIREITO À SEGURIDADE SOCIAL (SAÚDE, ASSISTÊNCIA SOCIAL E PREVIDÊNCIA SOCIAL)
Assegurar às mulheres negras as políticas de seguridade social, por meio do acesso a serviços essenciais de saúde, assistência e previdência social;
Erradicar o racismo institucional nas organizações públicas e privadas e em suas diferentes políticas, planos e programas de ação;
Implantar a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra no Sistema Único de Saúde;
Ampliar a Política Nacional de Atenção Integral à pessoa com Doença Falciforme para todo o território nacional, a partir de um conjunto de medidas, como o fomento a pesquisas e técnicas de atenção e assistência;
Descriminalizar o aborto e garantir o atendimento ao aborto legal na rede pública, bem como os procedimentos de profilaxia às mulheres em situação de violência, incluindo também o acesso a pílula do dia seguinte;
Assegurar a estruturação e o aparelhamento dos equipamentos de saúde da rede pública, especialmente daqueles voltados para o atendimento à saúde da mulher, incluindo recursos humanos especializados e outros insumos necessários;
Erradicar a mortalidade materna de mulheres negras, aprimorando as políticas em curso e incluindo o quesito cor na avaliação de risco;
Implantar políticas de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos nas áreas da educação, da saúde e da segurança, garantindo o respeito à livre orientação sexual, as identidades de gênero, a autonomia do corpo da mulher o direito ao aborto, bem como promover ações voltadas para a saúde sexual e saúde reprodutiva.

DIREITO À EDUCAÇÃODemandar ao Ministério da Educação (MEC) e das Universidades a efetivação e ampliação dos programas e das políticas de assistência voltados para a permanência dos alunos que ingressaram nas universidades por meio do sistema de cotas e de outras políticas de inclusão;
Garantir a efetivação de mecanismo de implantação das diretrizes curriculares sobre a história da África e das culturas afro-brasileira e indígena previstas no artigo (26.A da LDB, Leis 10.639 e 11.645), com aprimoramento dos currículos formação continuada, bem como elaborar e difundir materiais didáticos, paradidáticos e pedagógicos sobre a temática, direcionados aos profissionais da educação;
Fortalecer políticas públicas voltadas para a redução da evasão escolar, defasagem idade-série dos alunos pertencentes aos grupos étnicos e raciais discriminados.

DIREITO À JUSTIÇAPromover a proteção contra o racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata assegurando que todas as pessoas tenham acesso aos remédios eficazes e usufruam do direito ao acesso ao sistema de justiça e de outras instituições para solicitarem reparação ou satisfação justas e adequadas pelos danos ocasionados por tais formas de discriminação.
Adotar as medidas necessárias, como previsto na legislação nacional, para assegurarem o direito das vítimas em obterem reparação e satisfação justas e adequadas relativas aos atos de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata e a formularem medidas efetivas para prevenção da repetição de tais atos;
Promover políticas de enfrentamento à violência contra a população negra, em especial, aquela que acomete as mulheres negras, visando assegurar a vida, a segurança e a paz;
Erradicar o racismo institucional em todas as instâncias do sistema de justiça.
Assegurar políticas de prevenção e enfrentamento ao encarceramento da população negra, em especial das mulheres negras;
Assegurar ações de enfrentamento às violações do direito de culto e crença, com vistas a combater a discriminação contra as religiões de matriz africana;
Retirar de todos os órgãos do sistema de justiça símbolos de qualquer religião, considerando a laicidade do estado brasileiro;
Apoiar a criação de varas especializadas para tratar as questões raciais no poder judiciário;
Incentivar a criação de um núcleo de atendimento de questões raciais na defensoria pública;
Incentivar a geração de dados sobre o sistema de justiça para que possa ser criada jurisprudência em casos de racismo;
Promover campanhas contra a violência e os homicídios que ceifam a vida da juventude negra, bem como promover ações de reparação dos danos causados às famílias.

DIREITO À CULTURA, INFORMAÇÃO E À COMUNICAÇÃOAmpliar e efetivar ações afirmativas para as culturas negras nas políticas e programas de incentivo à produção cultural em todos os níveis.
Implementar e consolidar as ações para inventariar, restaurar e proteger o patrimônio cultural material e imaterial das culturas afro-brasileiras, especialmente das comunidades quilombolas e de matrizes africanas, promovendo a valorização dos conhecimentos e culturas destes segmentos;
Garantir e promover ações de enfrentamento à intolerância às religiões de matriz africana que afetam os terreiros e os adeptos dessas religiões.
Promover campanhas que eliminem a veiculação de estereótipos de gênero, raça/etnia, geracional, orientação sexual nos meios de comunicação (públicos e privados) e nas produções, conteúdos, programas e materiais didáticos;
Criar novos/outros regimes de visibilidade da população negra, em particular das mulheres negras, apoiado em outro imaginário capaz de romper com os códigos racistas e sexistas que compõem os discursos circulantes;
Estimular maior participação de profissionais negros, especialmente das mulheres negras, na estrutura ocupacional da mídia e dos sistemas de entretenimento;
Inserir nas discussões relativas à democratização da mídia no Brasil, o tópico da pluralidade com vistas a contemplar as múltiplas vozes, estéticas e perspectivas dos grupos etnicorraciais que compõem a nação brasileira;
Fortalecer as mídias populares e comunitárias; garantira participação e a representatividade da mulher negra nos meios; proibir o repasse de verbas públicas para veículos de comunicação que induzem ao racismo, sexismo, lesbofobia e transfobia.
Garantir a todas as pessoas, independentemente da condição socioeconômica ou da localidade, acesso a um serviço de banda larga de qualidade, barato e rápido.
Exigimos o fim dos oligopólios e monopólios de mídia, a transparência nas concessões de canais de rádio e televisão, o fortalecimento da comunicação pública e comunitária, e a diversidade e a pluralidade de conteúdo nos meios de comunicação do Brasil.

