UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Fundamentalismo religioso ameaça laicismo ...?


 fundamentalismo religioso está presente em todas as religiões, durante todas as épocas da história da humanidade. Os fundamentalistas são os mais conservadores e literais seguidores de uma religião.
Existem várias correntes fundamentalistas religiosas entre os adeptos do judaísmo, cristianismo e islamismo, além de outras...
Em muitos casos, o fundamentalismo religioso é um fenômeno moderno, caracterizado pelo senso de esvaziamento do meio cultural, até mesmo onde a cultura pode nominalmente ser influenciada pela religião dos partidários. O termo pode também se referir especificamente à crença ou convicção de que algum texto ou preceito religioso seja infalível e historicamente preciso ainda que contrários ao entendimento de estudiosos modernos...

O laicismo é uma tentativa de articular a diversidade e o pluralismo em todas suas manifestações pessoais e coletivas. É uma crítica do clericalismo político, à tentativa das castas sacerdotais de todas as religiões de controlar a ação do Estado. Também é a defesa do pluralismo, da autonomia da ordem jurídica e política, da dignidade e legitimidade de uma moral autônoma, e da liberdade de consciência. Além disso é a reivindicação de uma cultura de tolerância ativa. O laicismo não só se opõe à dominação, mas também é um humanismo que propõe virtudes, implicando na criação de cidadãos e, por isso, dá grande importância à educação.
UMA AMEAÇA À DEMOCRACIA?
 
O laicismo defende a liberdade religiosa, mas está contra as instituições que dificultam o pluralismo de uma cidadania diversa. Os fundamentalismos e integralismos religiosos radicais (chamem-se islamismo político, hinduismo identitário, judaísmo ultra-ortodoxo ou cristanismo neo-integrista (católico ou protestante) constituem uma ameaça para a democracia e devem ser enfrentados, a fim de não impedirem o pluralismo. Portanto, deve-se recusar suas tentativas de que se legisle a partir da verdade que dizem possuir.
Mas não se deve esquecer que a religião é uma questão pública. Nisto coincidem todos os grandes clássicos da sociologia. As religiões não devem ser privatizadas, devem ter uma presença na vida pública e contribuir para isso, mas em democracia, devem autocontrolar seu projeto de hegemonia. Não nasceram em âmbitos de laicidade e devem aprender a viver em contextos laicos, sabendo que existe algo inviolável: a liberdade de consciência.
 
"O processo de globalização tem mostrado a grande força social, cultural e política das religiões. Estas exercem um importante papel público nas democracias avançadas".

No Brasil na questão racial e negritude, a luta dos negros e negras no cenário protestante não é nova. Ela se inicia em 1841 quando um negro alfaiate, letrado, chamado Agostinho Jose Pereira, começou a pregar nas ruas de Recife a liberdade dos negros e negras nos termos bíblicos e como libertação divina.


