UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

terça-feira, 24 de julho de 2012

"Solano Trindade “poeta, ator, pintor, teatrólogo, militante político, militante do movimento negro"


De todos os escritores negros ligados à coletividade negra brasileira, o que deixou presença mais forte foi Solano Trindade. Foi o primeiro, naquele tempo, a escrever com especificidade, para negros.






“Solano Trindade nasceu no Recife, em 1908, e morreu em São Paulo, em 1974. Foi poeta, ativista político e homem de teatro. Participou dos históricos congressos afro-brasileiros realizados em 1934 e em 1937, respectivamente, em Recife e em Salvador.


Criador da Frente Negra de Pernambuco e do Centro de Cultura Afro-Brasileira, estruturou em Pelotas, RS, um grupo de arte popular já existente, transformando-o, em 1943, no Teatro Popular Brasileiro. No Rio de Janeiro, participou da fundação do TEATRO EXPERIMENTAL DO NEGRO. Ao mesmo tempo, destacou-se como grande nome da poesia de temática e vivência negras no Brasil.

Além disso, fundou em Embu, SP, um importante centro de arte popular. Segundo Souza, 2004, sua produção, elogiada por intelectuais estabelecidos, como Otto Maria Carpeaux, Roger Bastide e Sérgio Milliet, reconfigurou a história e a memória dos afro-brasileiros.

A MILITÂNCIA POLÍTICA.






Tem gente com fome
Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Piiiiii
Estação de Caxias
de novo a dizer
de novo a correr
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Vigário Geral
Lucas
Cordovil
Brás de Pina
Penha Circular
Estação da Penha
Olaria
Ramos
Bonsucesso
Carlos Chagas
Triagem, Mauá
trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Tantas caras tristes
querendo chegar
em algum destino
em algum lugar  
Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Só nas estações
quando vai parando
lentamente começa a dizer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
Mas o freio de ar
todo autoritário
manda o trem calar
Psiuuuuuuuuuuun

Movimento negro...
No Recife do início do século 20, iluminado por lampiões a gás, vendedores perambulavam pelas ruas do bairro de São José, cantando pregões que seriam a primeira referência poética popular do menino Solano, como este: "Pitomba, tomba não tomba/ chora menino por um vintém/ pede a papai que mamãe não tem".
O contato com o folclore se deu pelas mãos do pai, exímio dançarino das danças populares pernambucanas, e por isso mesmo apelidado de "menino de ouro". Vem do berço, portanto, além do apurado sentido rítmico de sua poesia, a máxima que Solano usava para resumir seu método de criação: "Pesquisar na fonte de origem e devolver ao povo em forma de arte".
No Liceu de Artes e Ofícios da capital pernambucana, Solano cursou o propedêutico, equivalente ao atual ensino médio. Daí por diante, é como autodidata que ele constrói sua trajetória intelectual, com um curioso ponto de partida: uma breve atuação como diácono da Igreja Presbiteriana. Nessa época, suas primeiras poesias, publicadas por uma revista escolar de Garanhuns (PE), falavam do Gólgota e dos apóstolos, impregnadas de misticismo. Decepcionado, porém, com o distanciamento que a religião na época guardava dos problemas sociais, incluindo a discriminação contra os negros, ele logo a abandona, justificando sua saída com um versículo da própria Bíblia: "Se não amas a teu irmão, a quem vês, como podes amar a Deus, a quem não vês?"
Na década de 1930, ele abraça a causa de sua raça e funda no Recife, com o escritor José Vicente Lima e o pintor Barros Mulato, o Centro de Cultura Afro-Brasileiro, que tinha por finalidade divulgar o trabalho de intelectuais e artistas negros, e a Frente Negra Pernambucana, cujo manifesto de fundação resume o que seria, durante toda a sua vida, a postura de Solano perante a questão: "Não faremos lutas de raça, porém ensinaremos aos irmãos negros que não há raça superior nem inferior, e o que faz distinguir uns dos outros é o desenvolvimento cultural. São anseios legítimos a que ninguém de boa-fé poderá recusar cooperação".

Surgem então os seus "Poemas Negros", que exaltam Zumbi e a resistência negra, mas também deixam clara uma postura que não admite xenofobia, nem um racismo às avessas, expresso na visão maniqueísta que transforma os negros em "bons" e os brancos, indistintamente, em "maus". No poema "Negros", Solano adverte: "Negros que escravizam e vendem negros na África não são meus irmãos/ Negros senhores na América a serviço do capital não são meus irmãos/ Negros opressores em qualquer parte do mundo não são meus irmãos/ Só os negros oprimidos, escravizados, em luta por liberdade, são meus irmãos./ Para estes tenho um poema grande como o Nilo".
Após participar do 1º e do 2º Congresso Afro-Brasileiro, no Recife e em Salvador, e depois de breve estada em Belo Horizonte, em 1940 Solano aceita o desafio proposto pelo poeta Balduíno de Oliveira, de criar um Grupo de Arte Popular em Pelotas (RS). Essa primeira tentativa de dar forma a um teatro do povo, num estado embranquecido e europeizado pela imigração, fracassa por causa de uma enchente, que carregou instrumentos e figurinos.

Militancia Politica...

O Vermelhinho era um local onde se reuniam jovens artistas, poetas, intelectuais e jornalistas de esquerda. Ali era amigo de pessoas como o Barão de Itararé e Santa Rosa, Aníbal Machado, a escritora Eneida ... Raquel lembra que discutiam sobre a Segunda Guerra, sobre a União Soviética, sobre Stálin, sobre Trotski.
Na década de 40, Solano Trindade ingressou no Partido Comunista. Pouco depois ele e a família mudam-se para a cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Pertencia à célula Tiradentes, que funcionava em sua própria casa, onde se reuniam camponeses, intelectuais e operários. Sobre esse período da sua militância quem se lembra é Raquel:
— Ele tinha tarefas que o partido passava. Muita coisa a gente não podia saber. Tinha as festas do aniversário de Prestes. Tinha os comícios, teve a época do "O petróleo é nosso", eu até fui ajudar a colher assinatura, teve uma época depois contra a bomba atômica. Muita coisa eu não sabia, mas eu era mocinha e ainda não estava ligada.
Solano foi preso duas vezes, uma em Niterói e outra durante a perseguição comunista do governo Dutra, quando morava em Duque de Caxias. Raquel conta que a polícia chegou, e seu irmão, Liberto, estava adoentado, com sarampo. Os policiais viraram o colchão com o menino e tudo para ver se tinha armas, Disseram que tinha uma denúncia.
— Levaram ele preso. Primeiro nós pensávamos que era por causa do poema (Tem gente com fome), mas agora com um levantamento no Dops que eu descobri que foi denúncia, de uma pessoa que convivia no vermelhinho — conta Raquel. Mãe e filha percorreram todas as prisões para achar o pai na preocupação com as torturas. Acharam e ele não foi torturado.
Solano saiu do partido porque acreditava que o problema dos negros não era apenas econômico, era racial também. Acreditava que o povo pobre precisava também ter mais acesso à cultura e às artes para ter igualdade "Não faremos lutas de raças, porém ensinaremos aos irmãos negros que não há raça superior nem inferior e o que faz distinguir um dos outros é o desenvolvimento cultural. São anseios legítimos a que ninguém de boa fé poderá recusar cooperação" , disse Solano.