SEGURANÇA PÚBLICAErradicar o racismo institucional das políticas de segurança, coibindo o uso da violência racial que produz altos índices de homicídios contra a população negra, por meio de políticas de segurança pública, baseadas em Direitos Humanos;
Promover a participação, o delineamento e o controle social das políticas de segurança pública, considerando, fundamentalmente, a participação da população negra nos conselhos deliberativos dessas políticas;
Promover ações de enfrentamento ao genocídio da juventude negra, com a participação ativa dos grupos envolvidos;
Promover campanhas articuladas entre os órgãos púbicos e privados contra a violência racial, levando as demandas da população negra, em especial, das mulheres negras;
Ampliar o número de serviços para a atenção às mulheres negras vítimas de violência sexual e intrafamiliar, bem como, para os crimes raciais .


Marcha de Mulheres Negras contra o Racismo, a Violência e o Bem Viver!
ESTAMOS EM MARCHA !
Uma Sobe e Pucha a Outra!!!
Dia 31 de Julho de 2016 na Orla de Copacabana no posto "6" a partir das 10:00h da manhã

.

Claudia Vitalino.

Fonte: ONU Mulheres e Flacso\marcha nacional das mulheres negras\\ Comite Impusor da Marcha de mulheres negras\unegro-mulher

26 de Julho - Dia dos Avós -Discriminação na terceira idade

Tradição Cristã:Os Padroeiros dos Avós- Comemora-se o Dia dos Avós em 26 de julho,
e esse dia foi escolhido para a comemoração porque é o dia de Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus Cristo.

Século I a.C. - Conta a história que Ana e seu marido, Joaquim, viviam em Nazaré e não tinham filhos, mas sempre rezavam pedindo que o Senhor lhes enviasse uma criança. Apesar da idade avançada do casal, um anjo do Senhor apareceu e comunicou que Ana estava grávida, e eles tiveram a graça de ter uma menina abençoada a quem batizaram de Maria. Santa Ana morreu quando a menina tinha apenas 3 anos. Devido a sua história, Santa Ana é considerada a padroeira das mulheres grávidas e dos que desejam ter filhos. Maria cresceu conhecendo e amando a Deus e foi por Ele a escolhida para ser Mãe de Seu Filho. São Joaquim e Santa Ana são os padroeiros dos avós.

O papel dos avós na família vai muito além dos mimos dados aos netos, e muitas vezes eles são o suporte afetivo e financeiro de pais e filhos. Por isso, se diz que os avós são pais duas vezes.
As avós são também chamadas de "segunda mãe", e os avôs, de "segundo pai", e muitas vezes estão ao lado e mesmo à frente da educação de seus netos, com sua sabedoria, experiência e com certeza um sentimento maravilhoso de estar vivenciando os frutos de seu fruto, ou seja, a continuidade das gerações.

Celebrar o Dia dos Avós significa celebrar a experiência de vida, reconhecer o valor da sabedoria adquirida, não apenas nos livros, nem nas escolas, mas no convívio com as pessoas e com a própria natureza.

Aproveite esta data para mandar uma mensagem de carinho aos queridos vovô e vovó e dizer o quanto você lembra deles.
Gente teve uma propaganda de vodka dos anos 80, onde uma pessoa se deparava com ela mesma, no futuro, e “ela” do futuro dizia “Sabe quem eu sou? Eu sou você, amanhã!”?
Pois bem, essa frase, que é muito usada por quem viveu essa época, como eu, reflete o que acontece com os jovens por não entenderem, por questões culturais ou simplesmente por falta de informação, que nós hoje somos fortes, cheios de vigor, enfim, na “flor da idade” como dizem, e nem sequer pensamos como será a nossa vida após os 60.

A questão aqui não está no fato de sabermos que vamos morrer um dia, mas como vamos viver durante a nossa trajetória curta aqui no planeta. Gostaria de enfocar aqui a relação
entre os jovens e os idosos, que muitas vezes é desgastada, ou por falta de paciência, respeito e visão de futuro, ou pela “cegueira” e insensibilidade que a vida moderna às vezes nos impõe.
O lado cômico disso é que o tempo passa tão rapidamente que, quando vamos ver, já estamos na terceira idade. E logo nos vêm à cabeça essas reflexões sobre o que somos, o nosso papel e porque o ser humano é um dos animais que renegam a própria natureza e é capaz de tratar o seu semelhante idoso com desdém e desinteresse. 

Em alguns países mais desenvolvidos, isso ocorre ao contrário. O idoso é um símbolo de sabedoria e é tratado como um “rei”, pois só ele, idoso, é capaz de transmitir conhecimento adquirido aos mais jovens.

Aqui no Brasil o idoso é tratado como um “estorvo”, desde a relação familiar, a comunidade e principalmente pelo Estado, que recolhe impostos do cidadão por toda uma vida e, depois, lhe devolve muito pouco na sua aposentadoria, sem falar na assistência de saúde e outras coisas importantes como direito ao lazer, moradia digna, e por aí vai.

Por isso tudo é que a frase “Eu sou você, amanhã!” é pertinente e deve sempre ser lembrada, pois a nossa passagem aqui na Terra é muito rápida, frágil e cheia de surpresas.

Maus tratos na terceira idade- 
Os maus-tratos na terceira idade podem ser definidos como ato único ou repetido, ou ainda, ausência de ação apropriada que cause dano, sofrimento ou angústia e que ocorram dentro de um relacionamento de confiança (Organização Mundial de Saúde11).

Na literatura especializada, os maus-tratos são usualmente classificados em: físico, verbal, psicológico ou emocional, sexual, econômico, negligência e autonegligência.

Observa-se também que a violência contra a criança, o adolescente e a mulher são temas mais freqüentemente pesquisados do que a violência contra o idoso. Manthorpe & Watson8 alertam que existe interesse e urgência desproporcional no campo da proteção da criança. O mesmo não ocorre com relação aos maus-tratos contra idosos, possivelmente pelo fato de a criança trazer uma imagem mais desprotegida do que os idosos.
Do ponto de vista da saúde global, as diferentes formas de violência contra o idoso comprometem sua qualidade de vida, acarretando somatizações, transtornos psiquiátricos e morte prematura. Além disso, geram gastos com os setores da saúde, seja pelo aumento do número de atendimentos ambulatoriais, seja por internações hospitalares.


