UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

terça-feira, 25 de outubro de 2011

MAS UM CONTO QUE O NOSSO POVO CONTA...

CONTO POPULAR DA GUINÉ-BISSAU .


Dizem na Guiné que a primeira viagem à Lua foi feita pelo Macaquinho de nariz branco. Segundo dizem, certo dia, os macaquinhos de nariz branco resolveram fazer uma viagem à Lua a fim de traze-la para a Terra. Após tanto tentar subir, sem nenhum sucesso, um deles, dizem que o menor, teve a idéia de subirem uns por cima dos outros, até que um deles conseguiu chegar à Lua. Porém, a pilha de macacos desmoronou e todos caíram, menos o menor, que ficou pendurado na Lua. Esta lhe deu a mão e o ajudou a subir. A Lua gostou tanto dele que lhe ofereceu, como regalo, um tamborinho. O macaquinho foi ficando por lá, até que começou a sentir saudades de casa e resolveu pedir à Lua que o deixasse voltar. A lua o amarrou ao tamborinho para descê-lo pela corda, pedindo a ele que não tocasse antes de chegar à Terra e, assim que chegasse, tocasse bem forte para que ela cortasse o fio. O Macaquinho foi descendo feliz da vida, mas na metade do caminho, não resistiu e tocou o tamborinho. Ao ouvir o som do tambor a Lua pensou que o Macaquinho houvesse chegado à Terra e cortou a corda. O Macaquinho caiu e, antes de morrer, ainda pode dizer a uma moça que o encontrou, que aquilo que ele tinha era um tamborinho, que deveria ser entregue aos homens do seu país. A moça foi logo contar a todos sobre o ocorrido. Vieram pessoas de todo o país e, naquela terra africana, ouviam-se os primeiros sons de tambor.

Fonte: http://pt.shvoong.com/books/children-and-youth/1624914-lenda-tambor-africano-contos-tradicionais

CONTOS E HISTORIAS AFRICANAS: CONTOS QUE A GENTE CONTAVA

YNARI, A MENINA DAS CINCO TRANÇAS
Era uma vez uma menina que tinha cinco tranças lindas e se chamava Ynari. Ela gostava muito de passear perto de sua aldeia, ver o campo, ouvir os passarinhos e sentar-se junto à margem do rio.
Certa tarde, já o Sol se punha, Ynari ouviu um barulho. Não eram os peixes a saltar na água, não era o cágado que às vezes lhe fazia companhia, nem era um passarinho verde.
Do capim alto saiu um homem muito pequenino com um sorriso muito grande. E embora ele não fosse do tamanho dos homens da aldeia de Ynari, ela não se assustou.
O homem muito pequenino andava devagarinho e devagarinho se aproximou. (...)
Estavam assim os dois conversando sobre as palavras, a importância que as palavras tinham na vida de cada um, como as usavam, quando as usavam, com quem as usavam, e que significados tinham para o coração de cada um deles. Ynari tentou explicar-lhe que havia palavras que para ela tinha mais do que um significado ou que lhe provocavam mais do que uma só alegria ou uma só tristeza...

Referência Bibliográfica:
Amâncio, Íris África para crianças: histórias e culturas africanas na educação infantil/ Belo Horizonte: Nandyala, 2007 (Coleção Afrocult, Vol 1).

MAIS UM POUCO E NOSSA HISTÓRIA NOSSA CULTURA...


Na época em que os africanos eram trazidos para o Brasil, como escravos, o continente africano apresentava uma divisão diferente da atual. Vindos em grupos, fazia-se reconhecer pelo traço cultural representado. De acordo com estudos apresentados por Sérgio Buarque de Holanda, sobressaíram dois grupos: bantos e sudaneses. Os bantos ou bântu era um grupo lingüístico que falava por milhões de africanos, dividindo-se em inúmeras línguas, em torno de 300 dialetos. Habitavam quase 2/3 da África Negra, desde o Camerum até o Sul, incluindo Angola e Congo de onde vieram a maioria dos escravos. Desse grupo e cujas línguas, Kimbundo e Kikongo, entre outras, são as que mais termos deixaram em nossa linguagem. Classificam-se ainda como bantos, os negros de Moçambique e colônias portuguesas da época. Os sudaneses, são povos que habitavam a região entre o deserto do Saara e o Atlântico (Golfo da Guiné), a chamada África Intertropical. Hoje corresponde aos países: Tchad, Niger, Sudão, entre outros. Os da Costa do Golfo: Nigéria, Benin (antigo Daomé), Togo, Gana (antiga Costa do Ouro), Costa do Marfim, estendendo-se até a Libéria, Serra Leoa, Guiné Bissau e Senegal. Esse grupo divide-se em dois (02), que muito contribuiu para a formação da cultura brasileira: os iorubás e os hauçás.
Os iorubás eram povos sudaneses, habitantes da região de Iorubá (Nigéria - África Ocidental), se estendia de Lagos para o Norte, até o rio Niger (Oya) e algumas cidades de Benin e Togo. Na Bahia foram conhecidos também como Nagôs, dominando social e religiosamente seus irmãos vindos de outras nações. Sua língua foi a mais falada, abafando os demais dialetos. Iorubá tinha como capital política "Oya" e a religiosa "Ifé", onde a humanidade foi criada, segundo os mitos. Os hauças, habitavam o norte da Nigéria, parte da República do Níger e em certas comunidades da África do Norte, Oeste e Equatorial. O dialeto "Kano" (da cidade de Kano que dizem ter mil anos) é aceito como padrão. Foi falada no Brasil, conhecidos também como malês ou muçulmis (refere-se a religião dos muçulmanos ou maometanos). Sua influência pode ser notada nos trajes e amuletos dos cultos afro-brasileiros, como lembra o professor Saul Martins. Também não se pode esquecer de que certos elementos desse grupo lideram vários movimentos de rebeldia, como a "Revolta dos Malês". A esse sub-grupo, o estudioso Arthur Ramos, denominou-se de guineano-sudaneses islamizados, ou negro-maometanos. O mapa apresentado é antigo e mostra as regiões de onde os negros vieram, e suas entradas no território brasileiro.