Solano Trindade foi militante comunista, poeta, pintor, teatrólogo. Foi contra a injustiça social e racial e amante das artes. 



Obras publicadas:
Poemas d’uma vida simples (1944)
Seis tempos de poesia (1958)
Cantares ao meu povo (1961) inveredas, revista de letras da Universidade de São Paulo, nº 1, setembro de 1979.”





Recuperando eventos e trajetórias que negam os estereótipos de passividade e submissão, esforçou-se em contribuir, com sua poesia, para a difusão de fatos históricos ou já esquecidos, ou mostrados através de outra perspectiva nos livros de História do Brasil.







Solano Trindade faleceu de pneumonia em uma clínica em Santa Teresa, no Rio de janeiro, em 19 de fevereiro de 1974.

UNEGRO 24 ANOS DE LUTA!
Um afro abraço.

fonte:ww.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=14088/ww.sescsp.org.br › sesc são paulo  revistas/negritudepernambucana.blogspot.com/.../edvaldo-ramos-e-historia-d.

domingo, 22 de julho de 2012

Mulheres Negras no Brasil pensando anos frente a nossa história

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Mortalidade materna
 
A cada minuto uma mulher morre no mundo em decorrência do trabalho de parto ou complicações da gravidez. A mortalidade materna configura-se no Brasil como um problema de saúde pública, atingindo desigualmente as várias regiões brasileiras. É consenso que a mulheres acometidas pela morte materna são as de menor renda e escolaridade. Juntamente com as questões sócio-econômicas, emerge a questão racial. A análise é difícil de ser realizada em virtude da dificuldade de entendimento da classificação raça/cor que muitas vezes impede o registro dessa informação. Vários Comitês de Morte Materna estão utilizando o quesito cor e revisando seus dados. Este artigo analisa vários relatórios, mostrando que o risco de mortalidade materna é maior entre as mulheres negras, o que inclui as pretas e pardas, configurando-se em importante expressão de desigualdade social. 

Crime do Estado

Mulher grávida não recebe atendimento em hospital público. O Estado prende mulheres que se recusam a ter um filho, no entanto deixa os hospitais públicos caindo aos pedaços e cria condições para a morte do bebê e da mãe.

10 de julho de 2009 
 
Um caso ocorrido no Rio de Janeiro ilustra a situação criminosa a que estão sujeitas às mulheres. 
 
Depois de ter sido atendida no Hospital Miguel Couto, no Leblon, na Zona Sul, uma jovem, Manoela dos Santos, que perdeu o bebê .
Esta mulher perdeu o bebê após ser atendida no Hospital Miguel Couto na quinta-feira, dia 2 de julho por um médico que está sendo investigado pela polícia e pela administração municipal.
 
Com um descolamento prematuro da placenta, ela chegou ao hospital Miguel Couto com dores e sangramento. 
O médico a atendeu, escreveu em seu braço o nome da maternidade Fernando de Magalhães, na Zona Norte, e os números das linhas de ônibus para chegar até lá. 
 
Na última segunda-feira, 6 de julho, a jovem teve que ser transferida para a UTI e foi submetida a uma transfusão de sangue, recebendo alta na terça. 
A mulher sofreu aborto espontâneo na tarde do mesmo dia em que ela foi atendida no hospital.
O Estado condena mulheres a morte, a sangrarem em hospitais sem atendimento, e ainda a serem presas caso não queriam levar à frente uma gravidez.

Em cada 100 mil nascidos vivos média de 76 mães morrem a cada ano. Mulher com braço rabiscado que perdeu bebê é exemplo de precariedade.
 
O grito de três mulheres grávidas, que acusaram um médico de descaso por ter escrito em seus braços o nome da maternidade que elas deveriam procurar, trouxe à tona uma realidade preocupante. 
  
O número é quase quatro vezes maior do que o tolerável pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Entre as causas apontadas pelo relatório, as mortes são provocadas, em sua maioria, por hemorragias, descuidos com a diabetes, hipertensão arterial, falta de sangue em CTI’s (Centro de Tratamento Intensivo) e de acompanhamento médico para realizações de consultas periódicas, o chamado pré-natal. 

Observa -se “uma falta de laços de solidariedade” entre os profissionais e as pessoas que necessitam de atendimento dos serviços públicos. “É o professor que foge do aluno e o médico que foge do paciente”, exemplifica. 

“É muito dinheiro para pouca gestão. É como se os filhos dessas mães, a maioria moradoras de comunidades carentes, não tivessem o direito de nascer. É uma coisa escandalosa. Esse índice de mortalidade de grávidas é o pior indicador de justiça social”, conclui. 
 
Te pergunto : Qual a Cor destas Mulheres?
Um afro abraço.
fonte:carta carioca/Claudia Vitalino-UNEGRO/RJ.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O líder Nelson Mandela



Nossos olhos se voltam para lembrar e conhecer um pouco mais sobre Nelson Rolihlahla Mandela. É um advogado, ex-líder rebelde e ex-presidente da África do Sul de 1994 a 1999, considerado como o mais importante líder da África Negra, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1993, e Pai da Pátria da moderna nação sul-africana.Até 2009 havia dedicado 67 anos de sua vida a serviço da humanidade - como advogado dos direitos humanos e prisioneiro de consciência, até tornar-se o primeiro presidente da África do Sul livre, razão pela qual em sua homenagem a ONU instituiu o Dia Internacional Nelson Mandela no dia de seu nascimento, como forma de valorizar em todo o mundo a luta pela liberdade, pela justiça e pela democracia.

