UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

UNEGRO RUMO AOS 30 ANOS DE LUTA PELA POPULAÇÃO NEGRA

Movimento de lutas e conquistas
Entretanto, ao contrário dos países que adotaram sistemas explícitos de segregação racial, como a África do Sul na época do apartheid e algumas regiões dos Estados Unidos; o Brasil, por uma série de motivos históricos e sociais, tem um racismo camuflado, subterrâneo e

dissimulado, além de, em geral, ser negado pela maior parte da sua população. O racismo age como um agente invisível que vai determinando futuros de jovens, perspectivas de ascensão social para trabalhadores, longevidade para adultos e graus de dificuldade para projetos pessoais. De acordo com origens étnicas, pessoas têm chances diferentes e graus de dificuldades distintos nas construções de suas vidas. Por esta razão, a estratificação social do país interage diretamente com a questão étnica.

'As trajetórias dos movimentos sociais negros brasileiros têm sido marcadas por um processo histórico de resistências e de lutas em defesa do direito à diferença étnica e, ainda, pela implementação de políticas públicas voltadas à garantia dos princípios da reparação, do reconhecimento e da valorização do população negra brasileira".

O debate da necessidade de pensar a luta de classe e a luta anti-racismo influenciou a formação do pensamento das lideranças negras brasileiras na pensar de uma entidade ainda na década de 1970, que na resistência e na luta vem contribuindo para desconstruir os mitos fundantes do racismo: mito da inferioridade, do embranquecimento e da discriminação racial sentida pelos negr@s das décadas de 1970 e 1980, ao colocarem em suas agendas as denúncias de racismo institucional, de racismo à moda brasileira e da farsa da democracia racial, demarcaram um campo de força política imprescindível na conquista por direitos civis, políticos e materiais. Apesar do período de repressão militar, principalmente contra os comunistas "principalmente os negr@s" surgiu em todo pais contra o Racismo – uma reação à ideologia dos militares que apregoavam e sustentavam a existência da democracia racial no Brasil...Recuperando a nossa noção histórica de que o racismo foi construído historicamente no Brasil pela forma predatória que as classes dominantes acumularam suas riquezas e construíram o sistema capitalista, percebemos que a população excluída socialmente da sociedade brasileira é originária do contingente de negros que, no processo de abolição gradual e controlada da escravidão no século XIX, passou da condição de escravo para cidadão marginalizado. Toda esta população, independente da tonalidade da cor da pele, é vítima direta ou indiretamente do racismo.

A identidade da elite.
..
. Na verdade, esta identidade que a elite constituiu continha, na sua essência, um certo grau de frustração com o fato de estarem em um país formado majoritariamente por pessoas não brancas. Por isto, em quase toda a curta história do capitalismo brasileiro, as classes dominantes brasileiras funcionaram como gerenciadoras de negócios lucrativos para a burguesia transnacional, não se importando de ocupar, neste projeto de desenvolvimento associado, um lugar não hegemônico.Mas deixemos de lado a identidade da elite. E a identidade da população excluída, originária dos escravos libertos em 1888? Primeiramente,

a identidade desta população foi construída pelo seu opressor: era um grupo diferenciado pela classe dominante por ser negro, bárbaro, não civilizado, não cristão. Diante disto, a estratégia de luta pela emancipação deste segmento pode variar desde uma construção de identidade dentro dos referenciais oferecidos pelas classes dominantes, ou seja, dentro dos marcos de um grupo diferenciado, ou então a partir de um pressuposto novo, de reconstrução da sua identidade enquanto classe explorada e com perspectiva de superar a condição de explorado, o que significa atuar como um grupo específico. Não consideramos estas duas perspectivas estratégicas como estanques, mas dialeticamente como processos de construção de uma identidade. É evidente que, historicamente, percebemos que o movimento negro transita entre uma e outra posição, porém o que nos interessa aqui é apontar perspectivas de superação do racismo.

 União de Negros Pela Igualdade - "entidade politica racial".
Este corte político é importante para definirmos os parceiros estratégicos na luta contra o racismo brasileiro: os movimentos sociais de um modo geral, que representem o conjunto de proletários que sejam direta ou indiretamente vitimados pelo projeto neoliberal. Para tal, entendemos que é necessário a construção de formações simbólicas que retomem os ideais de espaço público, universalidade de direitos, respeito às diferenças, igualdade social hoje relativizados com o predomínio da ideologia da sociedade de consumo.

O DNA da UNEGRO.
O projeto Negro Cidadão, de luta se desenvolveu o caldeirão onde foi fundado a UNEGRO participou ativamente de várias ações do Movimento Negro Brasileiro e do Movimento Popular, "desde sua fundação, em julho de 1988", na cidade de Salvador / Ba, em pleno processo de redemocratização do país, depois de três longos anos de intensos debates e tem por objetivo precípuo o combate ao racismo e toda forma de discriminação e opressão social e sua luta esta marcada pela defesa da vida, cidadania e igualdade de oportunidades para a maioria da população brasileira. sua intensa participação e formulação de propostas que contribuiu para que hoje surgia uma nova perspectiva na condução da luta antirracista no Brasil. Sob influência do professor Clóvis Moura, respeitado e pioneiro pesquisador do tema, a entidade rompeu com o entendimento predominante de que racismo era um fenômeno isolado de separação de entre negros e brancos sejam assumidos como algo importante a serem superados pelo Estado Brasileiro.Ao contestar a visão reducionista do movimento negro – e também da esquerda -, a Unegro propôs entrelaçar às questões de raça uma concepção de classe. Formou, assim, a base que conduziria a atuação da entidade dali pra frente – depois, foi incluída também a questão de gênero. O momento da criação foi propício, dadas as condições favoráveis do novo cenário político, marcado pelo fim da ditadura militar
(1964-1985) e pelo início do processo de redemocratização do país. Ainda assim, a criação da Unegro não se deu sem resistências.O primeiro desafio da entidade foi interno. O rompimento com a lógica proposta pelo movimento negro da Bahia, até então muito caracterizado pelas atividades culturais, com a atuação dos blocos afros de carnaval, não foi de todo pacífico. A Unegro defendia um enfrentamento mais ‘rebelde’ do racismo. O negro não quer só tocar tambor” era uma das frases apresentadas pela nova corrente. Em relação à esquerda, a entidade contrariou o entendimento de que era preciso esperar as transformações sociais acontecerem para se conquistar a igualdade racial. Propunha uma luta concomitante.