As Igrejas Evangélicas Históricas
São as primeiras Igrejas ou denominações que chegaram ao Brasil através dos imigrantes e dos missionários estrangeiros: Congregacionais, Batistas, Presbiterianos, Metodistas, Luteranos, Anglicanos. Essas Igrejas chegaram ainda no período da escravidão e tiveram entre seus líderes defensores da escravidão, omissos e abolicionistas. Os defensores da escravidão: na sua maioria, eram missionários que vieram do sul dos Estados Unidos, ainda com ressentimentos da derrota na Guerra da Secessão que tinha como uma de suas causas a escravidão. Os omissos: Esta era a posição da grande maioria dos evangélicos históricos a respeito da escravidão negra. Os abolicionistas: Estes estiveram presentes em quase todas as denominações históricas; eram, em sua maioria, missionários oriundos do norte dos Estados Unidos, europeus e alguns convertidos brasileiros. E eram em número pequeno.
As Igrejas Evangélicas Pentecostais
O fundador do Pentecostalismo foi um negro chamado William Joseph Seymour, filho de ex-escravos. Seymour, sabendo de uma escola bíblica em Topeka, Kansas, na qual um certo Charles Fox Parham estudava na bíblia a experiência do batismo do Espírito Santo, procurou-o. Charles Fox Parham, considerado por alguns como pioneiro do pentecostalismo, era racista e também simpatizante da Ku Klux Klan e não permitiu que Seymour, por ser negro, entrasse em sua sala de aulas, permitindo apenas que ele participasse das aulas fora da sala através da porta entreaberta. Mas Seymour não desistiu, mesmo sendo humilhado, e continuou até chegar no reavivamento da rua Azusa, Los Angeles, em 1906, dando origem ao Pentecostalismo. O próprio Charles Parham foi para a rua Azusa e denunciou a mistura de raças na igreja de Seymour. E muitos diziam: “O que de bom pode vir de um auto-intitulado profeta negro?”
O racismo e a intolerância mais uma vez dividia o cristianismo transformando as igrejas pentecostais em igrejas de brancos e igrejas de negros da mesma forma que já tinha acontecido com as igrejas históricas. O pentecostalismo implantado no Brasil vem do pentecostalismo branco racista norte-americano de viés reformado. Primeiro em 1910 por meio do italiano Luigi Francescon, fundador da Congregação Cristã no Brasil; e em seguida, em 1911 por meio dos suecos Gunnar Adolf Vingren e Daniel Berg, precursores da Assembléia de Deus. Mesmo assim não conseguiram destruir a raiz negra do pentecostalismo que tomou dimensão mundial e com forte aceitação entre os negros (e) brasileiros.
As Igrejas Evangélicas Neopentecostais
O neopentecostalismo também tem sua origem nos Estados Unidos por grupos que surgiram no final dos anos 50, pregando a prosperidade, a cura e a confissão positiva, dando origem ao “movimento da fé”, também chamado de Teologia da Prosperidade. Um dos propagadores foi Kenneth Hagin, que também tem em seu currículo uma história racista, como atesta sua oposição a casamentos inter-raciais.
No Brasil, as Igrejas Neopentecostais surgiram a partir dos anos setenta. Além de reforçar a demonização da cultura negra como Históricos e Pentecostais já tinham feito, trouxeram novos pontos teológicos com fortes indícios de racismo através da doutrina da prosperidade, das maldições hereditárias e da batalha espiritual. Na doutrina da prosperidade se mede o crente abençoado por seus bens, onde de uma maneira simplista se faz um diagnóstico da situação do povo negro: “é pobre porque é pecador e é oriundo de um continente idólatra e praticante da bruxaria”.
Segundo as maldições hereditárias, o povo negro é considerado uma raça maldita. E para que o negro se livre desta maldição (aceitar Jesus não é suficiente) é necessário que ele faça uma espécie de cura interior se desvinculando de todos os seus antepassados, ou seja, não sendo mais negro. Qualquer relação que ele tenha com a sua cultura poderá trazer de volta as maldições. A Batalha Espiritual reforça a demonização do povo negro. Se olharmos cuidadosamente os livros que tratam do assunto — principalmente dos EUA, ver o livro Este Mundo Tenebroso, de Frank E. Peretti, Editora Vida — veremos que no exército de Deus são todos brancos e louros enquanto que no exército do diabo são todos pretos e negros.
É neste contexto que o Movimento Negro Evangélico tem ampliado cada vez mais sua organização e se fortalecido. Mesmo sem uma agenda única de luta, os grupos mais articulados vêm buscando construir essa agenda comum. Não é uma tarefa fácil porque esse movimento é formado por integrantes de diferentes igrejas evangélicas, desde as igrejas mais fundamentalistas às igrejas mais liberais. Vemos, por exemplo, em algumas iniciativas o objetivo único de evangelizar não tocando no racismo existente nas igrejas. Em outras, busca-se combater o racismo focalizado na sociedade mas não na igreja. E temos também as que se focalizam no combate ao racismo nas igrejas evangélicas e participam também da luta anti-racista na sociedade.
As principais reivindicações dos Negro Evangélico que aparecem na pauta das reuniões e seminários das organizações e grupos mais articulados são: combate ao racismo, políticas de ações afirmativas e reparações e superação da intolerância religiosa. Dentro do cenário evangélico, essa luta também tem as suas reivindicações especificas: reparações no sentido teológico e material, releitura bíblica, e políticas de ações afirmativas com cotas e bolsas de estudos para negros em colégios e universidades protestantes.
Diante de tantos desafios, o Negro Evangélico vem avançando, conquistando espaço e gerando impacto. Mesmo assim, as mudanças são lentas e os desafios são cada vez maiores. Podemos ver isso quando examinamos a sua atuação e situação dentro das igrejas:
- Pioneira, a igreja Metodista é a única denominação que tem um ministério de combate ao racismo. Também em 2005 foi criado o ministério de Ações Afirmativas para Afro-descendentes.
- A Igreja Evangélica de Confissão Luterana tem dado espaço ao Grupo Identidade (anteriormente Grupo de Negros e Negras) um grupo de estudantes de teologia da Escola Superior de Teologia, no Rio Grande do Sul.
- A Igreja Presbiteriana Unida, no seu trabalho de combate ao racismo, vem dando passos importantes através de seu Conselho Coordenador. Passou a ter como parte de seu calendário litúrgico anual o “Dia da Consciência Negra”, que é comemorado no país em 20 de novembro.
- A Comissão Ecumênica Nacional de Combate ao Racismo – CENACORA, vem articulando as Igrejas Históricas para a questão do racismo e negritude.
- E o Conselho Latino Americano de Igrejas - CLAI- Brasil criou a Pastoral da Negritude, incentivando a criação da mesma pastoral em nível continental.
- Alem desses trabalhos, existem atuações de grupos e pessoas dentro das denominações históricas não-ecumênicas como a Igreja Batista do Pinheiro, que criou uma Pastoral da Negritude para atuar na cidade de Maceió, Alagoas.
- Nas Igrejas Pentecostais, o trabalho de combate ao racismo e negritude não fazem parte da agenda de nenhuma das denominações desse seguimento; os trabalhos que existem vêm das bases, de membros e pastores.
- E nas Igrejas Neopentecostais, não existe nenhum trabalho focalizado no combate ao racismo e consciência negra; o que tem é o movimento black gospel.
A integração será certamente uma etapa importante para a consolidação do negro religiosos. É através dela que poderá ser criada uma agenda comum que esteja sintonizada com as massas negras evangélicas e não evangélicas. Não é uma tarefa fácil, os obstáculos são muitos e precisam ser vencidos. Uma coisa tenho certeza: o negro evangélico dentro do movimento.


Se vivemos em um estado democrático, onde impera a liberdade irrestrita de expressão estamos falando estritamente sobre o posicionamento social e religioso, a conduta e inclusive a crença do sujeito em questão.Todos nós precisamos aprender a cultura da tolerância ativa, que é a pedra angular da laicidade e direito de escolha. Não deveríamos utilizar nossos símbolos de identidade simbólica  religiosa como armas de negação de nossa  identidades cultural. Os países, inclusive os micro-países, são plurais e, portanto, países arco-íris. Devemos evitar as guerras de bandeiras. Expressemos nossos símbolos, vendo-os como complementares. Aprendamos a conviver na sociedade civil. Ninguém deveria pretender ter com exclusividade uma pátria ou monopolizar a cultura,religião escolha e pensamentos de um grupo de coletivo ou individual  de um país. Nos afro descendentes nas questões da luta contra o preconceito temos ou deveríamos ter uma bandeira unica.
Claudia Vitalino.
Um afro abraço.
UNEGRO 25 ANOS DE LUTA...
REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
fonte:Excerto do livro O Movimento Negro Evangélico – Um mover do Espírito. Selo Negritude Cristã, 2009/Wikipédia, a enciclopédia livre.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Turquia um país ‘Afro-EuroAsiático’

História e Política
Localizada em uma região estratégica, entre a Europa e a Ásia, a Turquia era uma espécie de encruzilhada para muitos povos da antiguidade. Em alguns períodos, a região fez parte de importantes rotas comerciais, sendo constantemente atravessada por caravanas que transportavam seda e especiarias da China. O nome Turquia significa “terra dos turcos”. Os chineses chamavam os povos que habitavam a Ásia Central de Tu-kin. Os bizantinos utilizavam o nome Tourkia para se referir à Hungria medieval.   A  Turquia conta com uma rica história. A região da Anatólia (Ásia Menor), hoje parte da Turquia, foi o lar de vários impérios da antiguidade, como Troia, Hitita, Persa, Grego, Romano e Bizantino. Após a chegada do islamismo à região, no século VII, o país foi dominado por impérios islâmicos como o Abássida*, o Seljúcida** e o Otomano.
A história do país é influenciada tanto pela Europa quanto por povos da Ásia, já que a região denominada de Anatólia localiza-se nesse continente. Constantinopla, cidade fundada pelo imperador Constantino, passou a ser a capital do Império Bizantino (Império Romano do Oriente), após a queda de Roma, em 476 d.C. Os bizantinos conquistaram os Bálcãs, a Anatólia e o norte da África. Mas com o advento do Islã, no século VII, os bizantinos encontraram nos árabes um adversário à altura, que já haviam conquistado a Pérsia e o Egito, ansiando por levar seu poderio e religião para as terras dominadas pelos bizantinos. Tal fato gerou diversas guerras entre os dois povos, entre os séculos VII e XV. O processo de adesão da Turquia ao espaço europeu está estagnado. Num encontro com embaixadores africanos naquele país, o sub-secretário do Ministério das Relações Exteriores da Turquia, BirnurFertekligil, revelou dados que apontam para um reposicionamento turco no continente negro.“Antes de mais gostaria de agradecer a todos vós por terdes aceite o meu convite e juntarem-se a nós neste evento de família que marca o fim do ano, que estou confiante que se tornará tradicional nos próximos anos”, começou por dizer o anfitrião.