Nascido numa família de nobreza tribal, numa pequena aldeia do interior onde possivelmente viria a ocupar cargo de chefia, abandonou este destino aos 23 anos ao seguir para a capital Joanesburgo e iniciar atuação política. Passando do interior rural para uma vida rebelde na faculdade, transformou-se em jovem advogado na capital e líder da resistência não-violenta da juventude em luta, acabando como réu em um infame julgamento por traição, foragido da polícia e o prisioneiro mais famoso do mundo, após o qual veio a se tornar o político mais galardoado em vida, responsável pela refundação de seu país - em moldes de aceitar uma sociedade multiétnica.

Trajetória política: luta pela liberdadeDepois da eleição de 1948 dar a vitória aos africâners Partido Nacional apoiantes da política de segregação racial, Mandela tornou-se activo no CNA, tomando parte do Congresso do Povo (1955) que divulgou a Carta da Liberdade - documento contendo um programa fundamental para a causa antiapartheid.Comprometido de início apenas com actos não violentos, Mandela e seus colegas aceitaram recorrer às armas após o massacre de Sharpeville (março de 1960), quando a polícia sul-africana atirou em manifestantes negros, desarmados, matando 69 pessoas e ferindo 180 - e a subsequente ilegalidade do CNA e outros grupos antiapartheid.Em 1961 tornou-se comandante do braço armado do CNA, o chamado Umkhonto we Sizwe ("Lança da Nação", ou MK), fundado por ele e outros.Mandela coordenou uma campanha de sabotagem contra alvos militares e do governo, fazendo também planos para uma possível guerrilha se a sabotagem falhasse em acabar com o apartheid; também viajou em coleta de fundos para o MK, e criou condições para um treinamento e atuação paramilitar do grupo.Em agosto de 1962 Nelson Mandela foi preso após informes da CIA à polícia sul-africana, sendo sentenciado a cinco anos de prisão por viajar ilegalmente ao exterior e incentivar greves.

 FamíliaNelson Mandela casou-se três vezes. A primeira esposa de Mandela foi Evelyn Ntoko Mase, da qual se divorciou em 1957 após 13 anos de casamento. Depois casou-se com Winie Madikizela, e com ela ficou 38 anos, divorciando-se em 1996, com divergências políticas entre o casal vindo a público. No seu 80º aniversário, Mandela casou-se com Graça Machel, viúva de Samora Machel, antigo presidente moçambicano e aliado do CNA.Viver Nelson MandelaOrganizador do livro Mandela: Retrato Autorizado, o professor e político sul-africano Mac Maharaj destacou, em recente visita ao Brasil, quando palestrou no Seminário Diversidade Cultural, em junho último em Brasília, destacou em entrevista ao boletim eletrônico Informe Palmares o que representou para ele conviver com Nelson Mandela.Para Mac Maharaj, "Mandela lhe deu a liberdade e lhe incentivou a buscá-la. Foi um grande privilégio viver por 12 anos na prisão com Mandela e aprender com ele, tê-lo como mentor e aprender as verdadeiras qualidades de um líder, que podem ser resumidas em uma palavra: um verdadeiro líder é um servidor do povo".Frases de Nelson MandelaSinto-me como um jovem de 50 anos.Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.Ainda há gente que não sabe, quando se levanta, de onde virá a próxima refeição e há crianças com fome que choram.Eu faço tudo isso em nome dos principios morais, segundo os quais nao podemos abandonar aqueles que nos ajudaram nos momentos mais sombrios da historia do nosso pais. Criticado muitas vezes por ser um pouco egocêntrico e por seu governo ter sido amigo de ditadores que foram simpáticos ao Congresso Nacional Africano, a figura do ser humano que enfrentou dramas pessoais e permaneceu fiel ao mister de conduzir seu país suprimiu todos os aspectos negativos.

Foi o mais poderoso símbolo da luta contra o regime segregacionista do Apartheid, sistema racista oficializado em 1948, e modelo mundial de resistência No dizer de Ali Abdessalam Treki, Presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, "um dos maiores líderes morais e políticos de nosso tempo".o aniversário de 94 anos de Nelson Mandela com bolos gigantes, cantorias em massa de "Parabéns a Você" e 67 minutos de boas ações, uma para cada ano de luta do líder anti-Apartheid contra o governo de minoria branca.

Mas, além dos tributos para o primeiro presidente negro da África do Sul, o dia revelou a disputa inconveniente entre empresas, políticos e instituições de caridade por uma fatia da glória de "Madiba", o nome do clã pelo qual ele é carinhosamente conhecido.
O Congresso Nacional Africano (CNA) divulgou um louvor de 1.450 palavras ao seu ex-líder totêmico, exortando as 50 milhões de pessoas do país a "continuar a construir a África do Sul dos sonhos de Madiba".


No entanto, apenas semana passada, a heroína anti-Apartheid e ex-mulher de Mandela Winnie Madikizela-Mandela estava acusando o CNA em uma carta que vazou de "tratamento pobre" da família e de querer mencioná-los somente "quando temos de ser usados para alguma pauta".
Os "67 minutos" de caridade pelo Dia de Mandela também reabriram velhas feridas em meio a críticas de que esse é meramente um veículo para os brancos e a nova elite rica negra amenizar a culpa de estar no topo do que continua a ser uma das sociedades mais desiguais, mesmo 18 anos após o fim do Apartheid.
Liderando a acusação estava Luther Lebelo, chefe de um braço do CNA em Johanesburgo, que escreveu um artigo no jornal Sowetan sugerindo que o dia era sobre "pequenas atividades de caridade cosméticas" que só serviam para perpetuar as divisões de classe.
O Centro de Memória Nelson Mandela, conhecido guardião oficial da sua imagem, revidou no mesmo jornal, com particular exceção à referência de Lebelo à "chamada Fundação Mandela".


A brincadeira reflete uma visão amplamente aceita entre a maioria esmagadora negra da África do Sul de que os brancos conseguiram cooptar Mandela e sua imagem desde as primeiras eleições de todas as raças, em 1994.
O centro de Mandela também se envolveu em uma batalha comercial com os membros da sua família sobre a venda de roupas com a marca Mandela sob a etiqueta "46664", em homenagem ao número que ele recebeu durante seus 27 anos de prisão.
A linha de roupas, que inclui jeans de US$ 100 fabricados na China, foi lançada em Nova York com uma cerimônia glamourosa no consulado da África do Sul na quarta-feira, apenas uma semana depois de duas das netas de Mandela estrearem uma linha de camisetas, tops e bonés sob a marca "Long Walk to Freedom" (Longa Caminhada até a Liberdade), mesmo nome da autobiografia de Mandela.
Enquanto isso, longe de toda a gritaria, um Mandela cada vez mais frágil passou o dia com a família e amigos mais próximos - o ex-presidente dos EUA Bill Clinton - em sua antiga aldeia de Qunu, na remota província do Cabo Oriental.
A jornada de aniversário de Mandela com uma canção de aniversário a Madiba entoada por 20 milhões de pessoas em diversas localidades do país. Estudantes em suas escolas e empregados em seus ambientes de trabalho se somaram a esta iniciativa para desejar-lhe um dia feliz.