“A Unegro levou para setores vastos a importância de lutar contra o racismo hoje e não esperar as transformações da sociedade. Antes, achava-se que o racismo era uma questão a ser resolvida com a questão de classe. Existiu uma certa discriminação, mas, à medida que a Unegro começou a desenvolver suas lutas e estar ao lado das entidades do movimento, foi conseguindo espaço. Mas foi um processo longo”, contou Antônio Carmo, fundador e 1º Coordenador geral da entidade.

O segundo desafio foi externo e estava relacionado à disseminação, naquele período de abertura política, da ideia de que havia uma democracia racial no Brasil. A defesa da Unegro é de que o racismo era muito mais profundo do que se supunha e que estava enraizado na sociedade brasileira. Mirou-se na acadêmica, antro de brancos, para deixar um recado: o negro não quer mais ser apenas o objeto de estudo; o negro quer produzir estudo. Nivaldino Félix, também um dos fundadores, explicou que os anseios por uma ‘rebelião’ no modo do negro estar na sociedade já eram latentes muito antes de 1988, ano da criação da

Unegro. Lembrou de uma atividade considerada fundamental em que ele, Valdir Estrela e Leo Ornellas (também fundadores da Unegro), que formavam um grupo informal de negros no bairro de Nordeste de Amaralina, participaram no município de Uberaba (MG), em 1985. Era um encontro proposto pelo prefeito da cidade, Wagner Nascimento, que era negro, com lideranças negras e o então presidente da República, José Sarney.

Em Minas, os três baianos participaram de discussões sobre a importância da ascensão da população negra e da inserção nos espaços de Poder, como forma de garantir um olhar mais sensível para a luta contra a desigualdade. Wagner Nascimento era uma das grandes referências, pois entrou para a História como o segundo prefeito negro do Brasil. Na volta, o trio estava embebido pelo desejo de transformação social e encontrou novos parceiros para a organização de um grupo mais sólido e formal, como Antônio Carmo.


A escolha do nome foi feita democraticamente e traduz, segundo Antônio Carmo, as bases que compõem a entidade. A ‘União de Negros’ está relacionado à luta racial e ‘pela Igualdade’ se refere ao ideal socialista. Nivaldino lembra que a primeira atividade,


após a criação, aconteceu também na Biblioteca Pública dos Barris e se tratava de um debate sobre o negro e as crianças abandonadas nas periferias. Disse que foi um sucesso. “Foi muita gente ouvir as nossas propostas”, contou.

As primeiras tarefas, ainda de acordo com Nivaldino, estavam concentradas no esforço de

ampliar os debates sobre o racismo, principalmente, nos bairros populares de Salvador. Foram criados núcleos nas comunidades da Liberdade, Nordeste de Amaralina e Cosme de Farias. “Nós construímos a entidade dentro das comunidades. A gente precisava fazer uma discussão diferenciada e levar para a negrada”, acrescentou Nivaldino.

Antônio Carmo explicou que o objetivo, naquele primeiro momento, era atuar em conjunto e de maneira mais ampla. “O grande esforço foi tirar o movimento negro do gueto, pois ficava preso em estereótipos e dogmas que atrasavam muito a luta da discriminação”. Ao analisar a história da Unegro, disse que muitas vitórias foram alcançadas em relação a esse objetivo, mas que ainda muito é preciso fazer pela mobilização do povo negro.

Pouco mais de um ano após a criação, em setembro de 1989, a Unegro apresentou, em parceria com o Olodum e com a APLB-Sindicato, uma emenda popular à Assembleia Estadual Constituinte, que propunha incluir no documento um capítulo relacionado à discriminação racial. Dos quatro artigos sugeridos, três foram aprovados pelos constituintes. Uma vitória significativa para a entidade recém-criada, que consegue, de fato, o respeito entre o movimento negro e a esquerda.
A organização completa 29 anos em 2017, forjados na batalha incessante contra o racismo, as desigualdades de gênero e de classe social. É uma organização cuja trajetória não se perde um instante na defesa do exercício pleno da cidadania pela população negra brasileira, compromisso firmemente concatenado com o fortalecimento da democracia e o desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Esta convicção política sustenta as raízes do nosso crescimento, respeitabilidade e aliança com amplos setores progressistas da sociedade, com o firme propósito de construção de uma sociedade, livre, justa e solidária .

São Objetivos da UNEGRO:
Lutar contra o racismo em todas as suas formas de expressão;
Empenhar-se na preservação e desenvolvimento da cultura negra;
Defender o livre direito de escolha da orientação sexual dos homens e mulheres negras;
Defender os direitos culturais da população negra;
Externar solidariedade e apoio à luta dos povos africanos e povos oprimidos de todo o mundo;
Lutar pelo exercício da cidadania em todos os setores da vida social do país;
Defender de uma sociedade justa, fraterna, sem exploração de classe, de raça ou baseada na exploração entre os sexos.

Para a UNEGRO que, ao lado de outras organizações, lutou pela aprovação da Lei 10.639/03, pela aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e acompanhou todas as etapas do julgamento das cotas no STF, conquistando o veredicto de aprovação unanime do Sistema de Cotas, promover palestras, seminários, debates, em universidades, escolas públicas e particulares, bairros populares e outros espaços em que seus representantes venham a ser convidados para desenvolver a luta contra o racismo é contribuir com a formação de novas consciências antirracistas.”