“Por outro lado, sinto-me feliz por acolher entre nós, hoje, pela primeira vez, os embaixadores residentes e encarregados de negócios de Angola, Quénia, Djibuti, Níger, Sudão do Sul e Ghana, que têm enriquecido a parceria turco-africana, pela via da troca de embaixadas”, continuou. Na ocasião foi igualmente avançado que o Benin, a República do Congo e a Côte D’Ivoire serão os países africanos a abrir embaixadas em Ankara nos próximos meses, o que fará subir para 24 o número de representações diplomáticas africanas residentes em Ankara.
No lado turco, esta aproximação com África é recebida com satisfação. “Estamos confiantes de que Vossas Excelências irão explorar todas as oportunidades disponíveis para diversificar e aprofundar as nossas relações”, disse BirnurFertekligil.  O diplomata nota que “no final de cada ano temos a oportunidade de reflectir sobre o que temos feito ou o que deveriam ser os passos adicionais que podem ter de fazer melhor, em todos os âmbitos das nossas vidas”. África, definitivamente, entrou para as prioridades turcas, como se pode depreender das palavras do diplomata, ao dizer que: “No presente processo, posso manifestar com confiança que iremos desenvolver as nossas relações com África, com que temos laços históricos e culturais que continuarão a constituir uma das primeiras orientações da nossa política externa”, lembrou o diplomata.
A Igreja
A história da Igreja Cristã está intimamente ligada à da Turquia, que foi um dos berços do Cristianismo e onde existiram algumas das maiores igrejas do mundo antigo. Por volta do ano 47-49 d.C., o apóstolo Paulo viajou para Antioquia, a fim de pregar o evangelho e fundar as primeiras igrejas cristãs fora da Palestina (Judeia). Ali a mensagem de Paulo teve grande aceitação e foi onde pela primeira vez os seguidores de Jesus foram chamados de cristãos. As “sete igrejas da Ásia Menor” mencionadas no livro de Apocalipse (Eféso, Esmirna, Tiatira, Sardes, Filadélfia, Laodiceia e Pérgamo) encontram-se no território da atual Turquia. Além disso, fica na Turquia a cidade de origem do apóstolo Paulo, Tarso.
Constantinopla (atual Istambul) se tornou, em 330 d.C., o centro da religião cristã, do Império Romano e mais tarde do Império Bizantino (Império Romano do Oriente). Em 380 d.C., o Cristianismo foi declarado a religião oficial do Império Romano, durante o reinado de Teodósio I. Após o surgimento do Islamismo na Arábia e sua expansão nos séculos VII e VIII, o cristianismo perdeu força na Turquia. Após a queda de Constantinopla para os Otomanos, no século XV (1453), e o fim do Império Bizantino, a Turquia se tornou definitivamente um país de maioria islâmica.   A comunidade cristã atual é formada por ortodoxos, na maioria, protestantes e um pequeno grupo de católicos. Há também comunidades de ex-muçulmanos, mas que se reúnem de forma discreta.  Afirmando que a Turquia pode ser vista como um estado “Afro-EuroAsiático”, reforçou que a abertura da “ nossa política à África não é o reflexo de uma expectativa política e económica periódica, ao contrário, é o produto de um processo com base histórica. É, sobretudo, a expressão e o resultado natural dos sentimentos fortes de amizade entre turcos e os povos africanos”.

População
O antigo Império Turco-Otomano sempre foi multiétnico, multilinguístico e multirreligioso (turcos, curdos, gregos, armênios, eslavos etc.). Hoje a maioria da população da Turquia é da etnia turca. Os curdos são uma importante minoria e correspondem a 20% dos habitantes.
Embora a Turquia seja constitucionalmente um Estado laico, o islamismo continua a dominar a cultura do país. A maioria dos muçulmanos turcos é de tradição sunita, embora haja xiitas no país.  Neste contexto, como se viu nos últimos anos, a abertura de embaixadas, visitas de alto nível, os acordos assinados, as consultas em diversos níveis, as visitas realizadas por empresários, os investimentos, as atividades de ONGs turcas no continente, o início dos voos da Turkish Airlines para vários destinos no continente, são tidas como ferramentas importantes para que esta parceria atinja o nível pretendido.

A Turquia contribuiu com 1 milhões de dólares para o Orçamento da Comissão da União Africana em 2012 e continuará a fazê-lo nos três anos subsequentes. “Queremos continuar a contribuir para a paz, a segurança e a estabilidade no continente. Por outro lado, continuamos a contribuir modestamente em 5 das 6 missões da ONU de manutenção da paz no continente”.
Um afro abraço
.UNEGRO 25 ANOS DE LUTA...
REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
fonte:www.exame./www.portasabertas.org.b

Denúncia de tráfico de mulheres ao Ligue 180 desbarata quadrilhas no Brasil e na Espanha...

  No período de sete meses, de junho de 2012 a janeiro deste ano, operações Palmera e Planeta, da Polícia Federal, resgataram cerca de 40 mulheres, entre brasileiras e estrangeiras exploradas sexualmente em Ibiza e Salamanca, na Espanha. Ligue 180 Internacional, da SPM, foi criado em novembro de 2011 e está disponível para Espanha, Itália e Portugal.Uma rápida ligação da filha explorada sexualmente, na Espanha, para sua mãe, em Salvador (BA). E a lembrança da mãe sobre as cenas da novela Salve Jorge foram suficientes para que ela percebesse que sua filha é uma das milhões de vítimas de tráfico de pessoas - 85% são mulheres.

A partir daí, se iniciou uma cadeia de fatos que começaram, em 30 de outubro de 2012, com a denúncia da mãe à Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR). Imediatamente o serviço acionou a Polícia Federal, que deu continuidade à investigação por meio de tomada de depoimento da mãe. Foi montada a Operação Planeta que tem cooperação com a Embaixada do Brasil em Madri e o Cuerpo Nacional de Polícia. Desde a última quarta-feira (30/01), as polícias do Brasil e da Espanha fazem prisões, nos dois países, e prestam apoio às vítimas.

