UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Vida de Amílcar Cabral o revolucionário negro...

Amílcar Cabral nasceu em Bafatá, Guiné-Bissau, a 12 de Setembro de 1924 e foi morto a 23 de Janeiro de
1973. Filho de Juvenal Cabral e Iva Pinhel Évora, Cabral foi poeta, agrónomo, fundador do PAIGC e “pai” da independência conjunta de Cabo Verde (5 Julho de 1975) e Guiné-Bissau (oficialmente a 10 Setembro de 1974).

Vida e Obra - Em 1932 Amílcar Cabral muda-se com a família para a ilha de Santiago, Cabo Verde onde vive grande parte da sua infância e juventude, na localidade de Santa Catarina. Entra para o liceu em S. Vicente no ano de 1937-38, onde completa em 1944 os seus estudos secundários.

Amante do desporto, em S. Vicente, Amílcar Cabral foi secretário do “Boavista Futebol Clube” entre 1944-45. Após terminar o liceu em São Vicente obtém uma bolsa de estudos para o Instituto Superior de Agronomia e viaja para Portugal em 1945-46, onde acaba por conhecer e casar, em 1946, com a sua primeira mulher Maria Helena de Ataíde Vilhena Rodrigues.

Em Portugal, Cabral participou ativamente na luta anti-fascista conjuntamente com outros estudantes africanos. Foi militante do Movimento de Unidade Democrático da Juventude (MUDJuvenil) da qual afastou por divergências em relação às questões coloniais.

Amílcar Cabral sempre defendeu os seus ideias de libertação das colónias africanas de uma forma muito
ativa, assim sendo, em 1948-51 foi eleito presidente do Comité da Cultura da Casa dos Estudantes do Império (CEI), secretário-geral em 1950 e em 1951 vice-presidente da CEI.

Conjuntamente com outros estudantes africanos (Francisco José Tenreiro e Mário Pinto de Andrade) cria em Lisboa, o Centro de Estudos Africanos, em 1951. Em 1956, com Viriato da Cruz e outros africanos fundam o PLUA – Partido da Luta Armada Unida dos Africanos.

Mais tarde em Bissau, cria o PAI – Partido Africano da Independência, que mais tarde viria a chamar-se PAIGC – Partido Africano para a Independência de Cabo Verde e Guiné-Bissau.

Em 1952 regressa a Bissau, onde trabalha no posto experimental de Pessubé e realiza o recenseamento agrícola, o que viria a servir de base a preparação da estratégia da luta armada em 1963. Na Guiné-Bissau, Amílcar Cabral casa, em Maio de 1965, com a sua segunda esposa Ana Maria Fos de Sá.

Amílcar Cabral manteve contatos com comandante Ernesto “Ché” Guevara em 1965 e com Fidel Castro em Escambray e Havana em 1966, para discutir pormenores da ajuda cubana ao PAIGC, numa altura em que o PAIGC já controlava metade do território Guineense.

No dia 1 de Julho de 1970 o Papa Paulo VI recebe em audiência Amílcar Cabral (PAIGC), Agostinho Neto (MPLA) e Marcelino dos Santos (FRELIMO). No mesmo ano Cabral recebe o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Lincoln, EUA.

"Em 24 de Janeiro de 1973 na presença da sua mulher Ana Maria em Conacry, Amílcar Cabral assume uma figura de destaque no continente Africano, como um dos líderes mais influentes." 

O autor dos disparos foi Inocêncio Kani, guerrilheiro do PAIGC. Após a morte de Cabral e sobre o comando de Sekou Touré, presidente da Guiné Conacry, foi constituída uma comissão internacional para apurar às circunstâncias envolventes da morte do líder do PAIGC. Os conspiradores foram presos e entregues aos militantes do PAIGC, que prossegue ao fuzilamento dos mesmos.

-Um ano e três meses depois do assassínio de Amílcar Cabral, dava-se o 25 de Abril. Seguir-se-ia a independência das colônias. Talvez nessa altura, alguns dos responsáveis militares portugueses, alguns mesmo dos que tinham estado por trás da operação que terminou com a sua morte, tenham sentido a falta de um interlocutor que muitos insistem em considerar um dos maiores dirigentes africanos de sempre: Amílcar Cabral, engenheiro agrônomo.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:repositorio.unesp.br/www.esquerda.net

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

A Guerra das Aba Women's Riots

Há uma longa história de ação coletiva por mulheres na Nigéria. Na década de 1910, as mulheres em Agbaja ficaram longe de suas casas por um mês porque achavam que homens
estavam matando mulheres grávidas Sua ausência coletiva levou os idosos da aldeia a tomarem medidas para abordar as preocupações das mulheres.Em 1924, 3000 mulheres em Calabar protestaram contra uma ferramenta de mercado exigida pelo governo. No sudoeste da Nigéria, onde ocorreu a Guerra das Mulheres, havia outras organizações femininas, como a Associação de Mulheres do Mercado de Lagos, Partido das mulheres nigerianas, e União de Mulheres de Abeokuta. Havia também um "elaborado sistema de redes de mercado feminino, que as mulheres Igbo e Ibibio costumavam comunicar informações para organizar a Guerra das Mulheres.



A crise - No sudoeste da Nigéria, onde ocorreu a Guerra das Mulheres, havia outras organizações femininas, como a Associação de Mulheres do Mercado de Lagos, Partido das mulheres nigerianas, e União de Mulheres de Abeokuta. Havia também um "elaborado sistema de redes de mercado feminino,” que as mulheres Igbo e Ibibio costumavam comunicar informações para organizar a Guerra das Mulheres.

A Guerra das mulheres ou Aba Women's Riots foi uma insurreição na Nigéria britânica que ocorreu em novembro de 1929. A revolta começou quando milhares de mulheres Igbo de distrito de Bende, Umuahia e outros lugares no leste da Nigéria viajou para a cidade de Oloko para protestar contra o Chefe de mandado, a quem acusaram de restringir o papel das mulheres no governo. O Aba Women's Riots de 1929, como foi nomeado em registros coloniais britânicos, é mais apropriadamente considerado uma revolta anticolonial estrategicamente executada organizada pelas mulheres para corrigir as questões sociais, políticas, e problemas econômicos. O protesto abrangeu mulheres de seis grupos étnicos (Ibibio, Andoni, Orgoni, Bonny, Opobo, e Igbo) Foi organizado e liderado pelas mulheres rurais das províncias Owerri e Calabar. Durante os eventos, muitos Chefes de mandado foram forçados a renunciar e dezesseis tribunais nativos foram atacados, a maioria dos quais foram destruídos.