O desrespeito aos negros começa em sua própria casa, ao serem iludidos com propostas fantasiosas ou capturados de maneira desabusada, na África. Já nos porões dos navios negreiros, podiam sentir o que os esperava no Novo Mundo, no caso o Brasil. Durante a travessia do Atlântico, recebiam tratamento de animais: acorrentados, presos dois a dois, pelo pescoço, como bois na canga; alimentação precária, marcados a ferro para identificação. A morte era-lhes o único alívio. Ora provocada pelo banzo (estado emocional melancólico) ou pelo suicídio, atirando-se ao mar.
No final da viagem, a "carga humana", bastante reduzida pelo número de mortos, era comercializada pelos traficantes. Trazidos com exclusividade para serem explorados como mão-de-obra escrava, aos poucos iam substituindo o indígena, considerado pelos portugueses elemento não apto para certos tipos de trabalhos.
Existem teorias que levam a acreditar que o índio brasileiro veio de outras regiões do mundo, bem antes de 1500. Pela lógica, não seria ele o descobridor das terras? A exemplo do índio, o negro, como influenciador da construção econômica do Brasil (pioneiro na derrubada do pau-brasil; movedor da terra, plantando cana-de-açúcar, cultivando o café, explorando as minas de ouro, criando condições para Portugal explorar as riquezas e pagar suas dívidas à Inglaterra; participando ativamente nas guerras, defendendo nossos interesses; contribuindo de um modo geral para a formação cultural brasileira) não seria também merecedor de uma fatia do bolo? São duas raças, integrantes do processo de construção do país, que sempre foram consideradas inferiores e vivem marginalizadas. É justo que assim seja?
Em troca do trabalho prestado a esta terra, o negro vem recebendo o mínimo da classe dominante: recebe salários inferiores aos do branco; é discriminado na escola, no trabalho e em ambientes sociais. Você já viu como a propaganda, na maioria das vezes, relaciona o negro com o trabalho mais rude? Se ele aparece em um comercial de tevê, é na cozinha, no tanque, na favela ou pedindo esmola. Isto é comum nas publicidades do governo, em campanha para o "bem-estar social". As dificuldades enfrentadas pelo negro brasileiro são puro reflexo de seu passado, quando lhe foi negada a escolha de vida. Trabalhando em condições subumanas e sem receber pelo seu trabalho, ele não teve e não poderia ter outro destino senão o de ter um comportamento diferente na sociedade. Enquanto o branco prosperava economicamente, à custa do trabalho escravo, o negro entendia apenas o que era receber ordens, enfrentando a dor e a humilhação de um chicote. A sua libertação não lhe devolveu a dignidade, não ofereceu condições para um novo estilo de vida que ele passou a enfrentar, após a abolição. Como escolher um caminho, se não lhe deram condições? É como um pássaro que viveu numa gaiola por algum tempo. Livre, ele não saberá voar e fatalmente morrerá.

Na opinião do antropólogo Manuel Diégues Júnior, em "Etnias e Culturas do Brasil", não se pode dizer que a formação da cultura brasileira teve a participação pura do negro africano: "Quem passou a participar da formação brasileira não foi puramente o negro da África, mas o negro escravo". A descaracterização começa nos embarques nos portos africanos, na divisão dos grupos ou tribos, agravando-se mais com o desembarque no Brasil, quando famílias inteiras eram vendidas separadamente em atendimento ao pedido dos compradores, que procuravam, com isso, evitar o fortalecimento da rebelião em grupo. Com a convivência diária, os negros de regiões diferentes assimilavam certos elementos culturais e perdiam outros, sem se considerar a colaboração do branco em forçá-los a assimilar novos hábitos, deturpando sua cultura. Dessa mistura de costumes, surge o sincretismo e outros processos de vida. Por essa e outras razões o brasileiro foi tolhido de adquirir uma cultura genuinamente africana. Para o professor universitário de Maceió, coordenador do núcleo de Cultura da cidade - União dos Palmares (terra de Zumbi) - Zezito do Araújo, é na escola que se deve começar a conscientizar as crianças sobre o problema do racismo na nossa cultura. Com uma certa preocupação ele afirma: "As escolas de primeiro e segundo graus no Brasil são racistas. Elas menosprezam a contribuição negra na formação da cultura brasileira. Vemos como o aluno e o professor negros são vistos pelos colegas. Quando um negro tem um comportamento igual ao do branco ou ocupa lugar de destaque, é visto como um safado". Zezito cita um exemplo sentido na própria pelo:

"Quando eu era chamado para fazer trabalhos em grupos na escola, me davam as tarefas mais humildes".

A cultura negra é vista como fonte de divisas para o país. O carnaval, o samba, as mulatas, as festas religiosas com manifestações folclóricas e até os jogadores de futebol negros servem de cartão postal para promoverem o turismo no exterior. Se aqui sua posição é inferiorizada, lá fora, o valor é notado, como pude atestar em conversa com o ex-Ministro do Planejamento de Angola, Jofre Rocha: "Preservar e cultivar a cultura negra no Brasil é passo importantíssimo para os estudiosos africanos, para que juntos, africanos e brasileiros, possam reconstituir a cultura dessas duas regiões. Além do fato de ser o Brasil o reconstrutor do flagelo que derramou o sangue africano...".

Não se sabe precisamente o número de escravos trazidos para o Brasil. Alguns escritores estimam em dezoito milhões, enquando outros baixam para três milhões. A data de chegada dos primeiros escravos também não é muito precisa, possivelmente entre 1516 e 1526, época das instalações dos engenhos.
A princípio, as regiões receptoras de escravos foram a Bahia e Pernambuco, (local de plantações de cana-de-açúcar e lavoura de algodão). Da Bahia, os africanos eram levados para Sergipe; de Pernambuco, para Paraíba e Alagoas. Do Maranhão se espalhavam pelo Pará. Com a exploração da mineração, Minas Gerais atraiu a mão-de-obra escrava. Devido à expansão agrícola da cana-de-açúcar e do café, são requisitados para trabalhar nas terras fluminenses (hoje, Rio de Janeiro), abrangendo os cafezais paulistas. Com a queda dos engenhos nordestinos, muitos escravos foram vendidos para o Sul do País. A partir daí, de fazenda em fazenda, do trabalho na exploração das minas do Centro-Oeste ou em serviço doméstico aqui, ali, o negro foi-se espalhando e marcando sua presença em todo o País. A compra do escravo podia ser feita no local de desembarque como se fosse mercadoria. Eram eles escolhidos pelos dentes e pelo físico. Os jornais também eram utilizados, com anúncios de compra e venda de escravos, como registra o jornal "Diário de Pernambuco", do dia quatro de maio de 1835: "Vende-se ou troca-se negra muito boa lavadeira e vendedeira de rua, por uma que engoma e coza". A troca por animais ou objetos domésticos fazia-se bastante comum:
"... uma negra que saiba cozinhar e engomar ou um escravo que sirva de pajem, por uma canoa grande de carregar 1500 tijolos..."