Mandela se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul após vencer as primeiras eleições multirraciais do país, em 1994, ano em que chegou ao fim o regime segregacionista do apartheid, imposto pela minoria branca sul-africana.
Sua mensagem de reconciliação e convivência entre as diferentes raças, que possibilitou a transição rumo a uma África do Sul democrática, lhe valeu o Nobel da Paz em 1993, prêmio que recebeu junto ao então presidente, Frederik Willem de Klerk.


Um afro abraço.
fonte:Wikipédia, a enciclopédia livre/.www.mundonegro.com.br/terra.




quarta-feira, 18 de julho de 2012

Cultura Negra: Nossa gente e nossa história


Cada população, cada raça, cada cultura tem identidade própria, e específica que resistem à globalização da economia e da comunicação na comunidade. A construção de uma sociedade mais justa e igualitária acontece no cotidiano de todas as pessoas ou cidadãos através de atitudes positivas ou não, em todas as relações humanas, sejam elas familiares profissionais ou comunitárias.

De maneira geral, tanto na época colonial como durante o século XIX a matriz cultural de origem europeia foi a mais valorizada no Brasil, enquanto que as manifestações culturais afro-brasileiras foram muitas vezes desprezadas, desestimuladas e até proibidas. Assim, as religiões afro-brasileiras e a arte marcial dacapoeira foram frequentemente perseguidas pelas autoridades. Por outro lado, algumas manifestações de origem folclórica, como as congadas, assim como expressões musicais como o lundu, foram toleradas e até estimuladas como forma de controle desta população escrava( sequestrada) por isso, a cultura desse continente exerce grande influência, principalmente na região nordeste do Brasil. Hoje, a cultura afro-brasileira é resultado também das influências dos portugueses e indígenas, que se manifestam na música, religião e culinárias…

Bem, começando do início…

Todas as manifestações culturais afro-brasileiras eram proibidas, desprezadas, desestimuladas e perseguidas porque não eram parte do universo cultural europeu, não representavam civilidade, mas sim, uma cultura selvagem e atrasada em contraponto à Europa em desenvolvimento.

Entretanto, a partir de meados do século XX, as expressões culturais afro-brasileiras começaram a ser gradualmente aceitas, admiradas e celebradas pelas elites brasileiras como expressões artísticas genuinamente nacionais. Nem todas as manifestações culturais foram aceitas ao mesmo tempo. A partir do momento que a população negra chegava no Brasil, além de não poder praticar a própria religião, eram proibidos de realizar festas e rituais de origem africana. Eram obrigados a seguir a doutrina. Entretanto, mesmo com todas as imposições e restrições, os africanos não deixaram a cultura ser esquecida. Escondidos, mantiveram representações artísticas, culturais e até desenvolveram uma forma de luta: a capoeira.

Nos meados do século XX, as expressões culturais afro-brasileiras começaram a ser aos poucos aceitas e admiradas por parte das elites brasileiras como expressões artísticas genuinamente nacionais. Mas, como citado, nem todas as manifestações culturais foram aceitas ao mesmo tempo. O samba foi uma das primeiras expressões da cultura afro-brasileira a ser admirada quando ocupou posição de destaque na música popular, no início do século XX.

O samba que no inicio era “semba” foi uma das primeiras expressões da cultura afro-brasileira a ser admirada quando ocupou posição de destaque na música popular. Por exemplo, os desfiles de escolas de samba ganharam nesta época aprovação governamental através da União Geral das Escolas de Samba do Brasil. Outras

expressões culturais seguiram o mesmo caminho.

Posteriormente, o governo da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas desenvolveu políticas de incentivo do nacionalismo nas quais a cultura afro-brasileira encontrou caminhos de aceitação oficial. Por exemplo, os desfiles de escolas de samba ganharam nesta época aprovação governamental através da União Geral das Escolas de Samba do Brasil, fundada em 1934.

A capoeira, que era considerada forma de briga de bandidos e marginais. foi apresentada, em 1953, pormestre Bimba ao presidente Getúlio Vargas que o chamou de “único esporte verdadeiramente nacional”.

No inicio de 1950 as perseguições às religiões afro-brasileiras diminuíram e a Umbanda passou a ser seguida por parte da classe média carioca. Na década seguinte, as religiões afro-brasileiras passaram a ser celebradas pela elite intelectual branca.

Em 2003, foi promulgada a lei nº 10.639 que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), passando-se a exigir que as escolas brasileiras de ensino fundamental e médio incluam no currículo o ensino da história e cultura afro-brasileira.
Traços fortes da cultura africana podem ser encontrados hoje de varias formas na cultura brasileira, como amúsica popular, a religião, a culinária, o folclore e as festividades populares.

Os estados do Maranhão,Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sulforam os mais influenciados pela cultura de origem africana, tanto pela quantidade de escravos recebidos durante a época do tráfico como pela migração interna dos escravos após o fim do ciclo da cana-de-açúcar naregião Nordeste.

Influência na Culinária

Outra grande contribuição da cultura africana se mostra à mesa. Pratos como o vatapá, acarajé, caruru, mungunzá, sarapatel, baba de moça, cocada, bala de coco e muitos outros exemplos são iguarias da cozinha brasileira e admirada em todo o mundo.

Mas nenhuma receita se iguala em popularidade à feijoada. Originada das senzalas, era feita das sobras de carnes que os senhores de engenhos não comiam. Enquanto as partes mais nobres iam para a mesa dos seus donos, aos escravos restavam as orelhas, pés e outras partes dos porcos, que misturadas com feijão preto e cozidas em um grande caldeirão, deram origem a um dos pratos mais saborosos e degustados da culinária nacional.

Ainda que tradicionalmente desvalorizados na época colonial e no século XIX, os aspectos da cultura brasileira de origem africana passaram por um processo de revalorização a partir do século XX que continua até os dias de hoje.