O evento passa por muitos nomes diferentes, incluindo (mas não limitado a) Aba Women's Riots of 1929, Guerra das Mulheres Aba, e A Rebelião do mercado feminino de 1929.. Geralmente é referido como "Aba Women's Riots of 1929", porque foi assim que foi nomeado
em registros britânicos Colonial. As mulheres utilizaram técnicas de protesto que eram tradicionais e específicas para suas comunidades, como sentar em um homem e vestindo roupas rituais tradicionais.Enquanto os homens da comunidade entenderam o que essas 

técnicas e táticas significavam, os britânicos não porque eram estranhos. Como tal, o evento pareceu ser "atos loucos por mulheres histéricas", chamando os eventos de tumultos.Os estudiosos argumentaram que chamar o evento "Aba Riots" de politize o "ímpeto feminista", além de enquadrar os eventos através de uma lente colonialista. Uma vez que o evento foi chamado "Ogu Umunwanyi" em Igbo e "Ekong Iban" em Ibibio pelas mulheres locais - o que se traduz em "guerra das mulheres" - as pessoas fizeram um impulso para chamá-lo de "guerra feminina" para levar o evento fora de uma lente colonialista e centrá-lo sobre as mulheres envolvidas.
Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

fonte:Wikipédia, a enciclopédia livre

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

O Negro de hoje é Fruto da Abolição não concluída : 130 ano de que...

No Brasil, assim como em outros países das Américas, a abolição foi primeiramente um ato jurídico,
pelo qual os próprios escravizados lutaram, com a solidariedade dos chamados abolicionistas, em defesa de sua liberdade e dignidade humana.

"A abolição da escravatura no Brasil em 1888 não foi uma ruptura, pela sua incapacidade para transformar as profundas desigualdades econômicas e sociais, pois não se organizou uma resposta
ao racismo que se seguiu para manter o status quo. Essa manutenção da relação mestre/escravo se metamorfoseou na relação branco/negro, ambas hierarquizadas".

Processo de imigração: Brasil recebeu muitos imigrantes europeus e a forma de substituição da mão de obra alijou aquela população que até então vinha trabalhando. Então o negro que era um bom escravo passou a ser um mau cidadão, alguém que, segundo a elite brasileira, era incapaz de se adaptar ao trabalho livre.

Esse processo tem como resultado a marginalização de um povo, transformado em inimigo, hostilizado pela classe dominante.

Processo de miscigenação: um processo de desafricanização. A qualquer denúncia contra um negro, ele era colocado em um navio e levado de volta à África. Uma acusação já era suficiente para devolver o negro à África, com o Estado pagando a viagem.

O resultado disso é que o Brasil passa a ser um país com profundas desigualdades socioeconômicas, passa a ser um país bastante violento.

A data de 13 de maio vem sendo uma data histórica importante, pois milhares de pessoas morreram para conseguir essa abolição jurídica que não se concretizou em abolição material, o que faz dela uma data ambígua. E o movimento negro não vê por que comemorar e elegeu o 20 de novembro uma data mais importante.

As grandes vítimas do tráfico e da escravidão foram os africanos escravizados e seus descendentes brasileiros também escravizados. - Por isso a memória da escravidão é comum à África e à sua diáspora no mundo. O que levou a União Africana a considerar a diáspora como constituindo a sexta parte do continente africano.

O mais beneficiado de todos com a escravidão e o tráfico foi o Brasil, que recebeu cerca de 40% de todos os africanos deportados às Américas. Nesse sentido, o Brasil é considerado como o maior país da diáspora negra no mundo, com uma população negra ou afrodescendente numericamente superada apenas pela Nigéria, que é o maior país da África negra em termos populacionais.

Os africanos e seus descendentes se constituíram um dos mais importantes componentes da formação
do Brasil, como povo e como nação. Apesar da desigualdade racial, da sub-representação dos negros, em diversos setores da vida nacional, os aportes e as contribuições culturais que fazem parte da identidade brasileira no plural são inegáveis.

O significado do 13 de Maio passa pela reflexão sobre a situação do negro no Brasil de hoje, passa pela reflexão sobre a memória positiva e negativa da escravidão, passa pela análise da situação do negro pós-abolição. Essa reflexão deve ser feita ou refeita por nossos historiadores e cientistas sociais.

Durante o processo abolicionista, muito antes de chegar ao Brasil, a elite brasileira começou a se preocupar com vários aspectos, por causa da densidade demográfica brasileira majoritariamente negra. Havia um grande medo do que seria um país como o Brasil livre. Havia a experiência da revolução no Haiti, onde os negros não só se libertaram da escravidão como tomaram o poder no país e expulsaram os brancos.

A grande pergunta era: o que fazer? -Ninguém queria abolir ninguém. Queriam acabar com o regime escravocrata porque ele atrapalhava as pretensões capitalistas. Então, o que fazer com esses negros, praticamente 90% da população? A elite brasileira opta por vários processos para diminuir tanto quantitativamente como também assegurar que o poder depois da abolição se mantivesse em suas mãos.

Por que o Brasil levou tanto tempo para resgatar a memória da escravidão? Um país que foi o último a abolir a escravidão por que levou tanto tempo para resgatar a memória da escravidão, o legado da escravidão? É possível construir a democracia sem discutir sua relação com a diferença? É possível discutir a democracia sem discutir suas diferenças em relação às raças, às mulheres, aos homossexuais, aos indígenas?

A escola pública não reservou um espaço central no ensino do tráfico e da escravidão, apesar de existirem movimentos e as reivindicações na população negra. Por que em alguns livros os portugueses foram para a África, onde já havia pessoas que nasceram escravas, compradas por cachaça ou fumo?

Crime que exige reparação, pelo menos reparação moral, não existe entre os brasileiros...
-"A aceitação da culpabilidade serve apenas para apaziguar as tensões, sem buscar tentar sair do impasse político. Estamos acostumados a discursos bonitos, mas depois deles não tem mais nada. Discurso bonito não resolve nada".

Na discussão sobre a abolição coloca-se o acento sobre o abolicionismo, mas apaga-se o que veio antes e depois. O que aconteceu no dia seguinte à abolição até hoje, com aqueles que ficaram na rua, não estavam mais na senzala? Isso é importante para entender a abolição.

A Lei Áurea é apresentada como grandeza da nação, mas a realidade social dos negros depois dessa lei fica desconhecida. O racismo está presente em nossa sociedade.

O discurso abolicionista tem um conteúdo paternalista: os negros são considerados como grandes crianças, ainda incapazes de discernir seus direitos e deveres na sociedade, por isso os abolicionistas os libertaram. Então a educação fica dominada pelo eurocentrismo.

A questão do negro tal como colocada hoje se apoia sobre uma constatação: o tráfico e a escravidão ocupam uma posição marginal na história nacional. No entanto, a história, a cultura dos escravizados são constitutivas da história coletiva.

A abolição da escravatura é apresentada como um evento do qual a República pôde legitimamente se orgulhar. Mas a comemoração da data tenta fazer esquecer até hoje a longa história do tráfico e da escravidão para insistir apenas sobre a ação de certos abolicionistas e marginalizar as resistências dos escravizados.