O Nordeste, como porta de entrada do africano, tem em sua população o maior número de descendentes negros. Na Bahia, 80% e no Piauí, 82% da população têm pele escura. Por incrível que pareça, foi nessa região que encontrei preconceito racial mais acentuado. Na função de guia de turismo, presenciei situações chocantes, principalmente em Salvador. Cito apenas dois exemplos: o motorista de nossa excursão foi convidado "delicadamente" a fazer sua refeição na cozinha do hotel, de quatro estrelas, comendo um prato feito de comida amanhecida. Ao tomarmos conhecimento, indagamos o gerente do hotel o motivo da discriminação. Achamos que o motivo era das cortesias, permitidas pela Embratur, para a tripulação da excursão. Para nossa surpresa, nos foi esclarecido que "não fica bem um negro sentar-se ao lado do turista. Você não vê... são todos brancos...
Em um dos restaurantes típicos da cidade, foi proibido ao guia local sentar-se junto aos nossos passageiros, devido a sua cor.

Perguntei ao guia se ele não fazia valer a Lei Afonso Arinos (punidora de atos contra o racismo). Sua resposta foi a de quem já está acostumado com situações como essas: "__Se formos buscar em leis o nosso direito, teremos de lançar mão delas todos os dias. Além de ficarmos tempos aguardando soluções, nem sempre a denúncia é levada a sério. Mesmo assim, quem vai vencendo é geralmente o mais rico, que de réu passa a ser vítima. E, depois, o negro no Brasil não pode parar nem ficar manjado. Ele tem de dar duro, ou morre de fome, ou a polícia mete-lhe o cassetete". Enquanto no Nordeste brasileiro é visível o preconceito, no Sul do País, onde a população é abafada pelos descendentes europeus, não presenciei preconceito. Mas vale a pena registrar uma ocorrência envolvendo uma passageira mineira, que se recusou a fazer o city tour em Porto Alegre, colocando em dúvida a capacidade do guia local, simplesmente por ser ele um negro.

fonte:www.pousadadascores.com.br/leitura_virtual/cultura

FAVELA + POLICIA + PRECONCEITO

No Brasil Colônia, a base da economia e de sua riqueza estava no trabalho escravo. O Brasil foi o último país da América a abolir o terrível regime escravista, no ano de 1888, ato que condenou a Monarquia e abriu as portas para a República. Na época, o trabalho assalariado já despontava como o mais adequado à sociedade industrial em formação. Os negros, que até então não tinham outro trabalho a não ser o braçal se viram, repentinamente, sem labor ou onde morar, pois sua permanência nas terras do antigo senhor de escravos não era mais possível. Ao mesmo tempo, o Brasil abriu suas portas à mão de obra imigrante, principalmente de pessoas vindas da Europa, negligenciando os ex-escravos negros, em sua grande maioria, marginalizando-os, deixando-os sem trabalho e sem acesso à escola, refugiados em quilombos, favelas, mocambos e palafitas. De repente, os negros foram declarados livres e, após a alegria inicial, descobriram-se sem teto, trabalho e meios de sobrevivência. Durante a vida toda, os negros trabalhavam para seus senhores, nunca para si, recebendo um mínimo para sua subsistência. Com o fim da escravidão, não ocorreu aos abolicionistas a necessidade de garantir-lhes meios para sua sobrevivência nem a posse da terra para sua fixação. Favorecidos de um lado, a marginalização dos negros não acabou, apenas "mudou de roupagem", pois sua discriminação ganhou uma outra perspectiva: o esquecimento.

A partir do capitalismo o indivíduo negro, quando não permanecia desempregado por não possuir qualificação, passou a ser utilizado em serviços que exigiam mão-de-obra pesada. De escravo, o negro passou a ser assalariado, mas não ascende, socialmente, como os brancos. A qualificação era imprescindível no regime capitalista e, justamente por apresentar mais procura do que oferta, o mercado de trabalho era seletivo, estando os negros em último lugar na ordem de preferência. Esta tendência continua, ainda, nos dias de hoje, evidentemente. Os negros, em sua grande maioria, continuam sem vez e sem voz, em trabalhos mais pesados e em regime de quase semi-escravidão, particularmente nas fazendas. Aos negros sobraram os pequenos serviços: o comércio ambulante, o conserto, o biscate e, sobretudo, os serviços pessoais.


O Brasil é um país de dimensões continentais, dotado de recursos inimagináveis e, em sua maioria, ainda inexplorados. Além disso, desde que se tornou uma "esperança" mundial em tempos passados, como o "Jardim do Éden" dos povos em sua maioria provenientes da Europa e que fugiam de focos de guerras e revoluções que assolaram o continente, principalmente no século XIX e atual, esta terra se transformou numa gigantesca "Arca de Noé", acolhendo diversas raças e culturas que aqui depositaram sua confiança, sonhos e expectativas. O Brasil possui uma formação populacional altamente heterogênea em índices não experimentados por nenhuma outra nação do planeta, o que faz dele, realmente, um lugar especial e a prova viva de que é possível viver em harmonia étnica e cultural em meio a um oceano de miscigenação. Evidentemente que esta "harmonia" é relativa e deve ser observada com olhos atentos. Mas não se pode negar que o cenário nacional encontra-se livre de antecedentes históricos envolvendo atentados à bomba contra templos religiosos ou grupos racistas radicais declarados como se vê em países como Estados Unidos, França e Alemanha. O povo brasileiro, em toda a sua diversificação, é um povo uno, uma raça só oriunda de diversas outras raças, uma só entidade socio-política de larga base territorial. Mas esta aparente unidade não pode esconder uma outra realidade nacional: o racismo.

Apesar do negro ter alcançando a igualdade jurídica a partir da abolição, a desigualdade sócio-econômica com relação aos brancos se mantinha a mesma, e a ideologia de 400 anos de escravidão se mantinha forte, definindo a diferença entre os dois, sendo o negro eternamente visto como um indivíduo submisso e inferior aos brancos. Mais do que isso o negro, com o fim da escravidão, passa a ser visto como um fator de concorrência ao mercado de trabalho, a ameaça viva de tirar do branco as oportunidades que sempre lhe couberam. O preconceito racial continuou a ser exteriorizado de maneira discreta e branda e existe ainda hoje em várias regiões do Brasil, manifestando-se em maior ou menor grau, em todas as classes sociais.