Por hora a unegro conclui-se que os negros brasileiros ainda têm muitas lutas pela frente. São muitas reivindicações a serem conquistadas e movimento negro por se unir cada dia mais
vem assegurando seus direitos. A igualdade de oportunidades iguais é garantir as políticas públicas como cotas por exemplo e as ações afirmativas públicas e privadas. 

A luta contra a discriminação é constante e a população negra deve sempre se manter unida na luta para continuar a ampliar gradativamente e perpetuar nossos direitos deixando de ser cidadão de segunda classe.

A UNEGRO-RJ Realizou o seu  VI Congresso do estado do Rio de Janeiro, nos dias 19 e 20 de Agosto de 2017 na cidade do Rio de Janeiro , onde foi debatido os eixos das bandeiras e trincheiras do próximo quadriênio da entidade no estado...

REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

fonte:Jeronimo(ex diretor da unegro)\Edson França (vice presidente da unegro)claudia Vitalino(secretaria geral da unegro)

terça-feira, 29 de agosto de 2017

História nossa gente: Patrice Lumumba

Foi o primeiro chefe de governo da República Democrática do Congo. Buscou a descolonização de seu país das mãos da Bélgica, destruir totalmente o poder colonialista europeu presente na África, erradicar o ultraje e o espólio que durante séculos sofreu o continente. Em 1958, se orientou decididamente para a luta pela descolonização do Congo por conta das escassas possibilidades de ação social que permitiam as
autoridades coloniais belgas e, assim, fundou o Movimento Nacional Congolês, partidário de criar um Estado independente e laico, cujas estruturas políticas unitárias ajudaram a superar as diferenças tribais, criando um sentimento nacional.

A CENA não podia ser mais chique. Em 2010, Lord Lea de Crondall tomava chá com a baronesa Park de Monmouth e comentou um trecho de um livro que discutia o envolvimento do serviço secreto britânico no assassinato do primeiro-ministro congolês Patrice Lumumba, em 1961. O mistério completaria meio século. Lumumba tinha 35 anos e parecia um Fidel Castro (versão 1.0) africano. Vencera uma eleição e mal completara três meses como primeiro-ministro quando foi deposto e preso. Fugiu e foi capturado. Seu assassinato foi um crime que superou, de longe, a execução do Che Guevara. Primeiro, porque estava no seu país. Ademais, porque foi filmado apanhando, até mesmo quando soldados tentavam fazê-lo comer um documento que assinara. A imagem de sua altaneira resignação, com as mãos amarradas, está no YouTube (http://youtu.be/HtzfCMHX1Yg). Tropas da ONU que policiavam o Congo poderiam tê-lo libertado. Lumumba foi martirizado durante duas semanas. Apanhou de soldados, generais e até mesmo do presidente de uma província rebelada. Finalmente, no dia 17 de janeiro de 1961, militares congoleses e mercenários europeus encostaram-no numa arvore e fuzilaram-no.

A execução foi uma espécie de Assassinato no Expresso Oriente da Guerra Fria. Os americanos tentaram envenená-lo, os belgas tratavam-no pelo codinome de Satan e planejaram seu assassinato. O primeiro-ministro inglês discutira sua “eliminação” com o presidente americano Eisenhower, mas o dedo de Londres só apareceu durante o chá dos lordes.

Faltava uma peça: quem armou a cena final?
“Fomos nós. Eu organizei a coisa”, disse a octogenária baronesa de Monmouth. Aos 39 anos ela era
Daphne Park e chefiava a estação da inteligência inglesa no Congo. Para quem se habituou com a cenografia de James Bond, Park encarnava o anticlímax. Com jeitão de missionária gorda, dirigia um Citroën velho.

Até chegar à Câmara dos Lordes, passaria por Moscou, Zâmbia e Hanói. Nunca falou de sua carreira, ria do Bond de Ian Fleming e não gostava das tramas de John Le Carré. Daphne morreu aos 88 anos, poucos meses depois de seu breve comentário com Lord Crondall. Ele narrou a conversa numa carta recente ao London Review of Books.
Recompondo-se os fatos de janeiro de 1961, é possível que Daphne tenha organizado e instruído a ida de um ex-assessor de Lumumba à prisão onde ele estava, transferindo-o para a capital de uma província rebelada, onde seu fim estaria selado. Semanas antes, ela salvara a vida desse novo colaborador escondendo-o na porta-malas de seu carro.

Passados mais de 5o anos do assassinato de Lumumba, ficou o saldo. De 1961 a 1997, o Congo foi governado por Joseph Mobutu, um policial transformado em coronel, queridinho da Central Intelligence Agency americana. O embaixador inglês achava-o incapaz de se tornar ditador. Foi um arquétipo dos cleptocratas africanos, intitulando-se Messias, Supremo Combatente e O Grande Leopardo. Juntou algo como US$ 5 bilhões, mais um castelo na França. Desde então o Congo viveu meio século de guerras civis (numa das quais se meteu Che Guevara) e nelas morreram milhões de pessoas. País de imensos recursos
naturais, o Congo é um dos mais pobres e corruptos do mundo.

"O pensamento de Patrice Lumumba constituiu um perigo para as potências ocidentais exploradoras dos povos africanos. Meio século depois, as autoridades estadunidenses reconheceram sua implicação na derrubada e assassinato do líder congolês".

Um afro abraço.
Claudia Vitalino

fonte:https://pt.wikipedia.org/

domingo, 13 de agosto de 2017

Supremacistas brancos nos EUA deixa ao menos 1 morto e 33 feridos...