"Seis estudos abordaram diferenças na prevalência de maus-tratos entre os sexos."
Os estudos foram desenvolvidos nos EUA, China,Inglaterra, Dinamarca e Suécia, simultaneamente,Holanda, Canadá, Finlândia,Chile e Cuba.

Nove estudos avaliaram mais de um tipo de abuso, sendo o abuso verbal e o psicológico os mais recorrentes, com prevalências variando de 1,1% a 26,8% e 29,6% a 47%, respectivamente. No que concerne ao abuso físico, as prevalências variaram entre 1,2% e 16,5%. O abuso financeiro foi abordado em cinco estudos,2,5,10,16,18 com freqüência variando de 1,4% a 8,5%. A negligência foi estudada em cinco artigos, com prevalências de 0% a 24,6%.2,5,14,16,18 O abuso sexual não foi relatado.

Segundo a avaliação de qualidade dos estudos, seis foram classificados na categoria B e cinco na A.
Os estudos da categoria A2,7,10,14,15 foram conduzidos na Holanda, Inglaterra, EUA e Canadá. Neles, as prevalências de violência variaram entre 1% e 5% para as diferentes manifestações de abuso. Por outro lado, as investigações classificadas na categoria B,5,16,18,20,22,23 reportam coeficientes mais elevados, com prevalências que chegam a quase 50%, como no caso da violência psicológica contra idosos na Finlândia.5 Esse país apresentou elevado número de maus-tratos. Uma observação deve ser feita também com relação ao estudo realizado na Suécia e Dinamarca, com prevalência de abuso geral de 8%.20
A China destacou-se por apresentar baixa prevalência de abuso físico, em torno de 2%,22 em contraposição à alta prevalência de abuso verbal, com coeficientes superiores a 20%.


Apesar disso ainda á"A escassez de informações quanto aos agredidos e agressores é uma temática delicada, de difícil estudo e identificação, principalmente porque os idosos geralmente não denunciam abusos e as agressões sofridas. O fazem por constrangimento ou por temerem punições e retaliações de seus cuidadores que são, freqüentemente, os próprios agressores. Há ainda aqueles que sofrem maus-tratos mascarados e nem se dão conta que estão sendo vítimas de violência"...

Se liga:"A pirâmide social do país aponta para o envelhecimento da população brasileira".
O preconceito contra o idoso está presente nessa sociedade e, com freqüência, é manifestado pela falta de sensibilidade e de solidariedade, numa atitude em que torna depreciativo o destino inevitável de todos nós: sermos testemunhas do tempo. Envelhecer
é o exercício de viver, tanto que nas sociedades orientais é entendido como sabedoria. De forma oposta, no ocidente, é notado pela alteração de algumas funções orgânicas. O próprio adjetivo “velho” nos dicionários figura como: obsoleto, antiquado e gasto pelo uso, mas esquecemos que na linguagem coloquial “meu velho” traduz camaradagem, confiança, amizade e companheirismo – este é o real significado do envelhecimento. Ver o idoso como problema é ter uma visão míope do próprio futuro.

Concluindo- Você já presenciou algum tipo de preconceito contra idosos? Se não, quais seriam os mais comuns? Poderíamos citar alguns?
Quais os motivos que levam as pessoas a terem preconceito com os mais velhos?
Quantos idosos existem na sua família? Bairro? Comunidade? Você já parou para pensar na importância dessas pessoas

-O Estatuto do idoso representa um avanço no que diz respeito á garantia de direitos das pessoas mais velhas, mas por outro lado demonstra o grande preconceito de nossa sociedade por esta população, já que, se esses direitos fossem naturalmente respeitados, não haveria necessidade da criação de um estatuto. Já parou para pensar nisso?

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:www.bnb.gov.br/projwebren\www.scielo.br/scielo.php\unegro saude

domingo, 24 de julho de 2016

Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha

A temática da mulher negra, pesquisas realizadas nos últimos anos demonstram a gravidade da situação enfrentada: a mulher negra apresenta o menor nível de escolaridade, trabalha
mais, porém com rendimento mínimo, em condições precárias e de informalidade; e as poucas que conseguem romper as barreiras do preconceito e da discriminação racial e ascender socialmente necessitam se empenhar mais e abdicar de outros aspectos de suas vidas, como lazer, relacionamento, maternidade.

Esta realidade, que manifesta resquícios do período de escravidão, tem sido transformada através da luta e da organização das mulheres negras na América Latina e no Caribe. Apesar de ainda em desvantagem, mais mulheres e, mais mulheres negras estão se inserindo na universidade e no mercado de trabalho, estão conquistando espaços importantes na economia, na sociedade, na política. Essas mulheres estão lutando para transformar a realidade, superar as desigualdades e construir uma nova cultura na sociedade, de combate à opressão de gênero e ao racismo.Apesar de corresponder a 53% dos brasileiros, a população negra ainda luta para eliminar desigualdades e discriminações. São cerca de 97 milhões de pessoas e, mesmo sendo a maioria, está sub-representada no Legislativo, Executivo, Judiciário, na mídia e em outras esferas. Em se tratando do gênero, o abismo é ainda maior. Apesar da baixa representatividade de Mulheres Negras na política e em cargos de Poder e de decisão, cada ascensão deve ser comemorada como reconhecimento.

Feminismo Negro – A partir de 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana, com a realização do 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, criação da
Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas e a definição do 25 de julho como Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha. A data – A Lei nº 12.987/2014, foi sancionado pela presidenta Dilma Rousseff, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola, viveu durante o século 18. Com a morte do companheiro, Tereza se tornou a rainha do quilombo, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luiz Pinto de Souza Coutinho e a população (79 negros e 30 índios), morta ou aprisionada.


"A data objetiva ser um polo de aglutinação internacional da resistência das negras à cidadania de segunda categoria na região em que vivem, sob a égide das opressões de gênero e étnico-raciais, e assim “ampliar e fortalecer as organizações e a identidade das mulheres negras, construindo estratégias para o enfrentamento do racismo e do sexismo”.
A Marcha da Mulheres Negra no Brasil foi um marco e reuniu mais de 20 mil em Brasília...