Um exemplo comum de racismo se comprova com os dados de pesquisa do Datafolha, que publicou uma pesquisa onde revela que os negros são abordados com mais freqüência em batidas policiais, recebendo mais insultos e agressões físicas do que os indivíduos brancos. Por questão desta abordagem, são igualmente mais revistados que pessoas de outra etnia. A escolaridade e a condição financeira têm pouca influência sobre a freqüência e incidência destas batidas policiais e da violência que ora se comete. Esta violência é praticada quase sempre contra indivíduos negros ou mulatos, seja na forma de ofensa verbal ou agressão física. Conclui-se que os métodos de abordagem da polícia junto ao indivíduo levam em consideração sua aparência física (vestimentas), a etnia (fatos principal) e um estereótipo completamente fora de sentido: a expressão facial da pessoal. O indivíduo que se encontra dentro da tipificação psicológica acaba fazendo parte de um sistema seletivo e discriminatório, e este indivíduo, geralmente, é pobre, negro ou mulato.

Infelismente este tratamento é comum, e mostra o pré-conceito e a forma como estes individuos que deveriam proteger a população estam sendo treinados; independente de sua etnia, pois algums vezes policiais negros são mais vilentosque os não negros, fato que tambem nos faz recordar o capital no mato que na sua uase totalidad eram negro o que é uma outra história...

fonte:direitos_humanos.sites.uol.com.br/negros.htmEm cache

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Preconceito nas favelas

Uma boa forma de medir o preconceito que existe contra favelados seja no Rio ou em Salvador é falar com um taxistas, perguntando a eles o que fariam se alguém lhes pedisse para que fosse a uma favela?
Baixa estima:
O Rio da a impressão de que consideram as favelas locais onde a maioria esmagadora dos moradores é de consumidores de drogas, traficantes ou criminosos em sua totalidade.

Mas visitando favelas e conversando com seus moradores é fácil perceber que isso não é verdade.

Há violência e traficantes, mas grande parte dos que lá residem é de trabalhadores assalariados que, se pudessem, viveriam em casas melhores, em outros locais.

O preconceito, porém, existe e é cria uma forte barreira que dificulta ainda mais o respeito dos direitos humanos nessas comunidades.

Por causa do preconceito, por exemplo, as pessoas que vivem em favelas acabam sem as mesmas oportunidades de conseguir empregos que os que moram fora das favelas - o que é uma violação do artigo 23 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

"Se você procurar um trabalho e colocar na ficha (para se candidatar a vaga) que mora na favela, não consegue o emprego", disser que mora na favela diz uma moradora da Rocinha.

O preconceito contra o favelado também se mistura com o preconceito racial. A Bahia é o Estado brasileiro com a maior porcentagem de negros e mulatos no Brasil, e muitos deles vivem justamente nas comunidades carentes, como a de Alagados.

"Eu sou um cidadão negro, pobre, de periferia. Então eles já separam. Não tenho os mesmos direitos", disse Ivanil dos Santos, um servente que mora nas palafitas.

Como resultado da carga de preconceito a que são sujeitos, moradores de comunidades carentes acabam se tornando pessoas com baixa auto-estima e auto-confiança, o que torna mais difícil que possam buscar mudanças.

Preconceito:
Quanto maior e mais antiga é a favela, mais se faz presente um outro tipo de preconceito que muitos moradores se recusam a admitir: o preconceito de alguns moradores em relação a alguns de seus vizinhos.

As favelas da Rocinha e de Alagados espelham a estrutura social das cidades: há áreas mais pobres e menos pobres, áreas consideradas "nobres" e áreas com menos prestígio.

Na Rocinha, por exemplo, quando mais perto de ruas asfaltadas e mais na parte baixa do morro, melhor. As pessoas mais pobres estão geralmente em áreas da parte alta, onde é mais difícil chegar. Em Alagados, os moradores nas palafitas são os que sofrem mais preconceito.

"Tem preconceito sim... Quem está em terra firme não quer que coloquem entulho aqui, para que a gente também possa viver fora da maré, eles estão reclamando", disse Valdeci da Silva Borges, moradora das palafitas. "Quando eu falo que vivo aqui, eles dizem: 'Nossa, como você pode viver lá?'"

Foi difícil encontrar alguém disposto a falar sobre a "divisão social" na Rocinha. Mas as amigas Vanessa e Raquel, de 15 e 14 anos, dizem que "não vão lá em cima".


Proposta de mudança:
Mas como seria possível vencer o preconceito? Segundo pessoas ouvidas pela BBC Brasil nas duas cidades, a chave é que as pessoas que moram fora das favelas conheçam mais a verdade sobre o que se passa lá dentro.

"O desconhecimento é a raiz dessa verdadeira separeção social", disse a promotora Márcia Regina Teixeira, que trabalha com comunidades carentes em Salvador.

"Os moradores das favelas precisam se mobilizar para mudar isso. Se eles mostrarem o que são, o que querem... (a situação vai mudar)"
Só depende de sua propria organização enquanto moradores,seres humanos com deveres mais tambem com diretos, de sonhar,realizar e ter seus direitos despeitados, como qualquer um.
Um afro abraço.
fonte:www.preconceito.org.br

INTOLERANCIA RELIGIOSA NAS ESCOLAS



Abordar as religiões de matriz africana em sala de aula torna-se primordial para que o preconceito, o estigma e a intolerância religiosa sejam subtraídos. É nesta perspectiva que este trabalho vem ceder uma discussão teórico-metodológica que possa, pelo menos, amenizar esse problema em sala de aula, contribuindo para tornar o ambiente escolar mais democrático e inclusivo.

Intolerância religiosa; religiões de matriz africana; sala de aula, educação inclusiva.



Não devemos deixar de ressaltar, a princípio, o problema que suscita sempre que nos submetemos em trabalhar com religião(ões), pois acabamos entrando em um campo onde os aspectos místicos, de crença, nos impõe certos limites. Mas não estamos aqui para julgar ou negar doutrinas religiosas, e sim para trazer à luz do conhecimento outras religiões que pelo sufocamento promovido por religiões e classes “dominantes”, em um longo processo histórico, deixamos de (re)conhecê-las e considerá-las enquanto elemento determinante para compreendermos a construção de nossa pluralidade religiosa.
Nosso desafio é procurar compreender como a mentalidade negativa das religiões de origem africanas se constituiu e permanece até hoje disseminada na sociedade brasileira preconceituosa. Mentalidade esta que justificam muitos dos atos de intolerância em nossa sociedade e se reflete em nossas salas de aulas.