Grupos racistas e rivais se enfrentam nas ruas de Charlottesville com socos, chutes e golpes de
bastões de pau e ferro; motorista joga carro sobre multidão e pelo menos uma pessoa morreu e outras 33 ficaram feridas neste sábado (12) em um protesto de supremacistas brancos na cidade universitária de Charlottesville, no Estado americano de Virgínia.

Durante o confronto, um homem atropelou um grupo de pessoas que protestava contra a marcha da extrema-direita dos EUA, que é contra negros, imigrantes, gays e judeus. A vítima, que segundo a imprensa norte-americana uma mulher de 32 anos, não teve a identidade divulgada.

-Além disso, dois policiais morreram na queda de um helicóptero perto do local dos confrontos. A informação foi confirmada pelo Departamento de Polícia de Charlottesville.


Se liga: Pouco antes, o governador da Virgínia (EUA), o democrata Terry McAuliffe, havia declarado estado de emergência para “ajudar na resposta do poder público” à onda de violência, que começou na noite de sexta-feira por causa de uma manifestação de militantes nacionalistas e racistas de direita contra a retirada de uma estátua do general Robert E. Lee, líder dos confederados na Guerra Civil americana. Horas depois, um carro atropelou uma multidão que protestava no centro da cidade, deixando vários feridos – o número não foi divulgado.

O presidente Donald Trump em seu pronunciamento disse: “Nós devemos TODOS estar unidos e condenar tudo o que representa o ódio”, escreveu em mensagem no Twitter. “Não há lugar para esse
tipo de violência na América”, disse.Segundo o site TMZ, o motorista do veículo era James Alex Fields Jr, de 20 anos, natural de Ohio. Ele já foi preso e acusado formalmente de assassinato em segundo grau. O jovem, residente em Maumee (Ohio), está detido na prisão do condado de Albermarle-Charlottesville. O chefe de Polícia da cidade, Al Thomas, afirmou em coletiva de imprensa que o atropelamento foi um ato premeditado.

Fontes no Hospital da Universidade da Virgínia informaram que outras 19 estavam sendo atendidas após terem ficado feridas no atropelamento.


Estudo revela que 50% das vítimas de homicídio nos EUA é negra
De acordo com a ONG, que considera que se trata de um problema com características de “crise nacional”, o foco dos esforços para reduzir os números de homicídios nos Estados Unidos passa por “reduzir o acesso e a exposição às armas de fogo”. O estudo, segundo a VPC, foi elaborado a partir dos dados mais recentes do FBI sobre o tema, contidos no “Relatório Suplementar de Homicídios” até agora não publicado e correspondente ao ano de 2013.

Nesse ano, 6.217 negros foram vítimas de homicídio, o que significa 16,91 para cada 100 mil habitantes, enquanto no caso dos brancos a taxa foi de 2,54 para cada 100 mil. A taxa nacional de homicídios foi em 2013 nos Estados Unidos de 4,27 por 100 mil. A maioria das vítimas é homem (87%) e a idade média é 31 anos.

Para a VPC, esses números mostram a “devastação” que os homicídios estão causando entre os adultos e as crianças negras, uma comunidade à qual pertence 13% da população do país.

Ao todo, 84% dos homicídios de negros que se tem conhecimento foram cometidos com arma de fogo. Em 72% dos casos o autor do crime era alguém conhecido da vítima.

Na metade dos casos contabilizados em 2013 nos quais a vítima era negra houve uma discussão antes. Dos 6.217 negros assassinados em 2013, 140 o FBI classifica como “justificado” pela lei, ou seja, cometido por policiais. A VPC não indica se houve casos “injustificados” nessa mesma categoria e lembra que o FBI prometeu fornecer em 2017 mais dados sobre as mortes de negros provocadas por agentes da lei.
O estado com maior índice de homicídios com vítimas negras em 2013 foi Indiana (34,15 por
cada 100 mil), seguido do Missouri (30,42) e Michigan (30,34).

“No Brasil é normal ser racista, anormal é lutar contra isso”
O racismo no Brasil é escancarado: O racismo no Brasil pelo olhar de quem vem de fora: documentário Open Arms, Closed Doors aborda o problema do nosso racismo disfarçado.

Discutir o racismo na sociedade brasileira sempre é um assunto controverso. Para início de conversa, uma parcela significativa da nossa população insiste em dizer que este é um problema que não enfrentamos. Somos miscigenados, multirraciais, coloridos. Como um país assim pode ser racista?

Foi essa a pergunta que o angolano Badharó, protagonista do documentário “Open Arms, Closed Doors” (Braços Abertos, Portas Fechadas – vídeo no fim do texto), que dirigimos para a rede de TV Al Jazeera e que será veiculado a partir de hoje em 130 países, se fez quando chegou ao Brasil em 1997 esperando encontrar o Rio de Janeiro que ele via nas novelas.

Badharó é um dos milhares de angolanos que vieram viver no Brasil. Depois de fugir da guerra civil no seu país de origem, escolheu aqui como novo lar – um país sem conflitos, alegre, aberto aos imigrantes e cuja barreira da língua já estava ultrapassada à partida. Foi parar no Complexo da Maré, onde está localizada a maior concentração de angolanos do Rio de Janeiro.

O racismo está desde o genocídio da população negra provado por números, até na ausência dos tons de negro nas maquiagens. Então concordo, sempre que uma pessoa negra é agredida, todos nós
somos. Entretanto reagíamos a isso de forma distinta. Tem pessoas que perdoam, tem pessoas que fingem que não aconteceu, tem pessoas que ficam deprimidas...