Em sete meses, as operações Palmera e Planeta, da Polícia Federal, resgataram cerca de 40 pessoas, entre brasileiras e estrangeiras exploradas sexualmente. Tiveram apoio do Ministério das Relações Exteriores.

Para a ministra Eleonora Menicucci, da SPM, o Ligue 180 Internacional está salvando vidas de mulheres no Brasil e no exterior. “São mais de três milhões de atendimentos desde 2006. Esse é um dos resultados dos dez anos de trabalho da SPM, que culmina com a consolidação de parcerias estabelecidas pelo Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres. Hoje, temos uma rede forte de parceiros nos principais circuitos de tráfico e exploração sexual no exterior – Espanha, Itália e Portugal -, com a segurança pública e o sistema de justiça para enfrentar a impunidade e prender criminosos”, afirma a ministra Eleonora Menicucci.

Ela frisa que a população faz bom uso do serviço, fornecendo informações precisas que ajudam o trabalho da polícia e a localização das pessoas, como verificado nas duas operações – Palmera e Planeta, em junho de 2012 e janeiro de 2013, respectivamente, da Polícia Federal. Ambas tiveram como destino final a Espanha, com o fechamento de estabelecimentos de exploração sexual, em Ibiza e em Salamanca, e resgate das vítimas.

“Podemos dizer que o Brasil tem inteligência, estratégia e capacidade de articulação para enfrentar o crescente tráfico de pessoas, em que as mulheres são alvo principal. A SPM tem orgulho de dizer que o Ligue 180 faz parte dessa rede”, avalia a ministra Eleonora.

Ibiza, junho de 2012 – Uma organização criminosa de aliciadores foi presa em 24 de junho, em Ibiza, numa cooperação entre a Polícia Eivissa (Espanha) e Polícia Federal do Brasil. A investigação se iniciou após registro de denúncia no Ligue 180, da SPM, no início daquele mês. 

De acordo com a Unidade de Repressão ao Tráfico de Pessoas da Polícia Federal do Brasil, na Espanha, foram presas sete pessoas, em sua maioria brasileiros e membros da mesma família. A “Operación Palmera” resultou na prisão da brasileira M.L.F.L., de 52 anos e do cidadão alemão H.G.L., de 70 anos, bem como do filho do casal W.F.L. de 32 anos e a esposa deste. Foram detidas, ainda, três brasileiras que exerciam funções de “encarregadas do negócio”. 

Foram encontradas 28 mulheres de diferentes nacionalidades que viviam confinadas em pequenos quartos superlotados. Os serviços sexuais eram oferecidos aos clientes 24 horas por dia, ficando a organização com 50% do valor cobrado por programa. Segundo a Polícia Federal, elas eram controladas pela organização criminosa por meio de câmeras instaladas por todo o estabelecimento.

Salamanca, janeiro de 2013 - As brasileiras recebiam passagens aéreas, 100 euros para despesas e seguiam para a Europa. Lá, se viam obrigadas a trabalhar como prostitutas e descobriam que haviam contraído uma dívida de 4 mil euros. De acordo com a Polícia Federal, as mulheres faziam programas ao custo de 40 euros cada. Elas eram frequentemente transferidas para outras casas noturnas, para que não estabelecessem vínculos de amizade suficientes para ajudá-las a escapar. 

Na Espanha, as prisões e o fechamento de dois estabelecimentos de exploração sexual, além do resgate das vítimas, foram feitos em cooperação pela Polícia Federal e pelo Cuerpo Nacional de Polícia. A operação tem apoio da Embaixada do Brasil em Madri.

Acesso ao Ligue 180 – As mulheres em situação de violência na Espanha devem ligar para 900 990 055, discar a opção 1 e, em seguida, informar a atendente (em Português) o número 61-3799.0180. 

Em Portugal, devem ligar para 800 800 550, também discar a opção 1 e informar o número 61-3799.0180. E, na Itália, as brasileiras podem ligar para o 800 172 211, fazer a opção 1 e, depois, informar o número 61-3799.0180. 

O serviço do Ligue 180 no exterior conta com a parceria do Ministério da Justiça e suporte de embaixadas do Brasil.
Assessoria de Comunicação Social
Secretaria de Políticas para as Mulheres – SPM
Presidência da República – PR

Um afro abraço.
UNEGRO 25 ANOS DE LUTA...
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fonte:http://www.unegro.org.br

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

SAMBAS DE ENREDOS NUMA PERSPECTIVA HISTÓRICA...


Sambas-Enredo históricos Muitos historiadores dizem que foi Ismael Silva quem fundou a primeira Escola de Samba, a "Deixa Falar". Já o protótipo da Escola de Samba, assim como ela é hoje, foi criado por Manacéia, baluarte imortal da Velha Guarda da Portela, cuja viúva ainda desfila no carnaval e mora em Madureira. O que todos têm certeza é que o primeiro samba, "Pelo Telefone", foi composto por Donga, na casa da Tia Ciata, na Rua Visconde de Itaúna.
Nos inicio dos desfiles carnavalescos, as escolas traziam para a rua várias composições e até improvisavam em cima dos versos. Só na segunda metade dos anos 40 ficou clara a necessidade de cantar uma única música relacionada ao tema do desfile. Nascia assim o samba de enredo que sempre enfrentou a difícil missão de ser, ao mesmo tempo, fiel ao enredo, melodicamente agradável e de preferência com letras fáceis de decorar. Nesta seleção temos alguns exemplos das diversas vertentes do gênero, que passeia pela história e cultura brasileiras, mas também dá espaço à crítica, à sátira, às homenagens e alguns casos de pura fantasia e poesia carnavalescas.

Enquanto isso, o morro da Mangueira ainda não tinha a mais popular Escola de Samba, a "Verde e Rosa". Tinha apenas alguns blocos, dentre eles o da Tia Tomásia e do Mestre Candinho. Havia, dentre esses, um bloco especial, talvez o berço do Samba, os Arengueiros, formados por mestres, como Zé-Com-fome, Saturnino, Zé Espinguela, Cartola e Carlos Cachaça. Em 1928, fundaram a Estação Primeira de Mangueira. Vivia-se naquele tempo de "pão e poesia" e tudo acabava em samba e harmonia.
Quando o mundo mudou, o morro também mudou e a escola não pode ficar atrás. A classe média branca invadiu a quadra da Mangueira, como já tinha invadido a de todas as outras. O tráfico invadiu o morro, como já tinha invadido todos os outros . A Escola assumiu o que o morro tem de bom e ruim.