A memória da escravidão é negativamente associada aos escravistas e a memória da abolição positivamente associada à nação brasileira. No entanto, as duas memórias deveriam dialogar para se
projetar no presente e no futuro do negro ou simplesmente se construir uma única memória partilhada.

A principal luta hoje e sobre a qual precisamos começar a compreendê-la é a desigualdade em espaços de poder e decisão. Temos consenso em muitas agendas, o movimento negro tem uma grande unidade em sua pauta política. Mas por que as pautas do movimento não acontecem? Por que nossas coordenadorias, secretarias nas prefeituras são pastas sem dinheiro? É para não funcionar mesmo. Porque não temos força política, não temos caneta.

Então a discussão do poder é fundamental. Como estabelecer uma tática para atingir o poder? Está na
hora de discutir o voto étnico. Está na hora de usar o Estado a nosso favor. Porque o Estado é um instrumento que a burguesia usa para ela e contra nós. Temos que trabalhar agora com a consciência de que negro vota em negro.

Hoje precisamos começar a construir a presença de negros e negras nesses espaços. E não tem outra forma, na democracia brasileira, além do voto. Para que não nos tornemos um movimento colecionador de reivindicações, ou de fracassos, ou de mentiras. Hoje somos um movimento social sem representação política.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

SOMOS TODOS IGUAIS ???

Todos temos nossos pontos fortes e fracos. Gostos pessoais, crenças, ideias… Somos únicos em características, e isso é o que nos torna mais especiais, mas perante Deus somos iguais. Ele nos ensinou a não ter preconceito...

A maior e mais absoluta verdade, que ninguém nunca vai poder negar é que como seres humanos, somos todos iguais. E o mais legal disso é que ao mesmo tempo somos todos únicos e individuais! Dá pra entender?

Entre os mais declarados temos por exemplo “Ela tá acima do peso…” ou “Ela ainda é solteira“… Os mais discretos, que não são tão declarados, como o preconceito com a cor da pele, ou religião. Uma vez que todo mundo sabe que é politicamente incorreto comentar isso… E o que dirá do preconceito a orientação sexual… Que muita gente ainda acha que é “opção”… Como assim????

Será que isso só acontece com as pessoas mais velhas? eu diria que não… Alguns jovens, nessa geração de consumo de informação instantânea, pela velocidade com que as idéias são disseminadas na internet, compram ideais com a velocidade que leem um título de um link, as vezes sem nem mesmo clicar para ler o texto… Um simples “meme”, uma foto… uma frase, uma piada e pronto! Nasceu um preconceito .

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
fonte:https://foiassimquedeusmefez.wordpress.com\youtube -Cristina Mel

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

130 anos pós abolição no mercado de trabalho as desigualdades entre Negros e Brancos ainda persistem e são profundas

"IBGE: Salário de brancos é 80% maior que de pretos e pardos" - 
Trabalhador branco ganha quase o dobro do negro no Brasil
A ideia de que há condições para que o negro possa aproveitar as linhas de capilaridade social para ascender, por meio da adoção explícita das formas de conduta e de etiqueta dos brancos bem‐sucedidos, não passa de uma falácia, a dita democracia racial.

A campanha que culminou com a abolição da escravidão, em 13 de maio de 1888, foi a primeira manifestação coletiva a mobilizar pessoas e a encontrar adeptos em todas as camadas sociais brasileiras. No entanto, após a assinatura da Lei Áurea, não houve uma orientação destinada a integrar os negros às novas regras de uma sociedade baseada no trabalho assalariado.

Esta é uma história de tragédias, descaso, preconceitos, injustiças e dor. Uma chaga que o Brasil carrega até os dias de hoje.
No mundo do trabalho, no país, tendo como base agora o trabalho assalariado, não houve a inserção do negro na sociedade. Foi mantida toda a lógica de exclusão existente, sendo os negros responsáveis por posições subalternas, no setor de subsistência e em atividades mal remuneradas, o que mais tarde se denominou como setor informal.

Nas palavras do professor Darcy Ribeiro: “Ou bem há democracia para todos, ou não há democracia para ninguém, porque à opressão do negro condenado à dignidade de lutador da liberdade corresponde o opróbio do branco posto no papel de opressor dentro de sua própria sociedade”

Segundo os dados do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) pelo Sistema PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), os negros eram maioria na População Economicamente Ativa – PEA, nas regiões analisadas: Fortaleza (83,0%), Recife (77,7%) e Salvador (92,4%). Em São Paulo eram 38,4%, e, em Porto Alegre, ficava em apenas 13,3%. Apesar desse número expressivo, independentemente do peso relativo da população negra, a proporção de negros desempregados é sempre superior a de negros ocupados.

Constatou-se também que as formas de inserção dos trabalhadores negros ocupados ainda são marcadas pela precariedade. Mesmo com o crescimento do emprego mais formalizado, a participação relativa dos negros é maior nas ocupações nas quais prevalece a ausência da proteção previdenciária e, em geral, os direitos trabalhistas são desrespeitados.

Examinando os indicadores do mercado de trabalho, observa-se que, em alguns aspectos, as desigualdades raciais e a discriminação de gênero se cruzam e se potencializam. A situação da mulher negra evidencia essa dupla discriminação. O trabalho de negros (as) e de mulheres é menos valorizado social e economicamente.

A remuneração média de trabalhadores brancos foi 90,7% maior que a de pretos e pardos em setembro, último dado disponível, aponta estudo do economista Marcelo Paixão baseado na Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, que reúne dados sobre as seis maiores regiões metropolitanas do País. Desde o início da crise econômica global, o auge da desigualdade entre os dois grupos no mercado de trabalho tinha sido registrado em fevereiro, quando a renda dos brancos era 102% superior.


Os segmentos com menor participação do (a) trabalhador (a) negro (a) são o Aeroespacial, com 12,4%, seguido pelo Automotivo, com 23,8%. Destacando-se que as condições de trabalho nesses dois últimos são inversas aos dois primeiros: eles apresentam os maiores salários e os menores índices de rotatividade do ramo metalúrgico.

Dada a inserção em segmentos mais precários, observa-se que a remuneração média de 2014 do (a) metalúrgico (a) negro (a) é menor do que a do (a) não negro (a): aqueles recebem 71,7% da remuneração deste último.

Ao olhar essa distribuição também por gênero, as desigualdades são ampliadas. Adotando como 100% a remuneração média do homem não negro. Em 2014, a mulher não negra recebe 72,3% da remuneração do primeiro. Já o homem negro recebe 71,6% e, por último, a mulher negra recebe 50,5%, metade da remuneração do homem não negro.