Para quem defende que o Brasil não é um país racista, vale ouvir o que ele, um imigrante negro, tem a dizer sobre a nossa sociedade. Badharó não nasceu aqui, não carrega nossos estigmas, não foi acostumado a viver num lugar em que muitos brancos escondem a bolsa na rua quando passam ao lado de um negro. Depois de 15 anos vivendo numa comunidade carioca, ele tem conhecimento de causa suficiente para afirmar: “O Brasil é um dos países mais racistas do mundo, mas o racismo é velado”. O documentário segue a rotina deste rapper de 35 anos e mostra o dia a dia de quem sofre na pele uma cascata de preconceitos, por ser pobre, negro e imigrante.

Nós negros ainda temos muita dificuldade de agir, porque a lei é falha e engloba atos como esses em injúria e porque nos falta recursos  ou porque fingimos que ele não existe porque ainda aceitamos que
o racismo seja naturalizado acreditando que a problema é o negro e não o racista, só mudando essa lógica que vamos fazendo com que as estruturas não se mantenham intactas.
REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
fonte:www.correiodacidade.com.br/https://brasil.elpais.com - fotos internet

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Jornalista JOSÉ BENEDITO CORREIA LEITE

José Correia Leite nasceu no dia 23 de agosto de 1900 era filho de mãe solteira, sua certidão não tinha o nome do pai. Mas um amigo íntimo garante que foi um senador da República para quem a mãe teria trabalhado. Sozinha com o filho, para poder trabalhar de empregada doméstica, a mãe era obrigada a
deixá-lo na casa de estranhos, que o maltratavam. Sem alguém que se responsabilizasse por sua educação, o menino foi impedido de frequentar a escola, em São Paulo. Foi entregador de marmitas, lenheiro e cocheiro. Autodidata, teve incentivo de uma antiga patroa, professora, para que estudasse sozinho.
Tornou-se um dos expoentes do movimento negro brasileiro. Aos 24 anos, junto com Jayme de Aguiar, fundou o jornal O Clarim, rebatizado posteriormente de O Clarim d’Alvorada. Era um jornal feito por negros e para a comunidade negra, publicado entre os anos de 1924 a 1932. Nele, Correia atuou como diretor responsável, redator, repórter e gráfico. Ainda no início do jornal, começou a ter notícias sobre o processo de discriminação racial nos Estados Unidos que muito o influenciou.

O militante negro
Foi um dos mais ativos nomes do movimento negro brasileiro. Um dos fundadores, em 1931, da Frente Negra Brasileira, compôs o conselho da entidade, mas depois se demitiu por divergências ideológicas, durante a aprovação dos estatutos.

Em 1932, dirigiu o jornal A Chibata. No mesmo ano, criou o Clube Negro de Cultura Social, do qual foi um dos secretários e orientadores e onde publicou a revista Cultura. Mesmo assim, com uma ajuda aqui e outra ali, foi aprendendo a ler e a escrever. Um dos que o ensinaram foi o amigo Jayme Aguiar com quem, aos 24 anos, ele fundou o jornal O Clarim, depois rebatizado de O Clarim d’Alvorada, que durou até Getúlio Vargas estabelecer o Estado Novo, em 1937. A vibração da escrita e a negritude lhe pulsavam nas veias, assim, após o fim da ditadura getulista, Correia Leite, Fernando Góis e Raul do Amaral criaram o jornal Alvorada, em 1946.O clube funcionou até 1937. Em 1945, José Correia Leite colaborou com a fundação da Associação dos Negros Brasileiros (ANB), passando a editar o jornal Alvorada. A ANB encerraria suas atividades em 1948. Em 1956, foi criada a Associação Cultural do Negro, na qual Correia Leite assumiu a função de Presidente do Conselho Deliberativo, até 1965. Em 1960, participou ainda da elaboração da revista Niger.

Além da militância, na qual foi uma referência, João Correia tinha a preocupação de construir um diálogo com os pesquisadores que se debruçavam sobre a questão racial. Assim, ele colaborou com depoimentos e material bibliográfico para diversos trabalhos sociológicos, como Relações Raciais entre Negros e Brancos em São Paulo – pesquisa dirigida por Roger Bastide e Florestan Fernandes; A Integração do Negro na
Sociedade de Classes – tese de Florestan Fernandes; Racial Consciousness and Policial Atitudes and Behavior of Blacks in São Paulo, Brazil – tese de Michael Mitchell; e A Imprensa Negra em São Paulo – tese de Miriam Nicolau Ferrara. Também participou de diversos congressos, seminários e convenções, como o III Congresso de Culturas Negras das Américas – PUC / SP, 1982, mostrado no documentário Ori de Raquel Gerber. Foi entrevistado ainda para a realização de documentários cinematográficos, como O Negro da Senzala ao Soul, da RTC, e A Escravidão, de Zózimo Bulbul.
-"E disse o velho militante José Correia Leite, que deveria ser o livro de cabeceira de todos nós. Correia Leite pintava aquarelas, de cores suaves. Talvez fosse a única maneira para serenar seu espírito vibrante e guerreiro, ante as injustiças sociais."

Faleceu em 27 de fevereiro de 1989, em São Paulo, aos 88 anos de idade.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
fonte:www.palmares.gov.br/

sábado, 5 de agosto de 2017

Artistas negros no Brasil e identidade...

Passado e presente de discriminação - A ciência dos séculos 18 e 19 considerava que os brancos possuíam maior capacidade intelectual. Depois vinham os índios e, por último, os negros. Alguns estudos
afirmavam que os negros se situavam abaixo dos macacos. "Qualquer que seja o grau dos talentos dos negros, ele não é a medida dos seus direitos", Thomas Jefferson (1743-1826), político americano.