As religiões de matriz africana: alguns motivos da intolerância

Antes de entrarmos na discussão, é necessário deixar esclarecido alguns conceitos que serão trabalhados neste artigo. Então partiremos destacando o conceito de intolerância. Partindo do pressuposto de que a intolerância
fonte:www.partes.com.br/educacao/intoleranciareligiosa

domingo, 23 de outubro de 2011

QUANDO OS NEGROS NÃO PODIAM CULTUAR SEUS DEUZES - ORIXAS

Nossa Historia nossa gente...
Cambomblé X Umbanda - Parte II

• A língua portuguesa falada no Brasil foi enriquecida com a contribuição do negro. Na sua formação houve o aproveitamento de várias palavras: bamba, batuque, cachimbo, caçula, cacunda (corcunda), cafuné, calombo, camundongo, carimbo, catimba (astúcia), dengo, dengue, farofa, fubá, inhame, macaco, mamona, marimbondo, miçanga, molambo, moleque, mundongo (miúdos de animais), mucama, quindim, quitanda, quitute, senzala, sunga, tanga, xingar.

• "Prudência é exatamente o que faltou à maior parte dos estudos sobre os africanismos no Português do Brasil, que invariavelmente tendiam para os extremos: ou limitavam essa influência ao vocabulário específico dos cultos religiosos e à culinária correspondente (entre centenas de outros, exu, bará, egum, orixá, ilê; mungunzá, efó, dendê, vatapá, axoxô, xinxim, acaçá), ou caíam no exagero oposto, atribuindo à África vocábulos de origem européia, ameríndia ou oriental (bugiganga, cachaça, cutucar, fulo, bengala, tarrafa, minhoca, pindaíba)." (Fonte: Sua língua, prof. Cláudio Moreno)

• Mandingas era o nome dos escravos de uma tribo da Guiné-Bissau. Por serem tidos como feiticeiros, a palavra mandinga virou sinônimo de feitiço, magia. O costume dos negros bengueles ou banguelos de cortarem ou limarem os dentes, por motivos estéticos ou religiosos, originou a palavra banguela (pessoa que não tem um ou mais dentes da frente). Kabula era o nome dos escravos de uma tribo banto predominante no ES. Por serem muito arredios, deram origem a palavra encabulado. Segundo a micromonografia do pesquisador Hugo P. Carradore, de SP, publicada pelo Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, o cafuné, ato de coçar suavemente a cabeça de alguém, foi trazido pelos negros de Angola. No quimbundo é kifune, de kufunata (torcer, vergar). Em banguela entre os umbundos, é xicuanli; para os quiocos e lundas, é coxoboleno. Candango, palavra do dialeto quimbundo, era o nome dado pelos escravos africanos aos portugueses, em Angola, e aos senhores de engenho no Nordeste. Quando começou a construção de Brasília, as pessoas que trabalhavam na construção civil também ficaram conhecidas como candangos.


• Os escravos domésticos eram escolhidos segundo sua aparência. Mucamas, pajens, amas-de-leite, amas-secas, cozinheiras, lavadeiras, cocheiros, copeiros e garotos de recado, recebiam roupas mais finas e eram sempre os mais bem vestidos e bem tratados. Os escravos das casas de pessoas ricas ou de posição usavam antigos librés (uniforme dos criados de casas nobres).

• Turbante - As escravas, em geral, usavam uma longa faixa de tecido enrolada em volta da cabeça, em forma de torço, muito semelhante ao turbante mouro. As escravas das casas de pessoas ricas ou de posição, quando não usavam turbantes, exibiam penteados extravagantes.

• Abadá - Os malês, negros muçulmanos que desembarcaram principalmente na Bahia, trajavam-se em público como os demais escravos e, para se reconhecerem, usavam anéis de metal branco feitos de ferro ou prata. Mas, nas orações e outros rituais de cunho religioso, vestiam uma espécie de camisolão branco chamado abadá. Na cabeça usavam um barrete (pequeno gorro) branco. Atualmente, a roupa branca (calça e camisa) ou só a calça do capoeirista, também são chamados de abadá. E o camisolão foi adotado por blocos do carnaval baiano.

• Baiana - Na Bahia, com suas roupas vistosas, turbantes (torços), panos da costa, batas (blusa branca comprida e solta), saias rodadas, pulseiras e colares na cor do seu orixá, as negras de ganho criaram um tipo. O traje que costumamos chamar de baiano, reflete a influência africana no Brasil. O turbante e os balangandãs indicam elementos da cultura árabe do norte da África. Em Salvador, no dia 25 de novembro, Dia da Baiana, tem missa na Igreja de N. Sra. do Rosário dos Pretos e manifestações culturais no Memorial das Baianas.

• Balangandã - As pencas de balangandãs integraram as roupas tradicionais das negras baianas do século XIX. Balangandã é o ornamento ou amuleto, em forma de figa, fruta, medalha, moeda, chave ou dente de animal, pendente de argola, broche ou pulseira de prata, usado pelas baianas em dias festivos. Figas e dentes são usados como amuletos para combater o mau-olhado. A figa é um amuleto em forma de mão fechada, com o polegar entre o indicador e o dedo grande, usado como ornamento pessoal, da casa ou estabelecimento comercial.

• Pano da costa - Na África, o pano da costa era apenas um complemento da vestimenta das mulheres negras, e não tinha conotações religiosas. A partir do século XIX, no Brasil, é que começou a ter ligação com as celebrações do candomblé. Na África, é denominado alaká ou pano de alaká. No Brasil, ficou conhecido como pano da costa porque vinha da Costa do Marfim (África) e também por ser usado nas costas. Os primeiros panos da costa vieram no corpo das escravas, que não tinham roupa e eram vendidas enroladas no pano. Depois, os panos foram tecidos aqui mesmo por escravos ou por seus descendentes, em teares manuais e rústicos vindos para o Brasil no século XVIII. Tecido em tear manual, o pano da costa é formado por tiras de dois metros de comprimento cada uma, com largura variando entre 10 a 15 centímetros. As tiras são depois costuradas uma a uma. Branco não é a cor predominante no pano da costa que, geralmente, é listrado ou bordado em alto-relevo e colorido com padronagens variadas dependendo do orixá de cada nação. Os filhos de santo usam o alaká enrolado no tronco. As mães escravas traziam durante as horas de trabalho seus bebês escanchados (com as pernas em volta da cintura) às costas e presos por um pano.
Religião:
• Batismo - A Igreja Católica Romana deu ordens para que todos os escravos fossem batizados e participassem da missa e dos sacramentos. Eles eram batizados, antes do embarque na África, ou dentro dos navios ou pouco depois de chegar ao Brasil. Quem não fosse batizado era considerado "não gente", por ser pagão. Como prova de terem sido batizados no ritual católico, eles recebiam na pele o sinal da cruz feito com ferro quente. Os escravos nascidos no Brasil eram logo batizados e ainda assim considerados gente sem alma.