Solano Trindade um capítulo acentro e a parte:

Ele foi operário, comerciário, funcionário público, jornalista, poeta, cineasta, pintor, homem de teatro e um dos maiores animadores culturais brasileiros do seu tempo. Foi premiado no exterior e elogiado por celebridades como Carlos Drummond, Darcy Ribeiro, Otto Maria Carpeaux, Sérgio Milliet e tantos outros. Esse negro (e pobre) escritor recifense está hoje esquecido nos círculos culturais, apesar de tudo o que fez pela cultura brasileira, pelo resgate da arte popular e pela independência da cultura negra. Esquecido justamente porque fez dos seus versos, como de toda sua arte, “uma arma, um toque de clarim, que desperta as energias, levanta os corações, combate por um mundo melhor.”, nas palavras do sociólogo francês Roger Bastides. Este artista simples e contundente, genial e pobre, crítico e negro ainda não foi digerido por nossa inteligência. Nós, brancos, porque na universidade somos todos brancos, reverenciamos agora este negro poeta negro.

Durante a perseguição aos comunistas, empreendida pelo governo Dutra, entram na casa de Solano. Seu filho, Liberto, está deitado, doente. A polícia vira o colchão, à procura de armas, Exemplares de seus livros são apreendidos. A filha Raquel lembra: “Papai jamais esconderia armas. Sua luta era feita com ideias”. Preso, ele não se abala. Raquel e a mãe, Margarida, percorrem as cadeias até encontrá-lo. Quando sai, Solano parece fortalecido. Embora tenha olhos tristonhos, seu otimismo é contagiante, nasce do seu amor pela arte e pela vida.

Continua escrevendo, fazendo teatro e espalhando sonhos e esperanças por onde passa. O interesse de Solano pela cultura popular ia além da teoria: não se cansou de fundar grupos teatrais. Preocupava-se com o que chamava de folclore, com as danças populares.
Dizia sempre que era necessário pesquisar nas fontes de origem e devolver ao povo em forma de arte. Sua experiência mais bem sucedida neste sentido foi o Teatro Popular Brasileiro, criado por ele, por sua esposa Margarida Trindade e pelo sociólogo Édison Carneiro em 1950.

O TPB fazia uma leitura séria de danças como maracatu e bumba meu boi. Também promovia cursos de interpretação e dicção. Era formada por operários, estudantes, gente do povo. Convidado a ir à Europa, o TPB mostrou seu trabalho em vários países. De volta ao Brasil, Solano vem a São Paulo e é convidado pelo escultor Assis para apresentar-se no Embu. Leva todo o seu grupo. Dormem no barracão de Assis nos finais de semana, quando mostram sua arte para um número cada vez maior de pessoas. Participam da peça “Gimba”, de Gianfrancesco Guarnieri e, em 1967, apresentam-se para um dos criadores da Negritude: Leopold Senghor. Solano apaixona-se pelo Embu, muda-se para lá e sua casa torna-se um núcleo artístico. Embora na cidade já houvesse um movimento com artistas como Sakai e Azteca, é a atividade de Solano e Assis que faz surgir à feira de artesanato e revoluciona o local, aumentando o fluxo turístico. Solano chegou a ser conhecido como “o patriarca do Embu”. A casa e o coração de Solano estavam sempre prontos para receber as pessoas. Na panela, havia comida para quem chegasse fora de hora. Ironicamente, no final de sua vida, vários desses amigos se afastaram, mas talvez este seja o cruel destino de alguns grandes criadores, de profetas e poetas assinalados. A poesia de Solano o marcou.
Orgulhava-se ser chamado de “poeta negro”. Foi comparado a importantes escritores como o cubano Nicolas Guilhén – de quem foi amigo – e o americano Langston Hughes. Na poesia afirma sua descendência, mostra orgulho:

Sou Negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh’alma recebeu o batismo dos tambores atabaques, gonguês e agogôs
Contaram-me que meus avós
vieram de Luanda
como mercadoria de baixo preço plantaram cana pro senhor do engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu.
Depois meu avô brigou como um danado nas terras de Zumbi
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso
Mesmo vovó não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou
Na minh’alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação…

Solano Trindade.

Bob Marley enfatizou: ‘Um povo sem memória é como uma árvore sem raízes’. A Perda da Memória, talvez este seja o maior crime cometido pelo racismo contra nosso povo. O não saber sobre quem somos de onde realmente viemos e o que deixamos de obter por herança faz de nós um povo totalmente apascentado pelas ideologias de um sistema segregacionista, que tem muito medo de nossa evolução.

Um afro abraço.
fonte:Claudia Vitalino/UNEGRO/RJ.

terça-feira, 17 de julho de 2012

A luta contra o racismo é uma das bandeiras pela emancipação do povo brasileiro


Ainda hoje após 124 anos da abolição, permanecemos de batalha em batalha desenvolvendo o bom combate pelo direito a educação, ao trabalho, a saúde e a habitação. Ou seja, pelos direitos sociais básicos, pelos direitos políticos e de acesso à cidadania que nos é garantida constitucionalmente. Mas nos negada substancialmente durante séculos, evidenciada nos nossos cotidianos.


No último período temos estado nos tribunais. E a nossa vitória no Supremo sobre a lei de Cotas (Políticas Públicas Afirmativas, na Universidade) onde os ministros em uma votação histórica decidiram a constitucionalidade das cotas, expressas em votação unanime, nos fortalecendo para as lutas vindouras a acontecer no congresso e no Supremo.


A luta pela educação para o povo negro traduz uma necessidade que é de reparar este direito que foi nos negado desde a Lei do Ventre Livre (1871). A lei do Ventre Livre foi uma das primeiras vitórias do movimento abolicionista, fazendo parte também da estratégia da monarquia, que preparava a abolição lenta gradual e segura, preocupados com a imagem do país internacionalmente, internamente com a produção econômica e a ordem social, que se colocava como pressuposto para uma nova base política e social para o país. 


A luta abolicionista era internacional, e tinha o mesmo inimigo comum: a Igreja. Que adotava estratégias diferentes, nos diferentes “estados nacionais”. No Brasil o que importava era a liberdade da alma livre do pecado, nos Estados Unidos a liberdade civil, e na Inglaterra, a natureza cultural e política. 


De acordo com ALBUQUERQUE (2006), a ousadia era a marca de atuação dos emancipacionista e dos negros que lutaram contra a escravidão até as vésperas da abolição. E nem de longe o fim da escravidão foi algo decidido e encaminhado somente pelos senhores e doutores do Império. A intensidade das revoltas e fugas coletivas foi uma das maiores evidência da crise do escravismo. E na segunda metade do século XIX, a prepoderância da rebeldia negra para falência do escravismo ficou marcada.