Nem mesmo da pior endemia o morro da Mangueira conseguiu escapar: os enredos marketeiros e o luxo novo-rico. Mais apesar de tudo, a Mangueira continua sendo a primeira estação dos subúrbios da Central do Brasil e notável naquilo.. deixou de ser lugar de morador de periferia do Rio mais manteve a sua essência: "o samba."Mas há sempre aqueles sambas que, a cada ano, são lembrados em bailes e pelos foliões em festas e celebrações carnavalescas como os melhores já escritos e entoados desde 1932, quando aconteceu o primeiro desfile das escolas do Rio. Seja por simbolizarem a quebra de barreiras no mundo do samba, ou pela inventividade de seus versos e melodias, eles entraram para a história como clássicos do carnaval.


Abaixo alguns a história de alguns destes sambas enredos inesquecíveis ...

Cântico à Natureza (Mangueira 1955)
A Estação Primeira de Mangueira conquistou o segundo lugar no carnaval do ano de 1955 com um samba de Alfredo Português, Nelson Sargento e Jamelão. A canção narrava as quatro estações do ano, enredo da escola naquele carnaval, culminando numa ode à estação das flores.

Aquarela brasileira (Império Serrano 1964)
"Vejam esta maravilha de cenário", diz a canção, considerada uma das mais bonitas já apresentadas na história do carnaval carioca. Já no primeiro verso, o samba da verde e branco da Serrinha mostra a que veio: apresentar as belezas da natureza, da arquitetura e da cultura brasileiras. A obra foi escrita em homenagem a uma das canções mais populares da mpb: Aquarela do Brasil, de Ary Barroso (1939). Mesmo passando por dificuldades e enfrentando sucessivos rebaixamentos ao grupo de acesso, em 2004 a Império Serrano reeditou o samba e levantou a Sapucaí.

Chica da Silva (Salgueiro 1963)
No início dos anos 60, a vermelho e branco da Tijuca homenageia personagens negros que marcaram a história do Brasil. Após Zumbi dos Palmares, em 1960, em 63 foi a vez de Xica da Silva ser homenageada pelos salgueirenses. Noel Rosa de Oliveira, em parceria com Anescarzinho, escreveu e interpretou o samba da escola.

Heróis da Liberdade (Império Serrano 1969)

O samba do ano de 1969 da Império Serrano é lembrado até hoje pelo seu caráter provocador. Em plena ditadura, a canção de Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola e Manoel Ferreira clamava a liberdade e relembrava passagens de nossa história marcadas pela opressão: a Inconfidência Mineira, a abolição da escravatura, e o período pré-independência. Mais tarde, foi regravado por intérpretes como Martinho da Vila, João Bosco e Maria Rita.

Lendas e Mistérios da Amazônia (Portela 1970)
No primeiro carnaval dos anos 70, a Portela foi campeã com o samba de Catoni, Jabolô e Valtenir, que falava das tradicionais lendas que povoam o imaginário amazônico. Uma onomatopéia que imitava o som dos instrumentos da bateria fez o refrão cair na boca do povo: "Ô esquindô, lá, lá, esquindô lê, lê". Curiosidade: também neste carnaval, a Portela começou a trazer, em seu abre-alas, a figura da águia. A prática, desde então, virou tradição da escola. O enredo e o samba campões foram reeditados e levados à avenida em 2004, e deu à azul e branco o sétimo lugar

Os Sertões (Em Cima da Hora 1976)
O último da seleção, por sua vez, é também considerado por especialistas uma canção carnavalesca memorável, das melhores já criadas na história. Fala da realidade dos sertanejos nordestinos, e das dificuldades da vida na região árida do interior da Bahia. No entanto, no ano em que apresentou o aclamado samba de Edeor de Paula, a escola Em Cima da Hora terminou na penúltima colocação, com o 13º lugar. Mesmo com um samba premiado, a escola foi rebaixada.

Domingo (União da Ilha 1977)
Criado por Waldyr da Vala, Aurinho da Ilha, Ione do Nascimento e Adhemar de A. Vinhaes, o samba apresenta situações emblemáticas de um típico dia de domingo na cidade maravilhosa. O desfile deu à União da Ilha, que nunca foi campeã do Grupo Especial, o terceiro lugar no campeonato de 1977. O samba tornou-se um dos maiores sucessos da escola, sendo regravado por Emílio Santiago.

Ziriguidum (Mocidade 2001)
O enredo que a Mocidade Independente de Padre Miguel levou para a avenida em 1985 foi escolhido como o melhor enredo de todos os tempos da escola carioca! O enredo o compositor Gibi proporcionou um desfile histórico. A materialização deste carnaval fez abalar vários paradigmas estabelecidos até então nos desfiles de escolas de samba, como ver alas clássicas como a das baianas e bateria, travestidos com fantasias fantasmagóricas carregadas de indumentárias esquisitas como capacetes e asas.

Kizomba, Festa de uma Raça (Vila Isabel 1988)

Rodolpho, Jonas e Luiz Carlos da Vila compuseram o samba que daria, em 1988, o primeiro campeonato à Unidos de Vila Isabel. Ao som deste, que foi considerado um dos mais belos sambas da história do carnaval carioca, a Vila levantou a Sapucaí com um bonito desfile. Em meio a plumas e paetês, matérias primas incomuns como a palha e o sisal foram amplamente utilizados para contar a história da influência negra na cultura universal.

Ratos e urubus, larguem a minha fantasia(Beija Flor 1989)
Foi em 1989 que pelas mãos de Joãosinho Trinta o carnaval carioca ouviu o célebre enredo “Ratos e Urubus, larguem minha fantasia” que a Beija-Flor de Nilópolis levava para a Marquês de Sapucaí. Tempos em que a linguagem de carnaval de escola de samba se pretendia ainda como forma artística de preservação da memória histórica do país e servia até de crítica social. Os mendigos de Joãosinho levados para a avenida naquele desfile denunciavam o abismo entre ricos e pobres, as desigualdades latentes do Brasil recém-democratizado.