• Jesuítas - Os padres da Companhia de Jesus (jesuítas), limitavam-se ao repúdio aos maus tratos e torturas, não havendo, porém, questionamento da escravidão enquanto instituição. O negro foi excluído da catequese e do processo de educação devido a crença de que não tinha alma. Os jesuítas ensinavam aos escravos apenas a obedecer ao seu senhor e aos padres.

• Irmandades - Os escravos africanos eram proibidos de praticar suas religiões nativas. Não podendo adorar os seus orixás (deuses) publicamente e freqüentar as mesmas igrejas dos senhores, os escravos filiavam-se às irmandades católicas negras. Sob domínio e influência dos colonizadores, começaram a cultuar N. Sra. do Rosário, também chamada de N. Sra. dos Homens Pretos, pois já a conheciam da África, onde a devoção foi levada por missionários dominicanos que impuseram seu culto aos negros. Mais tarde, essa devoção foi associada a São Benedito. As irmandades religiosas dedicadas aos dois santos são ligados aos grupos de dançadores de Congada e Moçambique. Por isso, os estandartes e bandeiras desses grupos fazem referência a eles. A igreja de N. Sra. do Rosário dos Pretos, em Salvador (BA), concluída em 1781 no Largo do Pelourinho, é um marco para a arquitetura colonial. Em estilo rococó, tem cúpulas em estilo mouro sobre os campanários, e foi construída por escravos. N. Sra. do Rosário é padroeira do Pelourinho e tem uma festa no segundo domingo de outubro.

• São Benedito - Considerado o santo padroeiro dos negros, São Benedito nasceu na Itália, por volta do ano de 1526, e faleceu em Palermo (Itália), em 4 de abril de 1589. Seus pais eram de origem escrava e descendiam de negros etíopes ou de mouros do norte da África, daí o fato de ser chamado de São Benedito, o Preto ou o Mouro. No século XVIII surgiram por todo o país as Irmandades de São Benedito, formadas por devotos do santo negro, cozinheiro e descendente de escravos. Pelo calendário litúrgico, seu dia é 5 de outubro mas, suas festas, se estendem por todo o ano. No Vale do Paraíba (entre o RJ e SP) estão concentradas no período compreendido entre a Páscoa e o dia 13 de maio, data da abolição da escravatura, estabelecendo um verdadeiro Ciclo de São Benedito. Em Paraty (RJ), São Benedito é comemorado a 29 de dezembro pelo povo e pela igreja, junto com N. Sra. do Rosário, na festa a que chamam Divino dos Pretos.

• Candomblé e Umbanda - As crenças religiosas dos escravos africanos deram origem ao Candomblé e a Umbanda (mistura do Candomblé com Espiritismo). Existem 4 tipos de Candomblé no Brasil, cada um deles saído de uma nação (grupos étnicos dos escravos africanos): Queto (BA), Xangô (PE e AL), Batuque (RS) e Angola (BA e SP). As diferenças aparecem principalmente na maneira de tocar os atabaques, na língua do culto e no nome dos orixás (deuses). Os povos que mais influenciaram os 4 tipos de Candomblé praticados no Brasil são os da língua iorubá. A mistura com o Catolicismo foi uma questão de sobrevivência. Para os colonizadores portugueses, as danças e os rituais africanos eram pura feitiçaria e deviam ser reprimidos. A saída, para os escravos, era rezar para um santo e acender a vela para um orixá. Foi assim que os santos católicos pegaram carona com deuses africanos e passaram a ser associados a eles. A partir da década de 20, o Espiritismo também entrou nos terreiros, criando a Umbanda, com características bem diferentes. Assim, o Candomblé já se incorporou à alma brasileira. Tanto é que o país inteiro conhece a saudação mágica que significa, em iorubá, energia vital e sagrada: Axé! (Texto de Pierre Verger, in Super Interessante, janeiro 1995)

• Candomblé - A preparação é fechada ao público. Somente os membros da comunidade de santo, ou seja, do terreiro, podem participar dela. Essa parte do ritual começa na madrugada anterior e dura o dia inteiro. O toque é o mesmo que festa e se refere à batida dos atabaques, que convoca os orixás. A estrutura da cerimônia, chamada "ordem de xirê" (brincadeira, na língua iorubá), divide a festa em três partes. A primeira acontece à tarde, com o sacrifício, a oferenda e o padê de Exu. A segunda é a festa em si, à noite, na presença do público, quando os filhos-de-santo incorporam os orixás. E a terceira fase, o encerramento, com a roda de Oxalá, o deus criador do homem. Os três atabaques (rum, rumpi e lé), que fazem soar o toque durante o ritual também são responsáveis pela convocação dos deuses. O rum funciona como solista, marcando os passos da dança. Os outros dois, o rumpi e o lé, reforçam a marcação, reproduzindo as modulações da língua africana iorubá. Além dos atabaques, usam-se também o agogô (dois sinos achatados, de ferro, onde se bate com pedaço de metal), e o xequerê (cabaça envolta em uma rede de contas). São, ao todo, mais de 15 ritmos diferentes. Cada casa-de-santo tem até 500 cânticos. Segundo a fé dos praticantes, os versos e as frases rítmicas, repetidos incansavelmente, têm o poder de captar o mundo sobrenatural. Essa música sagrada só sai dos terreiros na época do carnaval, levada por grupos e blocos de rua, principalmente em Salvador, como Olodum ou Filhos de Gandhi. (Fonte: Super Interessante, janeiro 1995)