A identidade da criança negra- O trabalho de educação e cultura anti-racista deve começar cedo. Na Educação Infantil, o primeiro desafio é o entendimento da identidade. A criança negra precisa se ver como negra, aprender a respeitar a imagem que tem de si e ter modelos que confirmem essa expectativa. Por isso, deve ser cuidadosa a seleção de livros didáticos e de literatura que tenham famílias negras bem-sucedidas, por exemplo, e heróis e heroínas negras e etc... Se a linguagem do corpo é especialmente destacada nas séries iniciais, por que não apresentar danças africanas, jogos como capoeira, e músicas, como samba e maracatu e outras expressões culturais a criança e jovens negros precisam se enxergar...
O silêncio é uma constante nas relações raciais. De forma consciente ou inconsciente, como agem os que não sabem lidar com o assunto. Desse modo, tornou-se natural tratar a história do negro apenas na perspectiva da escravidão e aceitar padrões estéticos e culturais de uma suposta superioridade.branca.

Jesuíno Francisco de Paula Gusmão (1764 – 1819) Nascido em São Paulo era conhecido como Frei Jesuíno do Monte Carmelo. “Ecce Homo” foi a obra que o projetou nas artes plástica. A maior parte do seu trabalho foi murais para igrejas, reformas na arquitetura dos prédios destruíram a maioria. Um dos poucos murais restantes está na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Itu.

Emmanuel Zamor (1840-1917) Baiano, foi adotado pelos franceses Pierre Emmanuel Zamor e Rose Neveu, na paróquia de Nossa Senhora da Conceição da Praia. Aprendeu música e desenho na Europa, por volta de 1845. Freqüentou a Academie Julian, em Paris, anos antes de Tarsila do Amaral. De acordo com a documentação da época é possível que ele tenha convivido com Cézanne, Renoir, Degas, Pisarro, Monet e Sisley. Um incêndio destruiu seu acervo quase por completo.

Estevão Silva (1845-1891) Nasceu no Rio de Janeiro, foi o primeiro pintor negro formado pela Academia Imperial de Belas Artes, teve como companheiros Almeida Junior, Rodolfo Amoedo, Firmino Monteiro. Estevão Silva é referência no pioneirismo das naturezas mortas, buscava representar a natureza ao ar livre e não mais dentro do ateliê.

Horacio Hora (1853 – 1890)  Nasceu no Sergipe, subsidiado pelo governo imperial viajou para a Europa, tornou-se um frequentador do Louvre. Ganhou vários prêmios, tornou-se especialista em retratos, a tela Pery e Cecy, inspirada na literatura de José de Alencar, é considerada sua obra prima.

Firmino Monteiro (1855 – 1888)  Nasceu no Rio de Janeiro Menino pobre, cedo teve de trabalhar como caixeiro, encadernador e tipógrafo. Devido a isso demorou para iniciar os estudos nas artes plásticas. Cursou a Academia Imperial de Belas Artes, onde foi aluno de Victor Meireles, e foi incentivado, por meio de uma viagem à Europa, patrocinada por D. Pedro II. Viveu mais no exterior do que no Brasil e teve as suas paisagens chamaram atenção. Recebeu contínuos elogios do crítico Gonzaga Duque. Na 26ª Exposição Geral de Belas Artes, em 1884, expõe 18 paisagens e cinco quadros históricos, pelos quais recebe o título de Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa, conferido pelo imperador.

Essência ou aparência?
Sempre polêmico, o tema da igualdade racial geralmente desperta calorosas discussões. As atuais políticas de cotas para ingresso nas universidades exemplificam o quanto essa questão pode ser mesmo difícil de se
tratar. O ponto não é somente tratar do racismo no Brasil, nos EUA ou na Europa. A realidade é que a humanidade, tão absolutamente igual em sua essência, faz um esforço enorme para se diferenciar na aparência.

Utopia racial- A humanidade constitui-se das mais diversas raças, e, por mais que se esforce, parece bastante difícil valorizar e respeitar tais diferenças. Dessa forma, a igualdade racial apresenta-se como uma utopia, uma realidade de que pouco provavelmente o homem será cúmplice, nesta ou nas futuras gerações.

Desde o início da existência humana, os indivíduos já apresentavam particularidades e características inerentes a sua condição como ser, influenciados por fatores ambientais dos quais faziam parte. Com o passar do tempo, diferentes raças de pessoas surgiram, proporcionando uma diversificação de povos com culturas - religiões, costumes, línguas, ideologias - bem específicas. No entanto, o desrespeito e, sobretudo, a intolerância às diferentes raças tornam difícil a convivência harmônica dos indivíduos entre si. Um triste retrato dessa realidade são os conflitos ocorridos entre países do Leste Europeu e do Oriente Médio, onde pessoas inocentes morrem em nome de desavenças políticas, econômicas e, notadamente, étnicas. O Apartheid na África, o nazifascismo na Europa, a expurgação dos latinos (mexicanos) dos EUA e, recentemente, o embargo de brasileiros à Espanha, esses são apenas alguns exemplos da discriminação que sofre uma infinidade de pessoas por pertencerem a essa ou àquela raça.

Da mesma forma, num universo mais próximo - Brasil -, somos testemunhas das injustiças sociais que já se tornaram comuns ao nosso cotidiano. São presídios abarrotados de gente pobre e miserável, em sua maioria, negros. São universidades repletas de estudantes onde os negros são a minoria, apesar da política de cotas. São empresas que ainda utilizam o critério da aparência física como requisito para contratar funcionários, quando, na maior parte das vezes, sabemos que as vagas existentes são reservadas aos indivíduos de raça branca, sendo os negros mais uma vez discriminados, e, o que é pior, de forma sutilmente escamoteada. Quantas vezes ouvimos as expressões "Tinha que ser negro!", "Coisa de negro!", ou "Olha a raça!"? São frases que, se ainda não ouvimos, mais cedo ou mais tarde soarão aos nossos ouvidos por conta de algum "cidadão" com mentalidade retrógrada e hipocritamente preconceituosa. Infelizmente, a raça negra continua a carregar o fardo da discriminação que sempre fez parte da história do Brasil. A senzala apenas mudou de nome: passou a chamar-se preconceito. A raça negra libertou-se da escravidão apenas no papel, pois, no dia-a-dia, segue sofrendo os açoites silenciosos e as chibatadas veladas dessa sociedade cínica e demagoga.