“Nós, mulheres negras do Brasil, irmanadas com as mulheres do mundo afetadas pelo racismo, sexismo, lesbofobia, transfobia e outras formas de discriminação, estamos em marcha. Inspiradas em nossa ancestralidade somos portadoras de um legado que afirma um novo pacto civilizatório.”
Abaixo, da convocação da Marcha 2015... Reunimos mulheres negras, respeitando suas especificidades e diversidade em torno

de uma pauta comum. Despidas de nossas correntes ideológicas; superando as diferenças geracionais, religiosas, partidárias, o que sobra? Sobra o que somos essencialmente. Antes de tudo: mulheres negras.

– O racismo, o machismo, a pobreza, com a desigualdade social e econômica, tem prejudicado nossa vida, rebaixando a nossa auto-estima coletiva e nossa própria sobrevivência;

– O fortalecimento da identidade negra tem sido prejudicado ao longo dos séculos pela construção negativa da imagem da pessoa negra, especialmente da mulher negra, desde a estética (cabelo, corpo, etc.) até ao papel social desenvolvido pelas mulheres negras;

– As mulheres negras continuam recebendo os menores salários e são as que mais têm dificuldade para entrar no mundo do trabalho;

– A construção do papel social das mulheres negras é sempre pensada na perspectiva da dependência, da inferioridade e da subalternização, dificultando que nós possamos assumir

espaços de poder, de gerência e de decisão, quer seja no mercado de trabalho, quer seja no campo da representação política e social;

– As mulheres negras sustentam o grupo familiar desempenhando tarefas informais, que as levam a trabalhar em duplas e triplas jornadas de trabalho;

– Ainda não temos os nossos direitos humanos (direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais) plenamente respeitados.

Se liga: De acordo com o Mapa da Violência 2015, o assassinato de negras aumentou 54%, enquanto o de mulheres brancas diminuiu 10% na última década.
- Em um ano, morreram assassinadas 66,7% mais mulheres negras do que brancas no Brasil.
55,3% da violência contra mulheres ocorreu em casa, pela mão de companheiros, sendo que mulheres negras têm três vezes mais chance de sofrer feminicídio do que mulheres brancas.

- Mulheres negras também têm três vezes mais chance de serem estupradas do que mulheres brancas.

- A investigação policial no caso de assassinatos de mulheres negras é muito mais morosa, com muito mais casos sem solução ou sentença judicial sobre a morte.

- Enquanto mulheres brancas ainda ganham salários 30% menores que homens brancos, o salário de mulheres negras é ainda pior: 47,8% menor do que de homens brancos.
De 513 deputados federais na Câmara, apenas três são mulheres negras.

2016 por isso continuaremos marchando...

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.
fonte:Mulheres da UNEGRO/FNMN

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Neste dia do amigo:Carta da Liberdade..

A Carta da Liberdade é um documento fundamental da causa antiapartheid na África do Sul aprovado pela Aliança do Congresso, com a participação de Nelson Mandela.

O texto foi elaborado em meados da década de 1950, e aprovado pelo Congresso do Povo reunido em Kliptown (Soweto, em 26 de Junho de 1955.
A Carta defendia igualdade de direitos para todos os cidadãos sul-africanos, independente de sua etnia, e ainda a reforma agrária, melhoria das condições de vida e trabalho, justa distribuição de renda, obrigatoriedade do ensino público e leis efetivamente justas; foi instrumento importante na luta contra o apartheid.

Segue tradução da carta:
" NÓS, O POVO DA ÁFRICA DO SUL, PARA DECLARAR TODO O NOSSO PAÍS E DO MUNDO A SABER:  - Que a África do Sul pertence a todos os que nela vivem, negros e brancos, e que nenhum governo pode afirmar autoridade a menos que se baseia na vontade de todos os povos; - Que nosso povo tem roubado de sua terra de nascença, a liberdade ea paz, uma forma de governo fundado na injustiça e da desigualdade; - Que o nosso país nunca será próspero e livre até que todo o nosso povo viver em fraternidade, que gozam de direitos e oportunidades iguais; - Que somente um estado democrático, baseado na vontade de todos os povos, pode garantir a todos o seu direito de primogenitura, sem distinção de cor, raça, sexo ou crença; - E, portanto, nós, o povo da África do Sul, negros e brancos juntos iguais, compatriotas e irmãos adoptar esta Carta da Liberdade; - E nós nos comprometemos a lutar em conjunto, poupando nem a força nem coragem, até que as mudanças democráticas aqui estabelecidas forem ganhas.

O POVO GOVERNARÁ! - Cada homem e cada mulher tem o direito de voto e de elegibilidade de todos os órgãos que fazem as leis; Todas as pessoas têm o direito de tomar parte na administração do país; - Os direitos do povo será a mesma, independentemente de raça, cor ou sexo; - Todos os órgãos de governo minoritário, conselhos consultivos, conselhos e entidades devem ser substituídos por órgãos democráticos de auto-governo.

TODOS OS GRUPOS NACIONAIS TÊM IGUALDADE DE DIREITOS!- Não haverá estatuto de igualdade nos órgãos do Estado, nos tribunais e nas escolas de todos os grupos
nacionais e raças; - Todos os povos têm igual direito de utilizar suas próprias línguas, e desenvolver a sua própria cultura popular e costumes; - Todos os grupos nacionais devem ser protegidos por lei contra os insultos à sua raça e orgulho nacional; - A pregação ea prática
da corrida nacional, ou a discriminação de cor e desprezo deve ser um crime punível; Todas as leis do apartheid e práticas deve ser anulado.

O POVO DEVE COMPARTILHAR DA RIQUEZA DO PAÍS! - A riqueza nacional do nosso país, a herança dos sul-africanos, devem ser restauradas para o povo; - A riqueza mineral sob o solo, os bancos e o monopólio da indústria devem ser transferidos para a propriedade do povo como um todo; - Toda a indústria e comércio deverão ser controlados para ajudar o bem-estar do povo; - Todas as pessoas devem ter direitos iguais ao comércio onde escolher, para a fabricação e entrar todos os ofícios, ofícios e profissões.