• Afoxé - O afoxé é uma dança-cortejo ligada ao Candomblé, conhecida como candomblé de rua, típica do Carnaval baiano. Após os ritos religiosos nos terreiros, onde são evocados os orixás, o grupo sai para a rua entoando canções com palavras em línguas africanas como o iorubá. Para marcar o ritmo, são usados instrumentos como agogôs, atabaques e xequerês. Entre os afoxés, o mais conhecido é o Filhos de Gandhi, cujos integrantes se vestem de branco e azul, com turbantes na cabeça. O primeiro afoxé baiano, foi organizado em 1895 pelos negros nagôs e desfilou com roupas e objetos de adorno importados da África. (Fonte: Almanaque Abril, 1995)

• Xangô - Há no Norte do Brasil diversos cultos que atendem pelo nome de Xangô. No Nordeste, mais especificamente em Pernambuco e Alagoas, a prática do Candomblé recebeu o nome genérico de Xangô, talvez porque naquelas regiões existissem muitos filhos de Xangô entre os negros que vieram da África. (Fonte: livro Orixás - Editora Três)

•Tambor de mina - É o termo pelo qual é conhecida a religião que os descendentes de negros africanos de origem jeje e nagô trouxeram para o Maranhão. É uma manifestação da religiosidade popular maranhense que tem lugar em casas de culto conhecidas como terreiros. É uma religião de possessão, onde os iniciados recebem entidades espirituais cultuadas pelo seu pai de santo em rituais conhecidos como tambor. Nos rituais são utilizados tambores, cabaças, triângulos e agogôs. Mediante o toque dos instrumentos, os iniciados, em grande parte mulheres, vestidas com roupas específicas para o ritual, dançam e incorporam as entidades espirituais. Em São Luís, duas casas de culto africano deram origem a esta forma de manifestação da religiosidade dos negros: a Casa das Minas e a Casa de Nagô. A Casa das Minas foi fundada por negras trazidas do reino do Daomé (hoje Benim), habitado por negros Mina. Nesse terreiro são recebidas entidades espirituais denominadas voduns. A Casa de Nagô, também fundada por descendentes de africanos, deu origem aos demais terreiros de São Luís, onde são recebidas entidades caboclas de origem européia ou nativa. (Fonte: City Brasil - Maranhão)

• Orixás (deuses) - Cada orixá tem o seu símbolo, o seu dia da semana, suas vestimentas e cores próprias. Os 12 orixás mais cultuados no Brasil são: Exu, Oxóssi, Obaluaê, Oxum, Iansã, Ogum, Ossaim, Oxumarê, Xangô, Nanã, Iemanjá e Oxalá. Exu é o orixá mensageiro entre os homens e os deuses, guardião da porta da rua e das encruzilhadas. Só através dele é possível invocar os orixás. Colar e roupa: vermelho e preto; Oxóssi é o deus da caça. É o grande patrono do candomblé brasileiro. Colar: azul claro. Roupa: azul ou verde claro; Obaluaê é o deus da peste, das doenças da pele. É o médico dos pobres. Colar: preto e vermelho, ou vermelho, branco e preto. Roupa: vermelha e preta, coberta por palha; Oxum é a deusa das águas doces (rios, fontes e lagos). É também deusa do ouro, da fecundidade, do jogo de búzios e do amor. Colar e roupa: amarelo ouro; Iansã é a deusa dos ventos e das tempestades. É a senhora dos raios e dona da alma dos mortos. Colar: vermelho ou marrom escuro. Roupa: vermelha; Ogum é o deus da guerra, do fogo e da tecnologia. No Brasil é conhecido como deus guerreiro. Sabe trabalhar com metal e, sem sua proteção, o trabalho não pode ser proveitoso. Colar: azul-marinho. Roupa: azul, verde escuro, vermelho ou amarelo; Ossaim é o deus das folhas e ervas medicinais. Conhece seus usos e as palavras mágicas (ofós) que despertam seus poderes. Colar: Branco rajado de verde. Roupa: branca e verde claro; Oxumarê é o deus da chuva e do arco-íris. É, ao mesmo tempo, de natureza masculina e feminina. Transposta a água entre o céu e a terra. Colar: amarelo e verde. Roupa: azul claro e verde claro; Xangô é o deus do fogo e do trovão. Diz a tradição que foi rei de Oyó, cidade da Nigéria. É viril, violento e justiceiro. Castiga os mentirosos e protege advogados e juízes. Colar e roupa: branco e vermelho; Nanã é a deusa da lama e do fundo dos rios, associada à fertilidade, à doença e à morte. É a orixá mais velha de todos e, por isso, muito respeitada. Colar: branco, azul e vermelho. Roupa: branca e azul; Iemanjá é considerada deusa dos mares e oceanos. É a mãe de todos os orixás e representada com seios volumosos, simbolizando a maternidade e a fecundidade. Colar: transparente, verde ou azul claro. Roupa: branca e azul; Oxalá é o deus da criação. É o orixá que criou os homens. Obstinado e independente, é representado de duas maneiras: Oxaguiã, jovem, e Oxalufã, velho. Colar e roupa: branco. (Fonte: Super Interessante, janeiro 1995)

• Sincretismo - São comuns, nas festas populares baseadas no calendário religioso, manifestações de sincretismo afro-cristão, que fundem os orixás do candomblé com os santos católicos. Na religião católica Exu é representado por Sto Antônio (festa dia 13 de junho) e São Benedito (dia 5 de outubro); Omolu/ Obaluaê por São Lázaro (dia 17 de dezembro) e São Roque (dia 16 de agosto); Nanã por Sta Ana (dia 26 de julho); Xangô por São Jerônimo (dia 30 de setembro), São José (dia 19 de março), São João (dia 24 de junho) e São Pedro (dia 29 de junho); Iansã/Oiá por Sta Bárbara (dia 4 de dezembro); Obá por Sta Joana d'Arc (dia 30 de maio); Ogum por São Jorge (dia 23 de abril) ou São Sebastião (dia 20 de janeiro); Oxóssi por São Sebastião (dia 20 de janeiro) ou São Jorge (dia 23 de abril); Oxumaré por São Bartolomeu (dia 24 de agosto); Logunedê por Sto Expedito (dia 19 de abril) ou São Miguel (dia 29 de setembro); Oxalá jovem (Oxaguiã) pelo Menino Jesus (dia 24 de dezembro) e Oxalá velho (Oxalufã) pelo Senhor do Bonfim (2o domingo depois do Dia de Reis); Iemanjá por N. Sra. das Candeias (dia 2 de fevereiro); Oxum por N. Sra. da Conceição (dia 8 de dezembro); Euá por N. Sra. das Neves (dia 5 de agosto); Ibeji (Vungi) pelos santos Cosme e Damião (dia 27 de setembro). (Fonte: Orixás - Pallas Editora)