Diante desse panorama, resta à humanidade refletir sobre os verdadeiros valores do ser humano, despindo-se de toda e qualquer forma de preconceito e discriminação racial. Somente quando o
homem entender que não é a raça do indivíduo que definirá seu caráter e sua personalidade, conseguiremos chegar, talvez, à igualdade racial, que, ainda hoje, é uma utopia.

Se liga: Alguns artistas negros da Historia brasileira
Rafael Pinto Bandeira (1863 – 1896) | Nascido no Rio de Janeiro começou a academia imperial de Belas artes com 16 anos. Permaneceu vários anos em salvador trabalhando como professor de desenho e paisagismo. É considerado uma referencia na pintura de paisagens e marinhas feitas, no Brasil, durante o século XIX.

João Timótheo da Costa (1879 - 1932) | Nasceu no Rio de Janeiro, foi pintor, decorador, gravador. Começou os seus estudos na Casa da Moeda do Rio de Janeiro em 1894. La conheceu o diretor Enes de Souza, que se tornou seu protetor. No mesmo período estudou desenho e pintura na Escola Nacional de Belas Artes. Trabalhou, junto com o seu irmão, Arthur Timótheo da Costa, na decoração do pavilhão brasileiro na cidade de Turim (Itália), por ocasião da Exposição internacional de 1911. Também junto com Arthur executou, o primeiro de uma série de painéis decorativos para o Fluminense Futebol Clube, trabalho que terminou sozinho em 1924. Em 1925 executou cinco painéis para a ornamentação do Salão Nobre da Câmara dos Deputados, atual Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Participou de diversas edições do Salão Nacional de Belas Artes, em 1926 é homenageado com a pequena medalha de ouro.

Arthur Thimóteo da Costa (1882 – 1922) | Estudou na Casa da Moeda e na Escola Nacional de Belas Artes. Ainda muito jovem trabalhou com o cenógrafo italiano Oreste Colliva, esta experiência parece ter influenciado sua técnica, no destaque do jogo de luzes e composição. Em 1906 com a obra, “Antes da Aleluia”, ganhou o premio que o levou a Europa onde percorreu a Itália e a Espanha. Retornou a Europa em 1911 integrando a equipe de pintores que trabalharam na decoração do pavilhão do Brasil na exposição de Turim. A sua procura por uma expressão o levou a contrariar o modelo acadêmico, da época, o que atraiu criticas do meio artístico. O MARGS (Museu de Artes do Rio Grande do Sul) possui a obra deste artista intitulada “A Dama de Branco”.

Benedito José Tobias (1894 – 1963) | A sua obra é pouco pesquisada. Os trabalhos mais conhecidos, deste artista, são pequenos retratos de negros e negras, realizados a óleo sobre madeira ou a guache sobre papel. Emanoel Araujo usou a expressão “maestria expressionista” para definir a obra de Benedito José Tobias.

Finalizando-O ser humano apresenta uma tendência muito forte a rejeitar e oprimir aquilo que destoa de seus padrões e estereótipos. Assim como nos processos evolutivos - nos quais todo elo fraco, mais cedo ou mais tarde, será eliminado -, talvez parta desse princípio o comportamento humano frente a situações de confronto étnico. No âmago de nossas personalidades, resguardamos o impulso inconsciente de discriminar e nos ater a detalhes tão insignificantes como a cor da pele, no ímpeto de reduzir alguém que nos evoca ameaça. Quem nunca oprimiu outra pessoa - mesmo que silenciosa e inconscientemente - utilizando-se das características físicas desse indivíduo em um momento de raiva?

Não e fácil esta realidade pra nasce com a pele negra como eu ou você pois realidade é que a
igualdade racial ainda é um horizonte muito distante de ser atingido. As pessoas não estão preparadas para enxergar o mundo com outros olhos..
-"A vida de cada um destes artistas foi de grandes dificuldades, que exigiu tenacidade e força de vontade, em alguns casos com final trágico, como o caso dos irmãos Arthur Thimóteo da Costa e João Timótheo da Costa que terminaram a sua vida internados num hospício no Rio de Janeiro".


Um afro abraço.


Claudia Vitalino.


fonte:www.artistasgauchos.com.br/portal/

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

A mãe da sabedoria:MENININHA DO GANTOIS

Escolástica Maria da Conceição Nazaré foi o nome de batismo de Mãe Meninha do Gantois. Neta de
escravos, ela nasceu em 10 de fevereiro de 1894, na cidade de Salvador. O Terreiro do Gantois foi fundado por sua bisavó, Maria Júlia da Conceição Nazaré, em 1849. O popular nome do terreiro veio do francês (belga?) que era proprietário do terreno onde o templo foi construído.

Mãe Menininha foi iniciada nos rituais pela tia Pulquéria, sua antecessora. Quando assumiu a liderança do terreiro, escolhida pelos orixás, ainda não tinha 30 anos completos e, inicialmente, sua juventude não foi bem vista pelos adeptos mais antigos. Porém, com sua doçura, carisma e diplomacia, Mãe Menininha mudou esta situação. Nos mais de 60 anos em que liderou o Terreiro do Gantois, como relações públicas de sua religião, sempre se mostrou disponível para explicar o candomblé a quem se interessasse. Além disso, sempre teve um ótimo relacionamento com governantes, artistas e intelectuais e também conquistou o respeito de líderes de outros terreiros e até de sacerdotes católicos.