A TERRA DEVE SER COMPARTILHADA COM AQUELES QUE TRABALHAM NELA!  - Restrições da propriedade da terra em uma base racial devem ser eliminadas e toda a terra deve ser dividida entre aqueles que trabalham para banir a fome e a fome de terra; - O Estado deve ajudar os camponeses com implementos, sementes, tratores e represas para salvar o solo e ajudar os perfilhos; - Liberdade de circulação deve ser garantida a todos os que trabalham na terra; - Todos têm o direito de ocupar a terra onde venham a escolher; - As pessoas não devem ser privadas de seu gado e os trabalhos forçados e prisões agrícolas devem ser abolidas.

TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI!  - Ninguém pode ser preso, deportado ou restrito, sem um julgamento justo; - Ninguém pode ser condenado por ordem de um funcionário do Governo; - Os tribunais devem ser representativos de todo o povo; - Prisão
deve ser apenas para crimes graves contra as pessoas e deve visar à reeducação, não vingança; - A polícia e o exército deverão ser abertos à todos em igualdade de condições e devem ser os ajudantes e protetores do povo; - Todas as leis que discriminam por motivos de raça, cor ou crença devem ser revogadas.

TODOS GOZAM DE IGUALDADE DE DIREITOS HUMANOS!- A lei garante a todos o seu direito de falar, de organizar, se reunir, a publicar, para pregar, para adorar e para educar os seus filhos; - A privacidade da casa das batidas policiais são protegidos por lei; - Todos devem ter a liberdade de viajar, sem restrição do campo para a cidade e de província para província, e da África do Sul no exterior; - As leis de passe, licenças e todas as outras leis restringindo as liberdades devem ser abolidos.

HAVERÁ TRABALHO E SEGURANÇA! - Todos os que trabalham devem ter a liberdade de formar sindicatos, para eleger os seus oficiais e de fazer acordos salariais com os empregadores; - O Estado reconhece o direito e o dever de todos para o trabalho e deve elaborar prestações de desemprego total; - Homens e mulheres de todas as raças devem receber salário igual para trabalho igual; - Haverá quarenta horas semanais de trabalho, um salário mínimo, férias anuais remuneradas, licença por doença e para todos os trabalhadores, e licença de maternidade na remuneração total para todas as mães que trabalham; - Os mineiros, trabalhadores domésticos, trabalhadores rurais e funcionários públicos devem ter os mesmos direitos que todos os outros que trabalham; - O trabalho infantil, trabalho composto, o sistema de tot e contrato de trabalho devem ser abolidos.

AS PORTAS PARA A CULTURA E O APRENDIZADO DEVEM SER ABERTAS!
- O governo deve descobrir, desenvolver e incentivar o talento nacional para o reforço da nossa vida cultural; - Todos os tesouros culturais da humanidade serão aberto a todos, por livre troca de livros, idéias e contato com outras terras; - O objetivo da educação é ensinar os
jovens a amar seu povo e sua cultura, de honrar a fraternidade humana,da liberdade e da paz; - A educação deve ser gratuita, obrigatória, universal e igual para todas as crianças, ensino superior e formação técnica, serão abertos a todos por meio de subsídios estatais e bolsas concedidas com base no mérito; - O Analfabetismo adulto deve ser eliminado por um plano de ensino de massa pelo Estado; - Os professores devem ter todos os direitos dos outros cidadãos; - A distinção de cores na vida cultural, no desporto e na educação deve ser abolida.

HAVERÁ CASAS, SEGURANÇA E CONFORTO! - Todas as pessoas devem ter o direito de viver onde escolher, dispor de moradia digna, e para trazer sua família com conforto e segurança; - Espaço de habitação não utilizada deve ser colocado à disposição do povo; Taxas e preços devem ser reduzidos, a comida abundante e ninguém deverá passar fome; - Um sistema de saúde preventiva deve ser executado pelo Estado; - Assistência médica gratuita e de hospitalização deve ser fornecida para todos, com atenção especial para as mães e crianças jovens; - Favelas devem ser demolidas, e os subúrbios reconstruídos no local onde todos têm transporte, estradas, iluminação, campos de jogos, creches e centros sociais; - Os idosos, os órfãos, os deficientes e os doentes devem ser tratados pelo Estado; - Descanso, lazer e recreação são direitos de todos; - Guetos e locais cercados serão eliminadas, e as leis que quebram as famílias devem ser revogadas.

HAVERÁ PAZ E AMIZADE!  - A África do Sul será um Estado totalmente independente, que respeita os direitos e a soberania de todas as nações; - A África do Sul deve se esforçar para manter a paz no mundo e à resolução de todos os conflitos internacionais pela via da negociação - a guerra não; - Paz e amizade entre todos os nossos povos serão garantidos por defender a igualdade de direitos, oportunidades e qualidade de todos; - O povo dos protetorados Basutoland, Bechuanaland Suazilândia estarão livres para decidir por si seu próprio futuro; - O direito de todos os povos da África para a independência e auto-governo deve ser reconhecido e será a base de uma cooperação estreita.

Deixe todas as pessoas que amam o seu povo e o seu país agora dizer, como dizemos aqui: POR ESTAS LIBERDADES NÓS LUTAREMOS, LADO A LADO, AO
LONGO DE NOSSAS VIDAS, ATÉ QUE NÓS GANHAMOS NOSSA LIBERDADE ! "

Um afro abraço, lutando por um pais mais justo!!!
REBELE-SE CONTRA O RACISMO!