1.Cântico à Natureza (Mangueira 1955)
2.Aquarela brasileira (Império Serrano 1964)
3. Império Serrano - Heróis da Liberdade (1969)
4. Em Cima da Hora - Os Sertões (1976)
5. Salgueiro - Chica da Silva (1963)
6. Imperatriz - Liberdade, Liberdade, Abras as Asas Sobre Nós (1989)
7. Império Serrano - Os Cinco Bailes da História do Rio (1965)
8. Mangueira - Cântico à Natureza (1955)
9. Viradouro - Orfeu, o Negro do Carnaval (1998)
10. Portela - Das Maravilhas do Mar, Fez-se o Esplendor de uma Noite (1981)
11.Porto da Pedra - No Reino da Folia, Cada Louco com a sua Mania (1997)
12. Portela - O Mundo Melhor de Pixinguinha (1974)
13. Imperatriz - O Teu Cabelo não nega, Só dá Lalá (1981)
14. Beija-Flor - Bidu Sayão e o Canto de Cristal (1995)
15. Estácio de Sá - Langsdorff é Delírio da Sapucaí (1990)
16. Mangueira - Caymmi Mostra ao Mundo o que a Bahia e a Mangueira têm (1986)
17. Unidos da Tijuca - O Dono da Terra (1999)
18. Beija-Flor - A Criação do Mundo na Tradição Nagô (1978)
19. Salgueiro - Festa para um Rei Negro (1971)
20. Vila Isabel - Kizomba, Festa da Raça (1988)
21. São Clemente - Capitães do Asfalto (1987)
22. Caprichosos de Pilares - Eu Prometo (1987)
23. Caprichosos de Pilares - E Por Falar em Saudade (1985)
24. Mangueira - Brazil com Z é Cabra da Peste...(2002)
25. União da Ilha - Festa Profana (1989)
26. Portela - Gosto que me Enrosco (1995)
27. Império Serrano - Bum Bum Paticumbum Prugurundum (1982)
28. União da Ilha do Governador - É Hoje (1982)
29. Unidos de Lucas - Sublime Pergaminho (1968)
30. Mocidade - Sonhar Não Custa Nada, Ou Quase Nada (1992)
31. Tupy de Brás de Pina - Seca do Nordeste (1961)
32. Salgueiro - Peguei um Ita no Norte (1993)
33. Vila Isabel - Sonho de um Sonho (1980)
34. Mocidade - Tupinicópolis (1987)

1988– Promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil

Todas as Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro entraram na avenida com o mesmo enredo: os cem anos da abolição da escravatura. O que mudou depois que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea?

O samba-enredo da Mangueira trazia o refrão:
"livre do açoite da senzala, preso na miséria da favela." A Portela, Escola com o maior número de títulos da história do carnaval carioca (21, apesar de nunca ter ganhado nenhum após a inauguração do sambódromo, em 1984), defendeu osamba-enredo "Memórias do Vice-Rei": "Briga! Eu quero Briga! Hoje venho reclamar! O que tem o que há? Essa praça ainda é minha, eu também estou fominha"...A Escola de Samba Unidos de Vila Isabel se consagrou campeão do carnaval Carioca naquele ano, com o enredo Kizomba – a festa da raça: "essa kizomba é nossa constituição."

A forte repercussão do desfile de1988 tornou-se um ícone e um marco na cultura brasileira, refletindo no fortalecimento do movimento negro, na criação de Leis específicas de inclusão social e na repercussão nacional da tipificação do crime de racismo. Segundo a CF deste ano, imprescritível e inafiançável.

Em 1989, A Escola de Samba Unidos de Vila Isabel defende o enredo "Direito é Direito", alcançando o 4º lugar na apuração final do grupo especial. A comissão de frente, formada por mulheres grávidas, representavam o bem jurídico mais tutelado pelo direito: o direito à vida. A fantasia da primeira ala, formada por crianças da comunidade, traziam a espada e a balança, os símbolos da justiça e do direito.

O Samba enredo trazia o refrão:
"Direito é direito
Está na declaração
A humanidade
É quem tem razão."
A composição trazia
as seguintes ressalvas:
"A Declaração Universal
Não é um sonho,
temos que fazer cumprir
A justiça é cega,
mas enxerga quando quer

Já está na hora de
assumir"

Um afro abraço
.
UNEGRO 25 ANOS DE LUTA...
REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
fonte:www.territorioeldorado.limao.com.br/Wikipédia, a enciclopédia livre.

SAMBA 5ª parte: 'As Bahiana..."

As "baianas" atuais descendentes de africanos (das tribos ioruba, nagô, mina, fula, haussá) são as que mais se esmeram no trajar. As nagô, cuja presença maior se nota nos candomblés, são baixas e gordas. Usam cores vivas, berrantes. Saia ampla toda estampada.  A abaiana-mulçumana (do Sudão da África), alta e esguia, usa o traje branco imaculado. Às vezes, no ombro um "pano da Costa" preto (pano vindo da Costa da África).
 O traje típico é assim: saia rodada, com muitas anáguas rendadas, engomadas. Bata (blusa de rendas) solta. Pano da Costa, como um xale, sobre o ombro  ou turbante. Chinelas ou sapatos de salto baixo. 
E o que mais? Muitos e muitos enfeites: pulseiras, brincos de ouro, prata, coral. Algumas nos dias de festa,usam uma penca de balangandãs na cintura. Imagine tudo isso e ainda todo o encanto que a baiana tem... 

 - Ala de Baianas: A ala de baianas é a mais importante ala de uma escola de samba, composta, preferencialmente, por senhoras vestidas com roupas que lembram as antigas tias baianas dos primeiros grupos de samba, no início do século XX, Rio de Janeiro.
A roupa clássica das baianas compõe-se de torso, bata, pano da costa e saia rodada. Entretanto, a inventividade dos carnavalescos não tem limites e freqüentemente podemos ver baianas com as mais inusitadas fantasias, tais como noivas, estátuas da liberdade, seres espaciais, globo terrestre ou poços de petróleo.
• A ala das baianas é composta por senhoras, sendo algumas bem idosas que, apaixonadas por sua escola, sustentam o peso de, aproximadamente, quinze quilos em suas fantasias; 

- Pano da costa: O pano da costa é parte integrante da indumentária de baiana característica das ruas de Salvador e do Rio de Janeiro no século XIX.
Usado sobre os ombros o pano da costa teria como principal função, de acordo com o pesquisador Lodi (2003), distinguir o posicionamento feminino nas comunidades afro-brasileiras.
Geralmente retangular, o pano da costa é tradicionalmente branco ou bicolor (listrado ou em madras) podendo ser bordado ou com aplicações em rendas.
O nome pode ter derivado de sua origem (a Costa do Marfim, na África) ou do fato dele ser usado preferencialmente jogado sobre os ombros e costas.
As fantasias da ala de baianas das escolas de samba freqüentemente exibem panos da costa. Muitas vezes esses elementos são transfigurados de para se adaptarem aos temas da roupa. 