• Iemanjá - A festa de Iemanjá é realizada na madrugada do primeiro dia do ano, no Sul e no Sudeste, e em Salvador no dia 2 de fevereiro, dia de N. Sra. da Candelária (da Luz ou das Candeias). Entregam-se flores e outras oferendas à Iemanjá (ou Janaína), principal orixá feminino, mãe de todos os orixás, considerada deusa dos mares e oceanos, rainha das águas e sereia do mar. Segundo o livro Orixás, da Editora Três, "na África, a origem de Iemanjá é um rio que vai desembocar no mar. De tanto chorar com o rompimento com seu filho Oxóssi, que a abandonou e foi viver escondido na mata junto com o irmão renegado Ossaim, Iemanjá se derreteu, transformando-se num rio que foi desembocar no mar." Iemanjá na religião católica corresponde a Nossa Senhora.

• Lenda de Iemanjá - Quando Obatalá e Odudua se casaram, tiveram dois filhos: Iemanjá (o mar) e Aganju (a terra). Os irmãos se casaram e tiveram um filho, Orungã (o ar). Quando cresceu, Orungã apaixonou-se pela mãe. Um dia, aproveitando a ausência do pai, tentou violentá-la. Iemanjá conseguiu escapar e fugiu pelos campos. Quando Orungã já a alcançava, ela caiu ao chão e morreu. Então seu corpo começou a crescer até que seus seios se romperam e deles saíram dois grandes rios, que formaram os mares; e do ventre saíram os orixás que governam as 16 direcões do mundo: Exu, Ogum, Xangô, Iansã, Ossain, Oxóssi, Obá, Oxum, Dadá, Olocum, Oloxá, Okô, Okê, Ajê Xalugá, Orum e Oxu. (Fonte: Orixás - Pallas Editora)

• São Sebastião - A Igreja Católica festeja São Sebastião com missas e procissões no dia 20 de janeiro. Nessa mesma data ele é festejado pelas comunidades dos cultos religiosos afro-brasileiros em seus terreiros e barracões. No Candomblé São Sebastião é sincretizado com Ogum, deus da guerra, e na Umbanda é sincretizado com Oxóssi, deus da caça. Em outros rituais ele é sincretizado com Omulú e Obaluayê, por causas das chagas causadas pelos ferimentos causados pelas flechas. São Sebastião é muito venerado em todo o Brasil, onde muitas cidades o têm como padroeiro, entre elas, a cidade do Rio de Janeiro. Em sua honra, dramatiza-se em Conceição da Barra (ES), a 19 e 20 de janeiro, o Alardo, dança dramática do grupo dos folguedos de cristãos e mouros (Chegança). Ele é o protetor dos atletas, dos soldados e guardião do amor, devido à demonstração de amor e fé dedicada aos princípios fundamentais do cristianismo.

• São Cosme e São Damião - Eram gêmeos que foram martirizados no dia 27 de setembro de 287, na Egéia, Cíclica, Ásia Menor, durante a perseguição do imperador Diocleciano. Foram canonizados pela Igreja Católica e hoje são patronos dos cirurgiões. No Brasil, são defensores da fome, das doenças do sexo e dos partos duplos. No Candomblé os santos Cosme e Damião são sincretizados com Ibeji (Vungi). No dia que lhes é consagrado, 27 de setembro, recebem homenagens promovidas por pagadores de promessa, que deve estender-se por 7 anos. Alguns devotos fazem a festa de mesa, quando 7 crianças (ou outro múltipo de 7), sentam-se em uma mesa com bolo, doces e refrigerantes. No RJ, as ruas enchem-se de crianças em correria à procura de brinquedos e saquinhos de doces, decorados com as figuras dos santos, ofertados por devotos. Nos saquinhos, encontram-se diferentes tipos de doces: cocada, pé-de-moleque, maria-mole, doce-de-leite, balas. Os devotos também costumam destinar alguns doces e refrigerantes para serem colocados em frente às suas imagens num altar, onde também são acesas velas. Na Bahia, Dois-dois é o nome que o povo dá aos santos. No dia deles são oferecidas refeições à 7 crianças, seguindo-se o almoço dos adultos e danças, diante do altar com as imagens dos santos. É comum as estampas de Cosme e Damião incluírem uma criança representando Doum que, segundo a crença popular, era filho de uma empregada da família dos gêmeos e morreu no dia seguinte ao martírio dos irmãos.

• São Jorge - Conhecido como o santo guerreiro, São Jorge é um santo muito popular, cultuado não somente nas igrejas católicas como também em terreiros de todas as linhas. É festejado no dia 23 de abril, com procissões católicas e atividades nos terreiros. No Candomblé São Jorge é sincretizado com Oxóssi, deus da caça, e na Umbanda é sincretizado com Ogum, deus da guerra. Justiceiro, protetor dos oprimidos e injustiçados, é o patrono de corporações militares, escolas de samba, clubes de futebol. É bom ter um pé de espada-de-são jorge plantado no jardim das casas que ficam, assim, protegidas de todo o mal. A espada-de-são jorge é uma planta muito usada nos banhos e libações (derramamento de líquido em um altar).

• Banho-de-cheiro - O banho-de-cheiro é muito usado nas religiões afro-brasileiras. É um banho aromático preparado com ervas, cascas de plantas, flores, essências e resinas, que tem o poder de conservar a felicidade, afastar o azar, readquirir os favores da sorte e acabar com o mau-olhado. O banho-de-cheiro nordestino é feito com sete plantas: arruda, alecrim, manjericão, malva-rosa, malva-branca, manjerona e vassourinha. Nos banhos de cheiro não se usa sabonete nem toalha. Os melhores dias para tomar banho-de-cheiro são os seguintes: Ano-Novo, Sábado de Aleluia, dia de São João, Natal e antes de casar. (Fonte: Dicionário de Folclore para Estudantes)

• Missa afro - Missa onde os rituais católicos misturam-se às tradições afro-brasileiras. É um rito católico inculturado, a partir dos valores africanos, celebrado ao som de atabaques e cantos afros. Não há sincretismo, isto é, elementos dos cultos africanos não são misturados à celebração. Na Paróquia N. Sra. Achiropita em São Paulo, além da missa afro, são celebrados batismos e casamentos afro.
fonte:www.lendorelendogabi.com/.../cultura_popular_e_folclore

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