Claudia Vitalino.
fonte:MANDELA, Nelson. Long walk to freedom. Londres, Penguin Group, 2007/fontos net

terça-feira, 19 de julho de 2016

O racismo nas redes sociais e defende que o discurso do ódio é a base da " desigualdade" no Brasil

As redes sociais são um reflexo do mundo off-line  que milhares pessoas usam como uma
pseudo liberdade de expressão  para destilar todo o discurso de ódio e as violações de direitos humanos que acontecem nas redes digitais são originárias das assimetrias sociais e da legitimação da desigualdade que é algo naturalizado na sociedade. O racismo, por exemplo, é um sistema de opressão institucionalizado no Brasil. Podemos identificar isso nas relações interpessoais, na forma como o Estado trata os cidadãos afro-brasileiros e, sobretudo, na economia. Quando alguém usa a Internet para cometer um ato de racismo, ela apenas sente-se mais confortável ao usar o anonimato e por ter o sentimento de impunidade, já que há muitos casos diariamente que não são resolvidos...

Não há como separar o racismo cometido nas redes digitais do sistema de opressão racial que existe no Brasil fora do mundo virtual. Não é à toa que vivemos num ambiente de extrema violência onde milhares de jovens, em sua maioria negros, são assassinados todos os anos. Nas redes digitais, as consequências do racismo são, em geral, de caráter psicológico. Já nas ruas as consequências são físicas e não raramente geram morte, sejam cometidas por grupos extremistas ou pelo braço armado do Estado.
"somos um dos países mais racistas do mundo, tanto se olharmos os números de denúncias, como no racismo institucionalizado das polícias, no serviço médico, na mídia, no mundo corporativo"

Vários estudos indicam um aumento de discursos de ódio canalizados através das redes sociais. Quais seriam as causas?


Há uma sensação de que existe um aumento do ódio na Internet. De fato, o número de
denúncias e reportagens sobre esse assunto só cresce. Mas se analisarmos friamente, vamos perceber que, na verdade, as redes sociais aumentaram o poder de comunicação dos cidadãos, amplificando discursos, por isso achamos que há mais violações, mas, de fato, elas sempre estiveram presentes em nossa sociedade, pois o discurso do ódio é a base da nossa abissal desigualdade. Mas, sem dúvida, esses discursos vêm tomando uma grande proporção nos últimos tempos. Funciona assim: se antes uma pessoa racista fazia um comentário em seu círculo social, isso ficava ali, até que alguém eventualmente o denunciasse...

Injúria- O crime de injúria está previsto no artigo 140 do Código Penal e consiste em ofender a dignidade ou o decoro de alguém “na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia,
religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”.

A pena pode chegar a três anos de reclusão. Se o promotor entender que houve racismo, os acusados podem responder pelos crimes previstos na Lei 7.716, de 1989. Há várias penas possíveis para racismo, entre elas prisão e multa. O crime de racismo não prescreve e também não tem direito à fiança.

Se liga
:Os momentos de crise política sempre elevam as tensões sociais e acirram o radicalismo. Não há dúvida que isso tem influenciado o aumento dos casos de racismo nas
redes sociais. Apesar da questão político-partidária não ser o foco de nossa pesquisa, percebemos isso ao vermos alguns números recentes. Casos de xenofobia, racismo e

intolerância religiosa, que já são bastante elevados no Brasil, terminam sendo ampliados em um contexto onde há uma crise de representatividade, de liderança e aumento de uma retórica nociva e polarizada. As tensões históricas e a extrema desigualdade brasileira são elementos fundamentais para compreender o momento atual.

 Marcus Garvey disse :“um povo que não conhece sua história é como uma árvore sem raiz“

 É preciso fortalecer as contra-narrativas ao discurso de ódio, apresentando fatos históricos importantes, além da valorização estética e cultural dos afro-brasileiros, e em especial das mulheres negras que são o alvo principal dessas agressões. Não podemos perpetuar a ideia de que a cultura negra começou há 500 anos com a escravidão. Isso é muito limitador, parcial e abre caminho para aberrações como essas.

Finalizando:A neutralidade da rede e o anonimato devem ser preservados, pois garantem outros direitos. A questão não é mudar a essência da rede, mas garantir que as pessoas sejam responsabilizadas por seus atos de maneira rápida e justa. Deve-se estimular uma maior participação cidadã nas redes, uma revisão dos procedimentos no caso de crimes digitais e o fortalecimento das instituições que combatem o racismo. A Internet nasceu livre, aberta, democrática e descentralizada. E assim deve permanecer.

Um afro abraço,

Claudia Vitalino.

fonte:www.pragmatismopolitico.com.br/brasil.elpais.com

sábado, 16 de julho de 2016

Ainda á falta de formação e informação dificultam educação de temas étnicos raciais nas escolas...

No Brasil, o racismo é uma temática que precisa ser discutida constantemente no âmbito educacional
e outros setores da sociedade, isto porque se trata de uma prática que, de certa forma, é camuflada no país como se fosse algo presente apenas no imaginário de alguns indivíduos vítimas deste e não um fato consumado que é visto na realidade cotidiana.

Apreender a percepção de professores quanto o racismo na escola e suas principais consequências no processo ensino-aprendizado. Métodos: estudo qualitativo, realizado em um colégio Estadual, com 16 professores de ensino fundamental e médio. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário semi-estruturado, e para a análise optou-se pela técnica de Análise de Conteúdo. Resultados: verificou-se que as manifestações de racismo na escola em estudo, em sua maioria foi evidenciada por meio de agressões verbais, principalmente direcionada à alunos negros e nem sempre estes acontecimentos foram tratados pelos professores de forma mais eficaz, capaz de prevenir outros episódios. Conclusão: é preciso mudanças nas propostas metodológicas e capacitação profissional de professores, afinal, por meio do processo educacional é possível prevenir as mais variadas manifestações de racismo no âmbito escolar bem como na sociedade.

Unitermos: Étnico-racial. .Racismo. Preconceito. Discriminação.

Percebe-se, que o negro sempre labutou e continua lutando pela sua equidade. E, dentre várias lutas, conseguiu levantar sua bandeira a partir da Lei 10.639/03, onde entrevê que o negro não deve ser visto somente como peça de trabalho, ou seja, a partir do tráfico negreiro, mas sim mostrar para o educando que este negro tem uma cultura, uma História a ser estudada, e foram os construtores do país chamado Brasil.