Filha de Oxum, a divindade que vive nas águas doces, controla a fecundidade e, portanto, a própria vida. Como sempre acontece com as filhas de Oxum, Mãe Menininha irradiava doçura e beleza, mas também conseguia equilibrar de uma forma perfeita a generosidade, sem deixar de ser enérgica, e a sabedoria, sem ser arrogante. Desde muito cedo ela entregou-se totalmente aos encantados e foi abençoada por eles. A sua neta Mônica Millet descreve um sonho recorrente durante a vida de Mãe Menininha do Gantois:

Uma pequena garota de cabelos cacheados e loiros vinha chamá-la para brincar. Ela aceitava e as duas iam juntas para a praia. O o brinquedo era sempre o mesmo: os búzios. Acho que era a forma de Oxum, de Olodumaré transmitir a ela o conhecimento do jogo dos búzios.

Bisneta, sobrinha e filha de ialorixás, Mãe Menininha conduziu durante 64 anos os destinos do Gantois, que chegou a ser o terreiro de candomblé mais respeitado do país. Nascida no século XIX, ela cresceu entre os homens e mulheres africanas que criaram o candomblé no Brasil, aprendendo com eles os antigos costumes, os rituais e a língua iorubá. Precisou de coragem e diplomacia para fazer o seu terreiro sobreviver à perseguição policial aos cultos afros que vigorou até o início do século XX. Até que, gradativamente, viu a
sua religião ser aceita e até despertar curiosidade entre pessoas de todos os cantos. A dificuldade, então, passou a ser continuar sendo receptiva com quem a procurasse, sem permitir a exploração do que, para ela, era sagrado.

Como ialorixá, ela enfrentou o preconceito que a sociedade tinha em relação aos adeptos do candomblé. Não havia liberdade de culto e os terreiros eram freqüentemente invadidos pela polícia, sofrendo muitas perseguições e violência. Na década de 30, a Lei de Jogos e Costumes era mais tolerante ao candomblé, mas ainda assim as festas só podiam ser realizadas em determinados horários e mediante autorização por escrito. A situação só mudaria em 1976, quando o então governador da Bahia, Roberto Santos, sancionou um decreto liberando as casas de candomblé da obtenção de licença e do pagamento de taxas à delegacia de Jogos e Costumes.

Mãe Menininha do Gantois foi a ialorixá mais famosa do país. Sob seu comando, o Terreiro do Gantois logo se tornou um dos mais procurados e respeitados da Bahia. Para muitos pesquisadores, a popularidade e o reconhecimento que Mãe Menininha alcançou foram de fundamental importância para aumentar a aceitação

do candomblé na sociedade.Casou-se com o advogado Álvaro McDowell de Oliveira, descendente de ingleses, e com ele teve duas filhas, Carmem e Cleusa, que a sucedeu no terreiro.

Diplomática- Na superfície, uma calma profunda, só interrompida por turbulências inesperadas, mas sempre temporárias. Como resultado dessa alternância entre paz e movimento, a nutrição do mundo à sua volta. Assim é a vida de todos os rios e também foi assim a vida de Mãe Menininha de Oxum: tranqüilidade, movimento e fertilidade. Nas primeiras décadas à frente do Gantois, ela seguiu com as suas obrigações litúrgicas, cuidou do seu sustento, criou suas filhas, conviveu com o marido e, pouco a pouco, com a diplomacia que lhe fez famosa, foi ampliando seu círculo de amizades, que incluía alguns dos mais ricos e mais pobres cidadãos baianos. Uma paz que só era quebrada, em raros momentos, pela perseguição da polícia aos cultos afros.Mãe Menininha recebeu muitos títulos, homenagens e medalhas. Uma das que mais gostava era a dos Filhos de Gandhy, que a nomearam madrinha do afoxé. Em 1972, Dorival Caymmi
compôs a famosa música Oração a Mãe Menininha, que trazia os versos: "A beleza do mundo, hein? Tá no Gantois./ E a mão da doçura, hein? Tá no Gantois./ O consolo da gente, ai. Tá no Gantois.../ Ai, minha mãe. Minha Mãe Menininha".

-Naquele tempo, a Federação era um bairro distante, quase rural. Ao ponto de termos, nós, e também vários vizinhos, estábulo, na roça, para o leite cotidiano. Eram poucas, muito poucas, as casas, todas dentro de largos terrenos. Na ladeira que ia para o segundo Arco, ficava o Gantois. Lá morava uma senhora de porte realmente majestoso, a quem nós, garotos, de acordo com as regras da boa educação, tomávamos “a benção”. Eu dizia: “A benção, dona Escolástica”.
O resto do caminho era chão pisado, mato e muita lama, quando chovia – acrescenta o jornalista Guilherme
Simões, que ia sempre visitar os primos numa casa ali perto.

- O barracão principal do terreiro, que despertava o interesse das crianças da vizinhança tanto quanto o pé de carambola, era muito simples.

-Para os olhos era apenas uma desconexa construção de barro, tendo acima da porta de entrada um chifre de boi, descorado pelo tempo, sobre dois facões cruzados, símbolos do deus da caça Oxóce (sic), protetor do templo. Não parecia uma casa de devoção; mas o esplendor de Pulchéria lhe conferia importância para todos os entendidos – descreveu a antropóloga Ruth Landes, em 1938.

Apesar da simplicidade, o terreiro já era procurado por muita gente. Em tempos de festas, autoridades apareciam por lá, com dificuldade, lembra Cid Teixeira.

- Jorge Amado, Antônio Carlos Magalhães, Vinícius de Moraes, Maria Bethânia e Caetano Veloso
eram algumas das inúmeras personalidades que se aconselhavam com Mãe Menininha. Em 1994, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos lançou um selo comemorativo para marcar o centenário de seu nascimento".

Mãe Menininha morreu em 13 de agosto de 1986, aos 92 anos, na cidade de Salvador.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
fonte:https://historiasdopovonegro.wordpress.com/

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