Mesmo quando metalúrgicos (as) negros (as) e não negros (as) ocupam o mesmo cargo, na mesma jornada de trabalho, a diferença persiste. Das 15 maiores ocupações observadas, em todas elas a
remuneração dos (as) negros (as) é menor que a dos não negros (as). Na ocupação na qual está a maior parte dos metalúrgicos (as), Alimentadores de linha de produção, os negros recebem 74,2% da remuneração do não negro.

O Brasil Finalizou 2017:   Os trabalhadores brancos ganham salários médios 82% superiores aos rendimentos dos pretos, conforme dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)

O Brasil iniciou e encerrou 2017 com 12,3 milhões de pessoas desempregadas, sendo que a participação dos pardos foi de 54,7% (portanto, mais da metade), dos brancos de 35,6% e a dos pretos de 11%.

Já entre os brasileiros empregados no final de 2017, o contingente de ocupados era de 90,3 milhões de pessoas — 41,7 milhões que se declararam brancos (46,2%), 39,6 milhões pardos (43,9%) e 8,1 milhões de cor preta (8,9%).

"Nos negros somos hoje guaze 55% da população brasileira, mas não tem a mesma presença no mercado"
Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
fonte:www.sbt.com.br/decom.ufsm.br/.../2017/01/18/

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Contos Africanos:O coração do chacal não deve ser comido

Eles (os bosquímanos) consideram que uma criança não deva ser tímida, por isso, as
crianças não devem comer coração de chacais “, porque o chacal é muito medroso e foge de medo.

O coração do leopardo é que deve ser comido pelas crianças, pois ele não teme a nada, portanto, se uma criança torna-se covarde por causa do coração do chacal, e vai ter medo de tudo.

Portanto, nós não damos a uma criança o coração do chacal, porque sabemos que o chacal costuma para fugir, mesmo quando ainda não nos viu, apenas quando ele ouve o farfalhar de nosso pé, ele foge, mesmo quando ainda não nos avistou.

"O meu avô, Tssatssi, havia comprado um bando de cães de gappem-ttu, e ele lhe deu um cão. E ele pegou o cachorro, amarrou e levou ele embora, segurando a corda com a qual ele tinha amarrado o cachorro. Num primeiro momento, ele manteve o cão amarrado, mas
depois o soltou para farejar e ele matou alguns chacais".


Ele (meu avô) esfolou os chacais, e minha avó costurou a pele deles e as vestiu.
Ele matou depois outro chacal e um Lalandii Olocyon, ele os trouxe para casa para os esfolar.
E ele fez uma kaross (1) para gappem -ttu, um kaross de pele de chacal, enquanto ele ficou com o karossos de Otocyon, a pele do Otocyon.

E levou o kaross para gappem-ttu, o kaross de chacais, porque o gappem-ttu foi o único que
lhe deu um cachorro. Portanto, ele fez uma kaross para gappem-ttu em troca do cachorro que ganhou. Então gappem-ttu lhe deu um pote em troca do kaross. E meu avô voltou para casa.

Então, meu avô costumava agir dessa maneira, quando ele estava cozinhando um chacal, ele dizia: “Você pensa que nós comemos corações de chacais? Se fizéssemos isso seríamos covardes, portanto não comemos os corações dos chacais.

Pois, o meu avô não costumava comer o chacal, ele só o cozinhava para seus filhos.

Nota: Kaross é uma casaco feito de pele de carneiro, ou de outros animais, e que mantém o pêlo deles. Não tem mangas e é usado pelos khoikhoi e bosquímanos da África do Sul. Esses casacos pode ser substituídos por um lençol. Os chefes dessas tribos usam karosses de peles de gatos selvagens, leopardos ou caracais. A palavra pode ser empregada para designar também aqueles de pele de leopardo usados por chefes e pessoas ilustres da tribo
kaffir. Kaross é provavelmente uma palavra de origem khoikhoi, ou ainda uma adaptação do holandês kura, um cuirass. No vocabulário datado de 1673 karos é descrita como uma corruptela de uma palavra holandesa. Hoje em dia o kaross é uma lembrança comum para turista, sendo até feito de pele de vaca. O termo é comumente aplicado para designar lençóis de pele vendido como colchonete.


"Chacal dourado (Canis aureus bea), Serengeti National Park, Tanzania. Os bosquímanos não deixam crianças comer o coração de um chacal. O chacal é um animal medroso e eles acreditam que se uma criança comer o coração dele, vai se tornar uma pessoa medrosa."

Um afro abraço.
Claudia Vitalino

fonte:http://www.sacred-texts.com/afr/sbf/sbf74.htm

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Balanço Racial:2017: negros e jovens são as maiores vítimas

"Negro e jovem sem estudo são maiores vítimas de violência"

O Atlas da Violência 2017, lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública nesta segunda-feira 5, revela que homens, jovens, negros e de
baixa escolaridade são as principais vítimas de mortes violentas no País. A população negra corresponde a maioria (78,9%) dos 10% dos indivíduos com mais chances de serem vítimas de homicídios. 

Atualmente, de cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras.
De acordo com informações do Atlas, os negros possuem chances 23,5% maiores de serem assassinados em relação a brasileiros de outras raças, já descontado o efeito da idade, escolaridade, do sexo, estado civil e bairro de residência.

“Jovens e negros do sexo masculino continuam sendo assassinados todos os anos como se vivessem em situação de guerra”, compara o estudo.

Outro dado revela a persistência da relação entre o recorte racial e a violência no Brasil. Enquanto a mortalidade de não-negras (brancas, amarelas e indígenas) caiu 7,4% entre 2005 e 2015, entre as mulheres negras o índice subiu 22%. 

O Atlas da Violência 2017, que analisou a evolução dos homicídios no Brasil entre 2005 e 2015 a partir de dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, mostra ainda que aconteceram 59.080 homicídios no país, em 2015. Quase uma década atrás, em 2007, a taxa foi cerca de 48 mil. 

Este aumento de 48 mil para quase 60 mil mostra uma naturalização do fenômeno por parte do poder público. Daniel Cerqueira, coordenador de pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, explica que a naturalização dos homicídios se dá por processo históricos e econômicos de desigualdade no país, “que fazem com que a sociedade não se identifique com a parcela que mais sofre com esses assassinatos”, afirma.

Entre os estados, o de São Paulo foi o que apresentou a maior redução, 44,3%. Já no Rio Grande do Norte, a violência explodiu com um aumento de 232%. 

Mulheres- Em 2015, cerca de 385 mulheres foram assassinadas por dia. A porcentagem de homicídio
de mulheres cresceu 7,5% entre 2005 e 2015, em todo o País.

O assassinato de mulheres em contextos marcados pela desigualdade de gênero recebeu uma designação própria: feminicídio. No Brasil, é também um crime hediondo. Nomear e definir o problema é um passo importante, mas para coibir os assassinatos femininos é fundamental conhecer suas características e, assim, implementar ações efetivas de prevenção.