Vale ressaltar, que os educadores que se encontram no exercício de sua profissão sentem dificuldades perante certas situações de preconceito, isso se deve ao processo de assimilação de uma ideologia superior, imposta no âmbito escolar, já que quando eram educados, foram ensinados a perceber a vida do negro a partir da sua vinda ao Brasil para argamassar a economia de seus senhores mediante um trabalho duro e árduo.

"Analisar a desconstrução do racismo, preconceito e discriminação e a fomentação profissional dos Educadores da Escola Estadual de Ensino Fundamental Presidente Castelo Branco, teve como a finalidade detectar a práxis dos educadores no que diz respeito a situação de preconceito existente no âmbito escolar, bem como identificar o aporte teórico dos educadores acerca do bojo da Lei 10.639/03".

Percebe-se que, ao enfrentar tal questão, os educadores se deparam com um grande desafio que decorre da necessidade de se desfazer os equívocos que deturparam as culturas de origem africana nas áreas onde se desenvolveram relações de trabalho escravo. O desafio decorre, ainda, da urgência de se analisar os esquemas de violência que perpassam as relações entre os diferentes grupos da sociedade brasileira, de se estudar e de se vivenciar as culturas africanas e afro-descendentes como realidades dialéticas, dispostas no jogo social, permeadas por contradições e em constante processo de reinterpretação de si mesmas.

-É notório, que dentro da escola constantemente, ocorrem casos de discriminação, onde na maioria das vezes, os educadores tentam camuflar a prática do preconceito dizendo: “o que é isso meu filho?
respeite o seu colega, ele é igual a você!” Esta é uma prática que acaba deixando o aluno sem autoestima, pois o professor deveria conversar com os alunos e mostrar que fenotipicamente eles são sim diferentes, mas que o seu colega atingido preconceituosamente, tem uma História, uma identidade deixada por seus descendentes que o engrandecem enquanto seres humanos que somos.

Neste ensaio teórico estudaremos os contextos das questões étnicos raciais, bem como alguns conceitos sobre racismo, etnocentrismo, discriminação e preconceito, enfatizando que o diferente deve ser tratado com diferença dentro da igualdade. A formação dos professores mediante o bojo da Lei 10.639/03 e a análise da pesquisa aplicada na Escola Estadual de Ensino Fundamental Presidente Castelo Branco. Deste modo, ao final do estudo observaremos algumas vitórias que a sociedade negra conquistou, adquirindo assim um corpo social capaz de transformar e estruturar diversos fatos históricos que impulsionaram rumo à equidade social.

 Relações Étnico Raciais na Educação Brasileira...

O objetivo deste tópico é oferecer uma contribuição ao debate sobre o tema das desigualdades raciais no trato com a Educação e que, nos últimos anos, tem havido um efetivo esforço crescente dos movimentos sociais, autoridades e escolas para contribuir com reflexões sobre a questão racial/educacional.

A leitura sobre as relações étnico-raciais perpassa por uma análise de como o sistema educacional fomentou sua práxis profissional ao relacionar-se com seus educandos tidos como afro-descendentes. Como embasamento para pesquisa procuramos enriquecer este trabalho com os aportes teóricos de Ellis Cashmore “Dicionário relações étnicas e raciais” (2000); Gilberto Freyre em sua obra “Casa Grande e Senzala” (1942); José Carlos de Paula Carvalho em seu artigo “Etnocentrismo inconsciente, imaginário e preconceito no universo das organizações educativas” (1997); Kabengele Munanga no livro “Usos e Sentidos” (1988); Oracy Nogueira no artigo “Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem” (2006); O Conde de Gobineau na obra, “Ensaio Sobre a Desigualdade das Raças Humanas” (1855), bem como a assimilação das aulas do Curso de Especialização em Educação para Relações Étnico-Raciais – IFPA (2009).

-"Para compreender a Educação Brasileira, devem-se levar em conta as relações étnicas raciais que argamassaram esta nação, e que a construção capitalista desenvolvida neste território deve ser pontuada na escravidão a priori da população indígena e, posteriormente da população negra, gerando concepções e práticas racista que duram até nossa atualidade".

A matriz cultural brasileira recebeu força européia dominante, com intuito de silenciar as matrizes indígenas e africanas. Assim o português constrói um paradigma educacional que acaba consolidando
a formação educacional brasileira numa comunidade multirracial e pluriétnica. Segundo Rocha (2007, p.23), multirracial é um termo abrangente, sugerindo pluralidade de heranças por várias gerações. “Na realidade brasileira, podem ser encontrados indivíduos negros, asiáticos, brancos, indígenas. A maior parte da população, sem dúvida, resulta de mestiçagens várias de todos os grupos entre si, em maior ou menor grau”.

Apesar de considerarmos que o Brasil vive uma diversidade cultural, é notório que a escola ainda não se sente preparada para lidar com certas situações de racismo que segundo a acepção do “Dicionário Aurélio”, é “a doutrina que sustenta a superioridade de certas raças” (2004, p. 616).Enquanto sistema de pensamento, o racismo teve as suas primeiras teorizações no século passado, na França. O Conde de Gobineau foi o principal teórico das teorias racistas. Sua obra, “Ensaio Sobre a Desigualdade das Raças Humanas” (1855), lançou as bases da teoria arianista, que considera a raça branca como a única pura e superior às demais, tomada como fundamento filosófico pelos nazistas, adeptos do pan-germanismo.

Tal ideologia de superioridade desmonta a tese lançada no século XX, com o lançamento de “Casa Grande & Senzala”, de Gilberto Freyre que suscita um significativo debate acerca do provável relacionamento do escravo com seus senhores.

Freyre (1999) traz à tona a idéia de que no Brasil, houve um sistema patriarcal argamassado por uma economia agrária, onde a harmonia social fomentava-se a partir do cruzamento dos indivíduos envolvidos no processo de formação da civilização brasileira. Outra relação de brandura entre senhor e escravo pode ser constatada na miscigenação entre raça e cultura.