Para JUNIOR (2004), o protagonismo do movimento abolicionista, contou com personagens negros como Luís Gama, José do Patrocínio, Manoel Querino, André Rebolsas entre outros. Desta forma a monarquia se “dispunha” em aprovar projetos abolicionistas, mediante a pressão internacional, e o aumento dos conflitos e violência entre escravos e senhores, seguindo a orientação da abolição lenta gradual e segura, passando primeiramente pela lei do Ventre Livre (1871), Lei do Sexagenário (1885), e por fim a abolição (13 de Maio de 1888). Viabilizando novas bases de legitimidade sintonizada, na propaganda que associava à abolição a ação exclusiva da princesa Isabel. Ficando isso no imaginário de nossa população durante décadas.


Para além da abolição, que não teve como significado a desconstrução dos valores e estigmas associados à “questão da cor”, e sim de disseminação de teses racistas e de sua reconstrução na forma de ideologia racial adaptada para sociedade à mudança do status jurídico do negro, no meio social. As formas contemporâneas do racismo e da discriminação racial são fatores que ainda impedem a plena emancipação da população negra no pós-abolição.


A consolidação da ideologia racista, tem como uma das bases de sustentação o “racismo científico” ocorrida por séculos, e que permitiram a naturalização das desigualdades raciais, reafirmando o seu contexto político, social e jurídico. O racismo científico traz no seu bojo a tese do branqueamento racial, essa tese se materializa durante abolição, com a vinda de imigrantes para o trabalho assalariado nas áreas da agricultura e da indústria. Relegando os brasileiros de pele escura aos piores empregos, e lugares mais humildes, desvalorizados e mal remunerados, aos cortiços e favelas, à marginalidade, à miséria e à ignorância. 


E a tese do branqueamento racial permanecia, e foi em julho de 1911, durante o l Congresso Internacional das Raças, realizado em Londres que João Batista Lacerda apresentou a tese Os mestiços do Brasil, quando garantia que em cem anos (2012) os negros desapareceriam da população brasileira, e os mestiços estariam reduzidos a 3% do seu total (apud, Schewarcz,1995:11).


Ainda hoje (2012), por ironia do destino continuamos a ser maioria, somos 51% de negros e mestiços na população brasileira, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). e continuamos na luta pelo direito a emancipação, que ainda não chegou. Pois não tivemos acesso à terra, ao trabalho e à educação, o que possibilitaria ascensão intelectual, e posições mais qualificadas entre as atividades econômicas e sociais do país. 


Em tempo em que se construía em todos os níveis a abolição da escravatura no Brasil, no campo internacional, os trabalhadores travavam batalhas respeitáveis pelo direito às condições de vida e trabalho, como a redução de jornada de trabalho para oito horas semanais. Na Espanha, Felipe II estabeleceu tais direitos para os mineiros em 1573, ampliando para os demais trabalhadores vinte anos depois, em 1593.


No século XIX, essa bandeira foi retomada, então a conquista que primeiramente foi dos mineiros espanhóis, inspiraram operários em quase todo mundo, resultando nos “comícios de maio” segundo Karl Marx, (Apud Kocher 1987).


A jornada de oito horas passou a ser a principal reivindicação da classe operária, em especial dos operários americanos. e em 1869 foi criada a “Liga pelas Oito Horas”, que se transformou em um polo de aglutinação, culminando em uma série de manifestações, greves, que após a depressão a depressão econômica de 1884 e 1886, convocou a greve geral para 1º de maio, que tinha como referência no dia nacional da renovação dos contratos de trabalho.


KOCHER (1987) descreve que a princípio a manifestação era pacífica, até a polícia intervir com violência, causando seis mortes e cinquenta feridos, permitindo aos anarquistas convocarem oficialmente um ato contra a ação da polícia. E em meio ao comício uma bomba foi arremessada em direção aos policiais, desencadeando em uma perseguição política aos líderes do movimento operário, e sete deles foram condenados a morte por enforcamento, e outros quinze à prisão.


A partir de então a luta tinha mais uma reivindicação, a inocência dos companheiros que os transformaram nos “oito mártires de Chicago”, como símbolo mundial da injustiça do estado capitalista. 


Esse acontecimento teve influência substantiva na 2ª Internacional, em 1889, Paris, quando operários marxistas de vários locais do mundo decretaram o 1º de maio como Dia Internacional do Trabalho. É a partir desta resolução que passamos a promover atividades em todo mundo e aqui no Brasil, nas últimas décadas temos tido o êxito de unificar as centrais sindicais e movimentos sociais em torno de reivindicações e bandeiras comuns ao mundo do trabalho.


E ainda hoje, passado 125 anos da luta dos “oito mártires de Chicago”, nossa luta ainda é pela Redução da Jornada de Trabalho, sem redução do salário. Pela igualdade de direitos nos postos de trabalho, preservação do direito a aposentadoria, ao direito de greve, e as melhores condição de vida e trabalho.


Atualmente manutenção de velhos privilégios de classe, sob o capitalismo moderno, o racismo continua sendo um elemento fundamental para a 1º de Maio, uma história de luta e de luto da classe operária.


Associar produtividade e prosperidade coletiva ao valor do trabalho vem desde os nossos primórdios, mas essa associação comemorativa que se inicia na idade média, ganhou dimensão ainda no século XVI no mundo do trabalho, quando legislações corporativas instituíram a jornada de oito horas de trabalho na Espanha, quando Felipe II estabeleceu tais direitos para os mineiros em 1573, ampliando ara os demais trabalhadores vinte anos depois, em 1593.


Atualmente, sob o capitalismo moderno, o racismo moderno, o racismo continua sendo um elemento fundamental para a manutenção de velhos privilégios de classe”.

(Clóvis Moura).

24 anos de luta!
REBELE-SE CONTRA O RACISMO!

Um afro abraço.


Fonte: Mônica Custódio /UNEGRO

sábado, 14 de julho de 2012

UNEGRO, 24 ANOS DE LUTA!!!

Defesa da vida, cidadania e igualdade de oportunidades para a maioria da população brasileira, marcaram os 24 anos de existência.


UNEGRO. Movimento Negro: um passo além da proposta. Quais as perspectivas que temos que trazer para o mundo do trabalho, para a luta em defesa da nossa inclusão nas universidades, para a luta em defesa dos direitos humanos da população negra, para o movimento de mulheres, para a juventude negra, para as religiões de matriz africana, para as comunidades tradicionais de quilombos, enfim, para o conjunto das principais frentes de vivência da nossa condição de negras e negros nessa sociedade. REBELE-SE CONTRA O RACISMO é o lema da nossa organização .  Raça, gênero e classe são conceitos que, para nós, caminham juntos, por isso defendemos um projeto de nação que supere a opressão racial, a opressão de gênero e a opressão capitalista. Um projeto de nação que deixe de ser bom apenas para alguns, mas que seja bom para todas as pessoas que formam o povo brasileiro.