As regiões de Roraima, Goiás e Mato Grosso lideram a lista de estados com maiores taxas de homicídios de mulheres. Já São Paulo, Santa Catarina e Distrito Federal, ostentam as menores taxas. No Maranhão, houve um aumento de 124% na taxa de feminicídios. 

Segundo o Atlas, em inúmeros casos, as mulheres são vítimas de outras violências de gênero, além do homicídio. A Lei Maria da Penha categoriza essas violências como psicológica, patrimonial, física ou sexual.

Feminicídio:  É a expressão fatal das diversas violências que podem atingir as mulheres em sociedades marcadas pela desigualdade de poder entre os gêneros masculino e feminino e por construções históricas, culturais, econômicas, políticas e sociais discriminatórias.

A Lei do Feminicídio, aprovada há dois anos, foi importante para dar mais visibilidade aos assassinatos de mulheres. As informações do número de feminicídios, porém, ainda não aparecem na base de dados do SIM, constando como homicídio de mulheres.

Segundo dossiê realizado pelo Instituto Patrícia Galvão, o feminicídio corresponde à última instância de poder da mulher pelo homem, configurando-se como um controle “da vida e da morte”.

Cerqueira entende que esta e outras categorizações de assassinatos, como o feminicídio, são importantes pois “desnudam o enredo por trás das mortes”. O Brasil ocupa a quinta posição em número de feminicídios num ranking de 83 países. 

“A criação de políticas públicas passa pelos dados angariados através dessas categorizações”,
afirmando que, para combater esses assassinatos, o Estado não deve apenas se concentrar em aumentar o número de policiais nas ruas. 


Muitos dos autointitulados ''cidadãos de bem'' desejam que a faxina social seja rápida, para garantir tranquilidade, e não faça muito barulho. Porque, pasmem, ele tem horror a cenas de violência.

Genocídio - Geralmente é definido como o assassinato deliberado de pessoas motivado por diferenças étnicas, nacionais, raciais, religiosas e, por vezes, sócio-políticas (ver: engenharia social). O objetivo final do genocídio é o extermínio de todos os indivíduos integrantes de um mesmo grupo humano específico.

Jovens -O Atlas mostra também que o assassinato de jovens do sexo masculino entre 15 e 29 anos corresponde a 47,85% do total de óbitos registrados no período estudado. Nessa mesma faixa etária, em Alagoas, foram 233 mortes para cada 100 mil homens. Em Sergipe, 230 homens para 100 mil.

Quando se trata de jovens negros, esta taxa aumenta. "Os negros tem 23,5% mais chances de serem vítimas de homicídios vivendo nas mesmas condições", disse o pesquisador do Ipea Daniel Cerqueira, citando sexo, idade, estado civil, escolaridade e bairro de residência. Enquanto há redução de homicídios entre a população branca, entre negros está aumentando há pelo menos 20 anos. "Estes dados mostram o quanto a violência é seletiva", afirmou durante a apresentação do Atlas da Violência.

Embora registre 197,4 casos por 100 mil habitantes, Rio Grande do Norte foi o estado que apresentou maior aumento na taxa de homicídios de homens nesta faixa etária, 313,8 %, no período entre 2005 e 2015.

Autos de resistência -Na avaliação da pesquisadora da Universidade de Brasília Kelly Quirino, a redução da violência contra jovens negros passa pela mudança da política de combate às drogas, pelo desarmamento da polícia e por medidas que coíbam o abuso das forças de segurança, como o fim dos chamados autos de resistência, um recurso que pode ser usado por agentes para justificar o assassinato de uma pessoa como um ato de legítima defesa e de força necessária frente a suposto enfrentamento a uma determinada ação.

“Você tem as duas problemáticas: a polícia se utilizando de um ato administrativo para justificar as mortes e o próprio Judiciário, que não investiga homicídios comuns e não apura crimes cometidos pelo policial porque os autos de resistência são arquivados mesmo dentro da polícia”, argumenta a pesquisadora.

O assassinato de negros, no entanto, é disseminado em todo o país.O Atlas destaca que em todas as Unidades da Federação, com exceção do Paraná, os negros com idade entre 12 e 29 anos apresentavam mais risco de exposição à violência que os brancos na mesma faixa etária. Em 2012, o 
risco relativo de um jovem negro ser vítima de homicídio era 2,6 vezes maior do que um jovem branco.

O tema motivou um projeto de lei (PL 4.471/2012), de autoria do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que dificulta o uso desse recurso e deixa mais rígida a investigação de casos de mortes envolvendo
policiais. A proposta é uma das matérias incluídas na pauta do plenário da Câmara nesta semana no chamado pacote da segurança pública.

Segundo o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública acrescentou ao indicador de violência de jovens um indicador de desigualdade racial.


Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte: www.redebrasilatual.com.br/IPEA\imagens net

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Fank: Diáspora negra nas favelas

Renovadas política e sonoramente com as invenções do disco long-play e de toda uma complexidade tecnológica, as culturas negras transformam-se em hip-hop em solo estadunidense e se espalham criativamente pelo mundo, inclusive no Brasil. Por canais informais de comunicação, o hip-hop é desvinculado do seu local de origem histórica chegando em diferentes territórios do globo com realidades parecidas. Locais que possuem como pano de fundo experiências urbanas marcadas por formas similares, mas não idênticas, de racismo, pobreza e segregação espacial.


Foi na década de 70 que surgiu aqui no  subúrbios e nas favelas da cidade do Rio de Janeiro- O hip-hop da Flórida recebe o nome de funk. Logo nos primeiros dez anos de existência, essa prática musical deixa de ser uma simples imitação ou reprodução da forma e estilo que haviam sido afetuosamente tomados de empréstimo dos negros de outros locais para se transformar num ritmo que conjuga a estética do hip-hop às práticas negras das favelas cariocas. No funk encontramos várias performances que evidenciam essa mescla: a fala cantada do rapper, muitas vezes, carrega a energia dos puxadores de escola de samba, as habilidades do corpo do break são acentuadas com o rebolado e a sensualidade do samba e o sampler vira batida de um tambor ou atabaque eletrônico.

Fank é cultura negra- O funk é criativo e estratégico, mas é também vulnerável. As forças da mercantilização penetram diretamente nas suas formas de expressão, classificando e homogeneizando a sua musicalidade, oralidade e performance. Reifica-se, desse modo, os binarismos dos padrões culturais ocidentais: autêntico versus cópia, alto versus baixo, resistência versus cooptação, etc.

"O funk entra na classificação dicotômica que, mais do que revelar uma qualidade intrínseca à produção cultural, serve para mapear as performances culturais negras dentro de uma perspectiva burguesa, na qual a alteridade é posta em seu devido lugar, ou seja, é constituída sempre pelo adjetivo que carrega o traço negativo desses binarismos hierárquicos".