- O Tabuleiro da Baiana: Um pedaço da África se mudou para o Brasil com os escravos. É fácil encontra-lo nos quitutes que as baianas preparam, na comida mais "quente" do Brasil. A "quentura" é dada pela pimenta de cheiro ou malagueta. 
Da África chegou o azeite de dendê, o quiabo, o inhame, o amendoim, o gengibre. E surgiram os célebres pratos baianos: acarajé, abará, acaçá, efó, ximxim de galinha... Com muitos segredos que só as baianas sabem... 

Barqueiros: No rio São Francisco, limite natural entre Sergipe e Alagoas, há navios de alto mar que chegam até a cidade de Penedo. Da foz até Piranhas, o rio milionário é singrado por taparicas (canoas), chatas, barcaças e as canoas de tolda. 
Fonte: Brasil, Histórias, Costumes e Lendas / Alceu Maynard Araújo - São Paulo: Editora Três, 2000 

Tia Ciata um capitulo a Parte:


Tia Ciata nasceu em Salvador em 1854 e aos 22 anos levou o samba da Bahia para o Rio de Janeiro . Foi a mais famosa das tias baianas (na maioria iyalorixás do Candomblé que deixaram Salvador por causa das perseguições policiais) do início do século, eram negras baianas que foram para o Rio de Janeiro especialmente na última década do século 19 e na primeira do século 20 para morar na região da Cidade Nova, do Catumbi, Gamboa, Santo Cristo e arredores. Logo na chegada ao Rio de Janeiro, conheceu Noberto da Rocha Guimarães, envolvendo-se com ele, então, e acabou ficando grávida de sua primeira filha lhe dando o nome de Isabel. O caso dos dois não foi adiante. Ela acabou se separando de Noberto e, para sustentar a filha, começou a trabalhar como quituteira na Rua Sete de Setembro, sempre paramentada com suas vestes de baiana. Era na comida que ela expressava suas convicções religiosas, ou seja, a sua fé no candomblé. Religião proibida e perseguida naqueles tempos. Ia para o ponto de venda com sua roupa de baianauma saia rodada e bem engomada, turbante e diversos colares (guias ou fio-de-contas) e pulseiras sempre na cor do orixá que iria homenagear. O tabuleiro era famoso e farto, repleto de bolos e manjares que faziam a alegria dos transeuntes de todas as classes sociais.
Mais tarde, Tia Ciata casou-se com João Batista da Silva, que para aquela época era um negro bem-sucedido na vida. Deste casamento resultaram 14 filhos, uma relação fundamental para a sua afirmação na Pequena África, como era conhecida a área da Praça Onze nesta época. Recebia todos os finais de semana em sua casa, nos pagodes, que eram festas dançantes, regadas a música da melhor qualidade e claro seus quitutes. Partideira reconhecida, cantava com autoridade respondendo aos refrões das festas, que se arrastavam por dias. Tia Ciata cuidava para que a comida estivesse sempre quente e saborosa e o samba nunca parasse.
Foi em sua casa que se reuniram os maiores compositores e malandros, como Donga, Sinhô e João da Baiana, para saraus. A hospitalidade dessas baianas fornecia a base para que os compositores pudessem desenvolver no Rio de Janeiro. A casa da Tia Ciata na Praça Onze era tradicional ponto de encontro de personagens do samba carioca, tanto que nos primeiros anos de desfile das escolas de samba, era "obrigatório" passar diante de sua casa.
Normalmente, a polícia perseguia estes encontros, mas Tia Ciata era famosa por seu lado curandeiro e foi justamente um investigador e chofer de polícia, conhecido como Bispo que proporcionou a ela uma interessante história envolvendo o presidente da República, Wenceslau Brás. O presidente estava adoentado em virtude de uma ferida na perna que os médicos não conseguiam curar e este investigador então disse ao Presidente que Tia Ciata poderia curá-lo. Feito isto, foi falar com ela, dizendo:
- "Ele é um homem, um senhor do bem. Ele é o criador desse negócio da Lei de um dia não trabalha..."
E ela respondeu:
- "Quem precisa de caridade que venha cá."
Ela então incorporou um Orixá que disse aos presentes haver cura para a tal ferida e recomendou a Wenceslau Brás que fizesse uma pasta feita de ervas que deveria ser colocada por três dias seguidos. O Presidente ficou bom e em troca ofereceu a realização de qualquer pedido. Tia Ciata respondeu que não precisava de nada, mas que seu marido sim, pedindo para o Presidente um trabalho no serviço público, "pois minha família é numerosa", explicou ela.
Além dos doces, Tia Ciata alugava as roupas de baiana para os teatros para que fossem usados como figurinos de peça e para o Carnaval dos clubes. Nesta época, mesmo os homens, se vestiam com as suas fantasias, se divertindo nos blocos de rua. Com este comércio, muita gente da Zona Sul da cidade, da alta sociedade, ia à casa da baiana e passando assim a freqüentar as suas festas. Era nessas festas que Tia Ciata passou a dar consultas com seus orixás. Sua casa é uma referência na história do samba, do candomblé e da cidade.
Em 1910, morre seu marido João Batista da Silva, mas ela já havia conquistado o seu lugar de estrela no universo do samba carioca. Era respeitada na cidade, coisa de cidadão, muito longe da realidade comum dos negros de sua época. Todo o ano, durante o Carnaval, armava uma barraca na Praça Onze, reunindo desde trabalhadores até a fina flor da malandragem. Na barraca eram lançadas as músicas, as conhecidas marchinhas, que ficariam famosas no Carnaval do Rio de Janeiro. Tia Ciata morreu em 1924, mas até hoje é parte fundamental da memória do samba. Curiosamente, existem pouquíssimas imagens de Tia Ciata. Tia Ciata era uma mulher muito respeitada.
Importante:
- Criação da ala das baianas: Foi na gestão  de Roberto Paulino, biênio 60/62, na Mangueira, que foi criada a Ala das Baianas com as características atuais. Eram 125 baianas coordenadas por  D. Neuma. Foi no desfile das campeãs em 1970, quando o Presidente era Juvenal Lopes que a mais famosa baiana da Mangueira Nair Pequena, morreu em plena avenida, quando a escola cantava o samba de enredo "Um Cântico a Natureza".
 - Ala das Baianas era formada por homens: A ala de baianas na década de 30 era formada, quase exclusivamente, por homens que saíam nas laterais das Escolas portando navalhas presas às pernas para defenderem as agremiações em caso de brigas.