União de Negros pela Igualdade comemora 24 anos.
 União de Negros pela Igualdade (Unegro) acrescenta que as cotas raciais só se tornaram realidade por conta da unificação do movimento em torno de pautas importantes para a igualdade racial e combate à discriminação.

Principais objetivos da Unegro – Combater todas as formas de discriminação de gênero, sistemáticas ou não, particularmente aquelas que afetam as mulheres negras, maiores vítimas do sistema racista e machista; a exploração de classe em todas as suas manifestações, colocando-se ao lado dos interesses da classe proletária na sua luta plena pela emancipação do capital; defender intransigentemente a autodeterminação dos povos; os legítimos direitos de todas as manifestações culturais e religiosas de matriz africana, lutando contra a sua folclorização e apropriação indevida pela indústria cultural e solidarizar-se com a luta de todos os movimentos sociais e populares que se coloquem no campo progressista.

Um afro abraço.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Amazonas e a Abolição:Um capítulo a parte (10/07)



ESCRAVATURA  Os Maçons e a abolição 




O Amazonas possuía, em relação às outras províncias, pequena quantidade de escravos. Fácil, portanto, a propaganda abolicionista. Tal situação estimulava os maçons ( pedreiros livres) a entrarem em ação. Fundaram a “Sociedade Emancipadora Amazonense”, em março de 1880, da qual foram fundadores: Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha, Miguel Gomes de Figueiredo, José Coelho de Miranda Leão, José de Lima Penantes e Augusto Elíseo de Castro Fonseca. Por influência de maçons no seio da Assembléia Provincial, desde o ano de 1880 até 1884, todos os orçamentos consignavam dotações específicas na lista de suas despesas, destinadas à libertação, cujas cartas de alforria eram entregues sempre em festas solenes, para maior retumbância do acontecimento. Por disposições legais dificultavam-se entradas de escravos no território amazonense. Para isso, taxas pesadas se decretaram. O tributo de averbação por venda de cativos tornou-se vexatório, para se evitar que tais negociações continuassem. Rara era a festa, regozijo público ou particular que não fosse marcada com a entrega de carta de alforria. No ano de 1884, a Grande Benemérita loja simbólica “Esperança e Porvir nº1”e a Grande Benemérita Loja Simbólica “Amazonas nº 2” foram as que mais desenvolveram as suas ações abolicionistas. Maçons dessas duas lojas seriam autores da Lei de 24 de abril de 1884, que consignou a quantia de 300 contos de réis,num orçamento de 2.500 contos, para completar as alforrias, ao mesmo tempo proibindo a entrada de novos escravos na Província do Amazonas. Buscando um fortalecimento ainda maior para os seus ideais, fundaram também a Sociedade Libertadora 25 de Março”e o respectivo órgão na imprensa, o “Abolicionista Amazonense”que teria, no seio da opinião pública, a devida repercussão. Vários fôramos maçons que se brilharam neste movimento emancipador; dentre eles, destacam-se: Carlos Gavinho Viana, Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha, Antonio dias dos Passos, Deocleciano Justo da Mata Bacelar, Antonio Clemente Ribeiro Bitrtencourt, Maximiano José Roberto Gentil Rodrigues de Souza, João Carlos Antony, Pedro Ayres Marinho, Antonio Hosannah de Oliveira, Francisco Públio Ribeiro Bittencourt, Antonio Ponce de Leão e Antonio Guerreiro Antony – os três últimos viajaram pelos rios Purus, madeira e Solimões alforriando escravos. No dia 10 de julho de 1884 foi decretada a extinção da escravatura, por um maçon que governava a Província do Amazonas: Theodureto Carlos de Faria Souto. Esse ato ficou assim assinalado: “Foi um acontecimento que se revestiu de alta significação social e política, pelas suas bem’ficas conseqüências”. De fato, era um regime anormal alimentar-se o cativeiro no continente da liberdade. Nada mais esdrúxulo e desumano cada nação americana proclamar-se livre de sua metrópole e, ao mesmo tempo, conservar a explorar a escravidão. Um verdadeiro contra-senso. E foi para evitá-lo que o grande José Bonifácio, ao ser feita a Independência, indicou, em célebre manifesto, que fosse imediatamente declarada a manumissão.


 A idéia não venceu. Mas havia de vencer. Efetivamente, o Amazonas, ao libertar seus escravos,dava um grande passo à igualdade social do homem em terras brasileiras e cumpria a maçonaria com um dos escravos no Amazonas foi solenizada em praça pública. Por sua vez, a assinatura da Lei Áurea fora festivamente comemorada pelas lojas maçônicas amazonenses,com um desfile cívico, um grande acontecimento social e altamente humanisco. Como sinal de reconhecimento ao empenho da maçonaria a favor da emancipação, representada, nesta região , pelas lojas “Esperança e Povir “ e “Amazonas”,ambas receberam o título de beneméritas, conferindo pelo, marechal Deodoro da Fonseca, presidente da República do Brasil e Grão Mestre soberano, Grande comendador da Ordem maçônica no Brasil.