Mas o funk é contraditório e tira proveito até mesmo dos estereótipos e de tudo aquilo que se acumula como "lixo" e "vulgar" na cultura moderna. Uma breve análise de sua curta existência no Brasil mostra dois aspectos importantes. Primeiro, o funk evidencia como a juventude negra e favelada reinventa-se criativamente com os escassos recursos disponíveis, subvertendo, muitas vezes, as representações que
insistem em situá-la como baixa e perigosa. Além disso, a crítica ao funk escancara a maneira pela qual a sociedade brasileira renova seu racismo e preconceito de classe camuflados pelo retórica ocidental do "bom gosto estético."

Os argumentos que fazem do funk hoje um ritmo maldito, que ofende ouvidos mais sensíveis educados na tradição das casas-grandes 
 Por um lado, temos a ideia, muito difundida, sobretudo pelos defensores de um certo nacionalismo cultural, que se percebe como de esquerda, de que o funk seria um ritmo alienígena, importado, a refletir a alienação e a barbárie das classes subalternas, particularmente na sua versão lúmpen. Nesta perspectiva, o funk seria produto de uma série de faltas: falta de educação, de consciência política ou de classe, de gosto, de bom senso e mesmo de moral (a deles ou a nossa?, teríamos de perguntar).

É evidente que se trata de uma expressão cultural majoritariamente masculina. Mas o funk é a maior e mais potente voz das periferias do Brasil e não seria diferente para as mulheres. Empoderador, o ritmo de batida solta faz as mulheres periféricas serem ouvidas, terem lugar de fala e representatividade.

Outro argumento, mais explicitamente racista e descaradamente preconceituoso com os "de baixo", vai dizer que o funk é música de bandido, incita à violência, corrompe menores, aumenta o uso de drogas e utiliza mais uma série de afirmações moralistas para defender seu puro e simples banimento. "O funk é caso de polícia" e ponto final. Na impossibilidade de exterminar os que fazem, escutam e se identificam com o funk ? afinal, quem limparia as casas, faria as comidas, engraxaria os sapatos, cuidaria dos filhos das classes dominantes ? procura-se censurar e mesmo liquidar suas formas de lazer, de sociabilidade, pois despersonalizar o inimigo, sobretudo quando este é oprimido por uma sociedade que se ergue sobre suas costas, com a força de seu trabalho, é primordial para garantir sua submissão. Sob o argumento da ordem, de uma inventada necessidade de ordenamento urbano, o funk é interditado como agente do caos, sobretudo como expressão musical da violência armada existente nas favelas.

A presença das mulheres no funk nos dias de hoje verificamos que  ainda é misógino e machista, tanto pelas letras retratadas como pela forma que as mulheres são tratadas.
É evidente que não temos o cenário atual como desejado, mas vemos uma luz no fim do túnel quanto à representatividade de varias representantes de peso e responsa e  obtendo respeito e visibilidade, é que se rompe barreiras e as pessoas constroem...

É importante ressaltar o preconceito que existe na sociedade com o funk, o rechaçamento desse som pelas classes econômicas mais altas, que não percebem que é um ritmo percursor de discussões sociais.

Na caminhada para encontrar a batida perfeita, encontramos muitas Mc’s empoderadas e que não aceitam mais as músicas atuais que as colocam em posição inferior ao homem.A perseguição aos ritmos negros não é uma novidade histórica entre nós. Mesmo o samba, hoje largamente aceito e incorporado à cultura oficial,
foi acusado de incivilizado e ameaçador, sofrendo perseguições policiais, preocupando os defensores da ordem pública. No entanto, o samba integrou-se à chamada cultura brasileira num momento em que as elites nacionais ainda tinham projeto de nação, impossível de se concretizar sem se levar em conta, ainda que de forma subalternizada e domesticada, o povo e as suas manifestações negras. Como uma forma de incluir hierarquizando, cria-se o mito da democracia racial.

Historia:  O funk surge como expressão cultural popular em outro momento histórico, o da devastação neoliberal, onde a incorporação da classe trabalhadora ao mercado via emprego e as ilusões da democracia racial são jogadas água abaixo. Sem nada a oferecer como miragem aos subalternizados, a sociedade de mercado transforma a maioria da humanidade em potenciais inimigos, em seres humanos supérfluos que nem mesmo como exército de reserva de mão-de-obra servem para ela. Nesse contexto, ainda mais numa sociedade profundamente desigual como a nossa, conter as classes subalternizadas se torna agenda prioritária dos governos, seja através da institucionalização do extermínio, seja por meio da criminalização cotidiana dos pobres e suas expressões culturais.

Se liga :Movimento, mistura são metáforas que dão vida ao sentido poético da cultura negra contemporânea. Fundamental na constituição do mundo moderno ocidental, mas situada com toda violência a sua margem, essa cultura tem origem híbrida nas viagens de antigos navios. Música, dança e estilo são as marcas dessa cultura que desafia as fronteiras dos estados nação com seus padrões de ética e estética. Disseminação é a forma de sua trajetória.
Diaspório é o estilo de sua identidade, que só pode ser entendida no plural de uma luta de classista,  identitária e politica.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

fonte:youtube\http://www.cultura.rj.gov.br/youtube-  IZA - Pesadão (Participação especial Marcelo Falcão)

Uma lenda de Moçambique:O Homem e a Filha

Feminismo, Negralismo
Era uma vez um casal que teve uma filha. A mulher morreu pouco depois do parto e a

criança foi criada pelo pai. Quando a menina cresceu, o pai anunciou-lhe:
__ Minha filha, quero casar contigo!
Mas a menina respondeu:
__ Isso não é bom. Seremos descobertos pelos outros, pois no mundo não há segredos!
__ Sempre quero ver se no mundo não há segredos, disse o pai.
Foi buscar arroz, vazou duas medidas numa panela e cozinhou-o. Em seguida, levou a panela para o mato e enterrou-a. Ninguém sabia que ele tinha enterrado no mato uma panela cheia de arroz a não ser ele próprio e a filha.
Tempos mais tarde, apareceram homens com redes para caçar no mato. Eles não sabiam que no local onde caçavam, debaixo de uma árvore, estava enterrada uma panela cheia de arroz. Descobriram, admirados, que formigas brancas saídas da terra junto daquela árvore, transportavam grão de arroz.
De imediato cavaram o buraco e encontraram uma panela cheia de arroz cozido.

A filha, então, voltou-se para o pai:
__ Está a ver papá? Eu não lhe disse que o mundo não tem segredos?!