Ora, se realmente houve uma vicissitude entre indivíduos porque a ciência tenta montar explicações científicas de imputar no negro todos os males existentes na construção da sociedade. Dentre alguns estereótipos apontados ao negro, refere-se à mancha moral e física pré-conceituando este ser como sendo: impuro, pecaminoso, corrupto.

Munanga (1988, p. 14-15), concerne:

Em cima dessa imagem, tenta-se mostrar todos os males do negro por um caminho: a Ciência. O fato de ser o branco foi assumido como condição humana normativa e o de ser negro necessitava de uma
explicação científica. Uma primeira tentativa foi a de pensar o negro como um branco degenerado, caso de doença ou de desvio à norma.

A assimilação de superioridade nos é imposta, e muitas das vezes não nos sentimos preparados para enfrentar e desmistificar situações de preconceito, simplesmente por que não damos importância à formação continuada, haja vista que ao terminarmos a graduação nos intitulamos donos do “saber”, e diga-se de passagem, que para muitos educadores, basta apenas dominar o seu conteúdo e esquecem que a Educação é um processo que transforma o indivíduo incutindo neste ser, valores sócio culturais capazes de mudar o mundo, cabendo ao profissional da Educação estar antenado com as modificações que perpassam na sociedade.

O ambiente escolar é um local que agrupa diversos seres humanos com as mais variadas divergências. Emergindo assim um grave problema: Já que somos considerados racionais, atribuímos a nossa personalidade um tom de verdade. E quando vislumbramos o outro como diferente ao nosso comportamento, criamos obstáculos e discriminamos este ser, achando que ele se torna uma ameaça a nossa integridade. Tal situação tem como suporte no etnocentrismo. Ou, ainda poderia se dizer que etnocentrismo é: “visão de mundo que considera o grupo a que o indivíduo pertence o centro de tudo. Elegendo como o mais correto e como padrão cultural a ser seguido por todos, Considera os outros, de algumas formas diferentes, como inferiores”. (ROCHA 2007, p. 19)
A Educação e as organizações educativas são instrumentos culturais desse colonialismo cognitivo: é o etnocentrismo pedagógico e o correlato psico-cultural do “furor pedagógico”, uma gestão escolar autoritária e impositiva para nivelar as diferenças das culturas grupais por meio do planejamento. Oetnocentrismo consiste na dimensão ético-política da mesma problemática cuja dimensão psico-antropológica envolve a Sombra ou o Inconsciente.

É comum a comunidade escolar envolver-se com práticas discriminatórias, segregando os diferentes
da sociedade, com ofensas verbais e físicas. O etnocentrismo suscitou a partir de estereótipos denominados ao outro como: “preto, selvagem, fascistas, bagunceiros, olha o baleia, lá vem o boiola”, denominações perigosas que dentro da Educação necessita ser exterminado com a máxima urgência. Portanto, é certo que o negro sofreu e ainda sofre diversas discriminações no contexto escolar, onde ficou evidente a partir dos estudos feitos nas disciplinas Interdição do Negro no contexto da Legislação Educacional I e II, no Curso de Especialização para Relações Étnico-Raciais no IFPA, no período do primeiro semestre de 2009.

A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS EDUCADORES A PARTIR DA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 10.639/03

Com o advento da Lei 10.639/03, as instituições públicas e privadas sentiram necessidade de fomentar aos seus funcionários práticas pedagógicas que qualificassem os profissionais da Educação, neste sentido, tem-se como objetivo analisar os avanços que a formação profissional vem galgando rumo a um aperfeiçoamento das relações étnico-raciais.

Os avanços que a Educação Brasileira vem conquistando nas décadas mais recentes são inegáveis. Considerando as condições de acesso, pode se verificar que as conquistas ainda estão restritas à implementação de leis sem se atentar para seu cumprimento nas posturas e práticas e que devem ser corrigidas a partir do corpo docente e de toda a comunidade escolar.

"A Lei e seus aportes encaminham duas questões correlacionadas. Por um lado, elege a África como uma das matrizes das instituições nacionais, retirando da Europa o lugar de matriz única de nossa cultura. Por outro lado, diz respeito ao agente mais importante do processo educacional – o professor. (COELHO, p. 307-308)"

O papel da escola na desconstrução do preconceito -A escola tem o papel de formar o aluno para o exercício de cidadania, do trabalho e continuar aprendendo ao longo da vida. Esta é a orientação da Lei de Diretrizes de Bases e das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino no Brasil. Ampliar a cidadania é um dos objetivos principais que devem orientar o trabalho pedagógico, e por causa disso, a escola tem que buscar o desenvolvimento de competência e habilidades que permitam compreender a sociedade que vivemos. Mas esta sociedade deve ser entendida como uma produção “dinâmica” dos seres humanos, um processo permanente de construção e reconstrução. O entendimento deste desenvolvimento da cidadania também significa a capacitação para saber avaliar o sentido do mundo em que se vive, os processos sociais e o papel de cada um nesses processos.

Se liga:No ambiente escolar, o racismo perpetua ainda nos dias atuais, um problema vivenciado no cotidiano de vários professores, que expressaram as várias formas de manifestações raciais que já presenciaram neste ambiente, sendo a mais citada a verbal e direcionadas, em sua maior parte, à
indivíduos negros, grupo étnico-racial que tem sido maior vítima do racismo.

Apesar do racismo ser um problema visto também no ambiente escolar, notou-se que vários professores, de certa forma, se posiciona de maneira pouco expressiva, tentando resolver esse problema apenas quando ele se manifesta, e não de maneira preventiva, como deveria ser realizado.

O racismo na escola precisa ser minimizado ou até mesmo extirpado, para isso, é necessário capacitação dos professores no intuito de que os mesmos possam implementar propostas metodológicas capazes de propiciar os alunos o entendimento, a compreensão e sensibilização de que independente das diferenças étnico-raciais, o “ser” faz parte de apenas uma “raça” - a humana, logo, os indivíduos devem cumprir seus deveres e merecem os mesmos direitos, dentre eles, o de ser livres, inclusive de manifestações/comportamento de racismo, que propiciam consequências negativas no processo de ensino-aprendizagem, bem como em sua socialização.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:www.palestras-inclusivas.org.br/

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