 Por disposições legais dificultavam-se entradas de escravos no território amazonense. Para isso, taxas pesadas se decretam. O tributo de averbação, por venda de cativos tornou-se vexatório, para se evitar que tais negociações continuassem. Rara era a festa, regozijo público ou particular que não fossem marcada com a entrega de carta de alforria. No ano de 1884 a grande Benemérita Loja Simbólica ‘Amazonas n.º 2’, foram as que mais desenvolveram as suas ações abolicionistas. Maçons dessas duas lojas seriam os autores da lei de 24 de abril de 1884, que consignou a quantia de 300 contos de réis, num orçamento de 2.500 contos para completar as alforrias, ao mesmo tempo proibindo a entrada de novos escravos na Província do Amazonas. Buscando um fortalecimento ainda maior para os seus ideais, fundaram também a “Sociedade Libertadora 25 de Março” e o respectivo órgão na imprensa, o “Abolicionista Amazonense”, que teria, no seio da opinião pública, a devida repercussão. Vários foram os maçons que se destacaram neste movimento emancipador, entre eles destacamos: Carlos Gavinho Viana, Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha, Antônio Dias dos Passos, Deocleciano Justo da Mata Barcelar, Antônio Clemente Ribeiro Bittencourt, Maximiano José Roberto, Gentil Rodrigues de Souza, João Carlos Antony, Pedro Ayres Marinho, Antônio Hosannah de Oliveira, Francisco Público Ribeiro Bittencourt, Antônio Ponce de leão e Antônio e Solimões, alforriando escravos. No dia 10 de julho de 1884 foi decretada, por um maçom que governava a Província do Amazonas, o doutor Theodureto Carlos de Faria Souto, extinção da Escravidão. Esse ato ficou assim assinalado: Foi um acontecimento que se revestiu de alta significação social e política, pelas suas benéficas conseqüências. De fato, era um regime anormal alimentar-se o cativeiro no continente da liberdade. Nada mais esdrúxulo e desumano, cada nação americana proclamar-se livre de sua metrópole e, ao mesmo tempo, conservar e explorar a escravidão. Um verdadeiro contra-senso. E foi para evitá-lo que o grande José Bonifácio, ao ser feita a Independência, indiciou, em célebre manifesto, que fosse imediatamente declarada a manumissão. A idéia não venceu. Mas havia de vencer. Efetivamente, o Amazonas, ao libertar os seus escravos, dava um grande passo à igualdade social do homem em terras brasileiras e cumpria a maçonaria com um de seus mais legítimos desiderata. A libertação dos escravos no Amazonas foi solenizada em praça pública. Por sua vez, a assinatura da lei Áurea fora festivamente comemorada, segundo se desprende de carta que o irmão Francisco Público ribeiro Bittencourt, venerável da Loja ‘Amazonas’ endereçou, em 24 de maio de 18888, à Loja ‘Esperança e Provir’, convidando-a a participar do movimento popular que iria solenizar aquele grande acontecimento social e altamente humanitário, com um desfile cívico.




 A participação da Loja ‘Esperança e Porvir’ na libertação dos escravos está gravada em vários depoimentos, um dos quais o do irmão José Cardoso Ramalho Júnior, pronunciado em 1913. Quando no Brasil se iniciou o movimento libertador, contra a mancha que enodoava a nossa cara pátria como nação civilização, a Assembléia Provincial do Amazonas foi a primeira de suas co-irmãs que teve o arrojo de, em seu orçamento, consignar uma verba elevada a alforria do negro escravo e a benemérita Loja ‘Esperança e Porvir’, aproveitando aquele e os recursos que conseguia angariar entre os seus dedicados obreiros, lançou-se ousadamente no trabalho humanitário de dignificar homens. O mesmo irmão ainda escreve: Com tão vontade se houvesse no desempenho da tarefa que a si havia imposta – refere-se à Loja ‘Esperança e Porvir’- tais e tão alevantados serviços prestou à humanidade, que os seus esforços e dedicação à nobre causa encontraram em poucos anos o justo galardão a que fizera jus. Como sinal de reconhecimento ao empenho da maçonaria a favor da emancipação, representada, nesta região, pelas Lojas ‘Esperança e Porvir’ e ‘Amazonas’, ambas receberam o título de benemérita, conferido pelo Marechal Deodoro da Fonseca, presidente da república do Brasil e Grão-Mestre Soberano, Grande Comendador da Ordem Maçônica no Brasil. Esse título foi lido e transcrito no expediente da sessão de 29 de outubro de 1891, sob entusiásticos aplausos. Auto de Declaração da Igualdade de Direito Dos Habitantes da província do Amazonas – 1884 Este documento original é arca luminosa e sem paisagem artificial. As páginas publicada nesta obra, pretendem a revivescência de alguns dos mais importantes episódios já ocorridos na história da nossa Província. São ângulos bem vividos de um passado memorável, motivo de grande orgulho para todos nós, maçons ou não. Este assunto vem a lume agora, graças à manutenção de documentos originais que resistiram às intempéries do tempo. Podemos chamá-lo de pré-excelas documentações de um passo glorioso, em nome de homens nobres e de alta estripe, homens ávidos do nobre desejo de implantar em nome da nossa instituição a trilogia: Liberdade Igualdade e Fraternidade. Foram desbravadores e plantadores de uma civilização justa e perfeita, procurando destacar o homem sem diferença de raça, cor ou religião. 




Alguns destes homens, para nossas terras, banhando os rostos nas águas do fabuloso rio Negro. Aqui chegaram não somente atraídos pelos nossos mistérios, pelo fascínio de nossa exuberante natureza ou pelo delírio de grandes conquistas materiais, mas também no intuito de construírem com suas inteligências e com as próprias mãos, um passado que agora faço ressurgir par o conhecimento de toda uma geração. Hoje o velho rio Negro, que presenciou tantas lutas desses bravos irmãos, caminha de forma encontrada ao encontro do grande e perpétuo embate com o Solimões, como se fora um milagre diário da vontade suprema do Grande Arquiteto do Universo, a festejar as lamas dos nossos bravos irmãos emancipadores de tão longínqua Província. Nos tempos da “Grande Benemérita Loja Simbólica Amazonas n.º 2 “, repusam em seus arquivos, adormecidos em sono profundo, documentações insubstituíveis para a comprovação cabal, marcado a nossa terra, através da presença de maçons que provaram com sangue e gestos, a firme vontade de emancipar a nossa Província, a segunda do Brasil a fazê-la. Por fim vos convido a ler o documento a seguir , pois ele é o resultado de sonhos e lutas , derrotas e grandes vitórias que marcam a História do Amazonas no contexto nacional. Esta ata foi registrada pelo então secretário João Lopes Filho, destacando a primeira assinatura do presidente da Província do Amazonas, dr. Theodureto Carlos de Faria Souto, e de Emílio José Moreira , Eliza Souto, Manoel D’Azevedo da Silva Ramos, Manoel de Miranda Leão ( presidente da Sociedade abolicionista 1.º de Janeiro ), Gustavo Ramos Ferreira, Luiza C. C. de Miranda Leão, João Pedro de Castro e Costa, Antônio Guerreiro Antony, Maria Lemos Raimundo Salles Monteiro Tapajós, Antônio de Souza Chaves (tesoureiro da Sociedade Abolicionista 1.º de janeiro) e tantos outros nomes presentes neste importante documento.
Um afro abraço.


.Fonte: http://pt.shvoong.com/social-sciences/1686674-os-ma%C3%A7ons-aboli%C3%A7%C3%A3o-amazonas/#ixzz20ECMz93w

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