Conclusão: No mundo não há segredos, a filha bem o sabia!

fonte:-Contos populares moçambicanos,http://www.terravista.pt/Bilene/4619/Conto2.html)

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

1º de janeiro — Dia Mundial da Paz

O Dia Mundial da Paz é celebrado todos os anos na data de 1º de janeiro, tendo sido uma criação vinculada ao catolicismo. No ano de 1967, o então Papa Paulo VI proclamou uma mensagem na qual foi estabelecida essa data comemorativa, com o objetivo de promover o sentimento da paz pelo mundo, então
marcado pela Guerra Fria e pela instabilidade bélica.

É importante não confundir o Dia Mundial da Paz com o Dia Internacional da Paz, esse último estabelecido pela ONU e celebrado no dia 21 de setembro, dia em que a Assembleia Geral da Organização iniciou suas atividades no ano de 1981. Trata-se, portanto, de duas datas distintas em torno de um mesmo tema.

Por ser uma data religiosa vinculada à Igreja Católica, todos os anos o Vaticano realiza uma cerimônia oficial sobre a data, havendo sempre um novo tema para o Dia Mundial da Paz escolhido pelo próprio Papa. No ano de 2014, por exemplo, o tema foi a fraternidade; em 2015, por sua vez, o tema escolhido foi o combate ao trabalho escravo.
Se liga:
A proposta de dedicar à Paz o primeiro dia do novo ano não tem a pretensão de ser qualificada como exclusivamente religiosa ou católica. Antes, seria para desejar que ela encontrasse a adesão de todos os verdadeiros amigos da Paz, como se se tratasse de uma iniciativa sua própria; que ela se exprimisse livremente, por todos aqueles modos que mais estivessem a caráter e mais de acordo com a índole particular de quantos avaliam bem, como é bela e importante ao mesmo tempo, a consonância de todas as vozes do mundo, consonância na harmonia, feita da variedade da humanidade moderna, no exaltar este bem primário que é a Paz
É importante, nesse contexto, reiterar que a paz é um conceito muito amplo e polissêmico. No caso do Dia Mundial da Paz, celebra-se não tão somente a busca pela paz relacionada com a quietude e a ausência de conflitos, mas também a paz que mude a realidade de muitas pessoas que sofrem com as desigualdades, a violência, a fome e a miséria. Desse modo, a paz, em alguns sentidos, pode representar uma transformação social que vise à inclusão universal das pessoas.
"Todos os dias a paz deveria ser celebrada. No entanto, a paz é comemorada em dois dias no ano".
Sendo assim, a luta pela paz no mundo atual ainda é muito árdua e difícil. Além dos vários conflitos étnicos, territoriais e de outras ordens pelo mundo – com destaque para os frequentes confrontos entre judeus e palestinos no Oriente Médio –, há também a ampla necessidade de se combater a miséria, as epidemias e a fome em várias partes do globo terrestre. Dados divulgados pela ONU, por exemplo, revelam que 1,2 bilhão de pessoas vive abaixo da linha da pobreza, ou seja, vive com menos de 1,25 dólar por dia.

O dia 21 de setembro é considerado o Dia Internacional da Paz. Em 1981, as nações foram convidadas a celebrar a paz nesse dia por ser o dia em que são iniciados os trabalhos na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Esse dia é conhecido como um dia de cessar-fogo e de não violência em todo o mundo.

Em algumas partes do mundo, há a percepção de que as principais ameaças à paz e à segurança são as novas e potencialmente mais virulentas formas de terrorismo, a proliferação das armas não convencionais, a difusão de redes criminosas internacionais e as maneiras como todos estes problemas se juntam e reforçam mutuamente. Mas, para muitos outros habitantes do nosso planeta, a pobreza, a doença, a privação e a guerra civil continuam a ser as grandes prioridades...

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
fonte:http://www.nossosaopaulo.com.br/Reg_SP/Barra_Escolha.

domingo, 24 de dezembro de 2017

Um história de Natal ...

A comemoração do Natal se iniciou ente os romanos antigos.
A festa pagã ainda ocorria paralelamente com o Natal até se propagar totalmente pelo mundo e o Ocidente proclamar de NATAL.

"A primeira vez que se teve algum indício da comemoração do natal foi em 25 de dezembro do ano de 354 D.C., no qual ocorreu em Roma uma festa em celebração ao nascimento do menino Jesus."

A celebração é pelo solstício de inverno ? a partir daquele dia, as noites seriam cada vez mais curtas e os dias, mais duradouros. Breve, chegaria o verão novamente e os dias frios de escassez, tidos como obra de bruxas e espíritos ruins, ficariam para trás. Qualquer semelhança da Festa do Sol Invicto com o Natal religioso não é mera coincidência.

As celebrações em torno do Sol eram praticadas já muito antes que o cristianismo fosse a religião dominante. Até então, as festas mais importantes dos cristãos se davam em torno do

martírio e da morte de Jesus. Mesmo os calendários de judeus e pagãos não coincidiam. Os
cristãos guiavam-se pela lua – por isso a Páscoa é, por definição, no primeiro domingo após a lua cheia do equinócio vernal – e os pagãos, pelo Sol, com dias fixos, como se usa atualmente. O cristianismo crescia em Roma um tanto à parte dessa coisa toda. Até que, no século 3, percebeu a importância das festas dos solstícios ? de inverno e de verão – para os romanos e o quão difícil seria proibi-las à revelia.A Festa do Sol Invicto continuaria, exceto que o homenageado seria outro: a Igreja decidiu que Jesus teria nascido no dia 25 de dezembro ? embora não exista nenhum registro sobre isso ? e, daí por diante, a festança toda seria ao aniversariante. “O que os cristãos fizeram, na verdade, foi dizer para os pagãos: ‘Olha, essa festa aí que vocês comemoram não tem nada de Sol. É pelo nascimento de Jesus’. E assim nasceu o Natal”, resume o historiador Pedro Funari, da Unicamp. “E daí associaram o Sol à luz, por sua vez associado a Jesus”, continua o especialista. O outro solstício, o de verão, virou o que hoje é nossa festa junina, que aqui, na verdade, é no inverno. As fogueiras, aliás, eram originalmente uma celebração ao clima quente de verão.

Ninguém sabe ao certo a data de nascimento de Jesus, porém, essa data foi escolhida
devido à existir uma comemoração pagã nessa mesma data que homenageava o Deus persa MITRA que representa a luz (Deus Solar), no qual ocorriam celebrações que eram reprovadas pelos Cristãos.



Tradições Natalinas
Não seria mentira dizer que a árvore de Natal é o novo presépio. A montagem, que representa a noite do nascimento de Jesus, é tida como a primeira tradição verdadeiramente católica de Natal, em um tempo em que velhinhos gorduchos e árvores enfeitadas não contavam com a importância que têm hoje nas festividades natalinas. Segundo conta o historiador da Universidade de Brasília Jaime de Almeida, cujo tema da tese de doutorado foi festas tradicionais, a história de como a miniatura – algumas vezes nem tão pequena assim – virou símbolo da celebração remonta à Itália Medieval, lá pelo século 13. Foi nessa época que São Francisco, quando atuava em Assis, juntou animais, reis magos, Maria, José e Jesus na mesma cena. “O presépio de São Francisco de Assis passava uma ideia mais humana de cristianismo. Foi uma maneira de ajudar a aproximar os fiéis, principalmente os analfabetos, que eram boa parte da população”, pontua Jaime de Almeida.