Um afro Abraço.
Claudia Vitalino
REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
UNEGRO 25 ANOS DE LUTA...
fonte:UOL/FUNARTE, 1983 Cartilha Mulher Negra tem História/Wikipédia, a enciclopédia livre.

A história do carnaval brasileiro 4ª parte:"Porta-Bandeira e Mestre-Sala"


Sabe-se que essa tradição foi herdada dos antigos ranchos, que possuíam os famosos balizas e porta-estandartes, encarregados de defenderem o símbolo da associação. Nas primeiras escolas, que muitas influências receberam das manifestações populares que as antecederam, como os ranchos, grandes sociedades, cordões etc., a dança dos balizas evoluiu para o gingado ímpar dos mestres-salas, e os rodopios das porta-estandartes se transformaram no gracioso bailar das porta-bandeiras.

Mas como essa tradição se formou nos antigos ranchos? Muitos estudiosos e pesquisadores chegaram às mais diversas respostas. Estudar as transformações dos elementos da cultura popular é sempre uma tarefa árdua e complexa.

Hiram Araújo, em "Carnaval, seis milênios de história", apresenta-nos alguns dos estudos que procuraram buscar a origem da dança. Segundo Ilclemar Nunes, em "Mestre-sala e Porta-bandeira, meneios e mesuras", as origens da dança remontam ao ritual das meninas-moças africanas, que se preparavam para o casamento, e dos rapazes-guerreiros, que as cortejavam dançando. Outras pesquisas apontam que a origem se encontra no Brasil Colônia, nas festas populares ou no sepultamento de negros importantes. Nessas ocasiões especiais, as tribos africanas eram identificadas por panos coloridos presos na ponta de paus, formando uma espécie de bandeira.

A figura dos antigos balizas se tornou importante para defender as antigas porta-estandartes. Era comum o "roubo" do símbolo máximo do grupo por membros de outras associações. Alguns buscam a origem da dança dos mestres-salas no gingado dos capoeiras, escondendo em seus tradicionais leques uma afiada navalha, para auxiliar na proteção do pavilhão, que não poderia ser violado sob hipótese alguma.

Também por motivos de segurança, no início do século cabia aos homens carregar os estandartes dos ranchos, com um comportamento semelhante ao dos guardas de honra militares. Talvez por isso, os pesquisadores apontam que, curiosamente, a primeira porta-bandeira das escolas de samba foi, na verdade, um homem. Tudo indica que o pioneirismo coube a Ubaldo, da Portela.

Se pode parecer estranho que muitas das primeiras porta-bandeiras tenham sido homens, o que podemos dizer quando J. Efegê, considerado o maior cronista de todos os tempos do carnaval carioca, e Hiram Araújo, maior autoridade sobre história das escolas de samba, destacam que um dos mais famosos mestres-salas, ou balizas, dos antigos ranchos chamava-se Maria Adamastor? Isso mesmo, uma mulher.

O casal de porta-bandeira e mestre-sala apresenta-se usando trajes que representam a nobreza do século XVIII, porém com o exagero dos enfeites.

Historicamente falando, o casal surgiu no período da colonização, quando a corte portuguesa realizava o entrudo nas casas grandes, as sedes das fazendas.

Registros mostram que durante as brincadeiras realizadas no entrudo, um casal de escravos, encantado com a festa, passou a acompanhar o movimento andando atrás do festejo, observando-o de longe.
Os casais dançavam elegantemente com roupas de gala, o que chamava a atenção dos escravos que os observavam e com o passar dos anos, os negros adotaram o entrudo como festa e, durante ela, o casal imitava seus senhores, os barões e baronesas, como motivo de gozação. A brincadeira agradava a todos, tornando-se uma tradição da festa, sendo mais tarde batizados como Porta-Bandeira e Mestre-Sala.
Quando os primeiros concursos de escolas de samba começaram, porém, homens e mulheres já tinham seus lugares bem definidos. Enquanto elas carregavam o pavilhão, eles as cortejavam com elegância e postura. A dança nas escolas ganhou características próprias, tendo os grandes nomes do nosso carnaval, muitos deles da Portela, deixado suas marcas no estilo e nas formas de rodar, sorrir e apresentar a bandeira.

Regras:
 Durante os desfiles das escolas de sambas, os casais de Porta-Bandeira e Mestre-Sala fazem uma apresentação especial para os jurados, com o objetivo de atingir a nota máxima.
A avaliação é feita conforme a exibição do casal, que deve bailar suavemente ao ritmo do samba, fazendo os passos considerados obrigatórios, como meneios, giros, meias-voltas, mesuras e torneados. Além desses, o casal é avaliado pela harmonia entre ambos, a integração dos passos, o cortejo do homem, a proteção e cortesia que dá à sua dama e à bandeira da agremiação – que representa todo o pavilhão da escola de samba.

A avaliação vai também para a apresentação da porta-bandeira, que deve carregar o estandarte da escola sem deixá-lo enrolar ou bater em seu próprio corpo, com leveza, gracejo e correspondendo aos cortejos do mestre-sala.
As roupas do casal devem estar nas cores da escola, mas também adequadas para a apresentação, com acabamentos bem feitos e extremamente luxuosos. Devem também estar adequadas à apresentação, não impedindo os movimentos do casal.
As penalidades ou perda de pontos ficam a critério da apresentação feita, onde o casal não pode ficar de costas um para o outro, no mesmo momento, deixar cair ou perder qualquer elemento da composição de suas roupas e adereços (chapéus, sapato, esplendor, bandeira), mesmo que acidentalmente.
Além do primeiro casal de porta-bandeira e mestre-sala, existem outros casais que se apresentam nos desfiles com a mesma função. Eles servem para treinar outros componentes da escola, caso haja algum imprevisto, além de garantir o preparo das gerações futuras, garantindo a beleza e a qualidade da apresentação.
Muitos deles também cobrem as agendas do primeiro casal, quando são solicitados em festas e apresentações dentro ou fora do país, marcadas na mesma data.

O julgamento de mestre-sala e porta-bandeira começou a fazer parte do regulamento a partir de 1938, quando era levada em consideração apenas a fantasia (a dança começou a ser julgada somente em 1958), e hoje se constitui num dos principais quesitos, fundamental para a conquista do tão sonhado campeonato.

Um afro abraço.
REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
UNEGRO 25 ANOS DE LUTA...
fonte:ARAUJO, Hiram. Carnaval - Seis milênios de história. Rio de Janeiro. Gryphus, 2000/www.brasilescola.com/carnaval/

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