O PAPAI NOEL -O século é 4 depois de Cristo e a cidade é Myra, onde hoje fica a Turquia. Vem daí, e não da Lapônia, a história contada pela Igreja para justificar a existência do velhinho gorducho que distribui presentes às crianças comportadas.

A CEIA -A história da comilança na véspera de Natal é dos mistérios natalinos para os quais
os livros de História não apontam muito bem a origem. Alguns acreditam que tenha viajado gerações pelos séculos desde os primórdios das comemorações, quando a festa do dia 25 de dezembro era em homenagem ao Sol e o banquete à meia-noite, oferecido ao deus da agricultura para que a colheita fosse próspera no verão que aproximava.

O CARTÃO -Desejar feliz Natal e um próspero ano-novo é uma tradição milenar. Não porque o Natal também o é, mas porque em 1843 o artista inglês John Calcott Horsley recebeu uma encomenda que, mal sabia ele, o tornaria imortal entre as tradições de Natal. Naquele ano Sir
Henry Cole não teria tempo de escrever aos amigos durante a época festiva, como fazia todos os anos. Terceirizou a tarefa e Horsley ficou encarregado. 

A ÁRVORE -Geralmente é ela quem dá a largada na temporada de Natal. Quando as vitrines começam a exibi-la junto às ofertas e os shoppings montam suas versões gigantescas, é hora de planejar as compras natalinas e tirar as caixas de enfeites do maleiro. Embora originalmente não tenha significado religioso, o pinheiro de Natal subiu na vida, ganhou status de protagonista natalino, somou novos e divertidos penduricalhos às já antigas e tradicionais bolas. 

A FOLIA DE REIS -A bagunça da Folia de Reis, em 6 de janeiro, não tem origem brasileira, mas ganhou status de festa folclórica por aqui. A farra popular, na data fixada pela Igreja como o dia em que os três reis magos -Melchior, Baltasar e Gaspar – teriam visitado Jesus após seu nascimento, foi, na verdade, importada de Portugal provavelmente ainda nos nossos tempos de colônia. E se aqui é o dia de começar a despedir-se dos enfeites natalinos, em muitos países essa é a hora de trocar presentes – em alusão a mirra, ouro e incenso que teriam sido presenteados pelos reis ao menino recém-nascido.

Nesta parte do texto, um retrato da sociedade-“As festas do Natal e da Páscoa, sempre favorecidas no Brasil por um tempo magnífico, constituem épocas de divertimentos tanto mais generalizados quanto provocam mais de uma semana de interrupção no trabalho das administrações e nos negócios do comércio; o descanso é igualmente aproveitado pela classe média e pela classe alta, isto é, a dos diretores de repartições e dos ricos negociantes, todos proprietários rurais e interessados, portanto, em fazer essa excursão em visita às suas usinas de açúcar ou plantações de café a sete ou oito léguas da capital.

Quanto aos artífices, reunidos na casa de seus parentes ou amigos, proprietários de sítios vizinhos da cidade, aproveitam essas festas para gozar em liberdade os prazeres que essas

curtas e pouco dispendiosas excursões lhes permitem. Basta-lhes com efeito mandar levar sua esteira e sua roupa pelo seu escravo. À noite, à hora de dormir, as esteiras desenroladas no chão, cada qual com seu pequeno travesseiro, formam leitos de emergência distribuídos pelas três ou quatro salas do rés-do-chão, que constituem uma residência desse tipo. No dia seguinte, ao romper do dia, ergue-se o acampamento e os mais ativos se separam para ir passear ou banhar-se nos pequenos rios que descem das montanhas vizinhas. O exercício da manhã abre o apetite; volta-se para almoçar, mas inventam-se divertimentos mais tranquilos para o momento do sol forte até uma hora da tarde quando se janta. De quatro às sete dorme-se e, depois da Ave-Maria dança-se durante toda a noite ao som do violão. Deliciosos momentos de fresca, empregados pelos velhos na narrativa de suas aventuras do passado e pelos moços em dar origem a alguns episódios felizes, cuja recordação encantará um dia a sua velhice.

Este ligeiro esboço dá entretanto apenas uma pobre ideia das brilhantes recepções realizadas na mesma época nas imensas propriedades dos ricos que, por vaidade, reúnem numerosa sociedade, tendo o cuidado de convidar poetas sempre dispostos a improvisar lindas quadrinhas e músicos encarregados de deleitar as senhoras com suas modinhazinhas. Os donos da casa também escolhem, por sua vez, alguns amigos distintos, conselheiros acatados do proprietário na exploração da fazenda que visitam demoradamente com ele, ao passo que, ao contrário, os jovens convidados, ágeis e turbulentos, entregam-se a essa louca alegria sempre tolerada no interior. Aí todos os dias começam, para os homens, com uma caçada, uma pescaria ou um passeio a cavalo; as

mulheres ocupam-se de sua toilette para o almoço das dez horas. À uma hora todos se reúnem e se põem à mesa; depois de saborear, durante quatro a cinco horas, com vinhos do Porto, Madeira ou Tenerife, as diferentes espécies de aves, caça, peixes e répteis da região, passam aos vinhos mais finos da Europa. Então o champanha estimula o poeta, anima o músico, e os prazeres da mesa confundem-se com os do espírito, através do perfume do café e dos licores. A reunião prossegue em torno das mesas de jogo; à meia noite serve-se o chá, depois do qual cada um se retira para o seu aposento, onde não é raro deparar com móveis, perfeitamente conservados, de fins do século de Luiz XIV.

No dia seguinte, para variar, vai-se visitar um amigo numa propriedade mais afastada; tais cortesias aumentam ainda os prazeres dessa semana que sempre parece curta demais. Alguns amigos íntimos, que dispõem de seu tempo, ficam com a dona da casa, cuja estada
se prolonga durante mais seis semanas ainda, em geral, depois do que todos tornam a encontrar-se na cidade.”



- "É na época de Natal, quando os encontros e os questionamentos sobre os valores da vida vêm à tona, que os sentimentos mais puros e as emoções tomam conta de cada um. A época é de reflexão, promessas, renovação e esperança".

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

fontes: Gerry Bowler, professor da Universidade de Manitoba e autor de Santa Claus: A Biography, os historiadores Pedro Funari, da Unicamp, e Jaime Almeida, da UnB, o site History.com, e Mary Beard, professora da Universidade de Cambridge e autora de Religions of Rome: A History

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